Somos escravos dos nossos hábitos. A sua vida não é uma constante repetição de procedimentos padronizados?
De onde vêm os seus hábitos? Da sua infância, do modo como você foi criado, do meio em que você vive, da mídia, de várias fontes. De você mesmo, muito pouco; quase nada. Em algum momento da sua vida você aprendeu alguma coisa, por obrigação ou por vontade própria, e passou a exercer esse aprendizado no seu dia-a-dia. Hoje você nem sequer questiona sobre esse aprendizado. Estou errado?
A maioria dos seus hábitos foi imposta a você. Isso não quer dizer que você não seja responsável pelos seus hábitos.
Pode ser que você não tenha tido escolha sobre o quê fazer. Em algum momento da vida, por exemplo, todos nós precisamos estudar e trabalhar. Mas todos nós podemos escolher como fazer. Essa escolha de como fazer as coisas que fazemos é determinada pelo nosso padrão de pensamentos.
Você é aquilo que você pensa. E os seus pensamentos são hábitos. Você pode não perceber que é o pensamento que constrói a sua vida, você pode não perceber que é a partir do pensamento que se cria, que se faz, que se desenvolve. Por que parece tão difícil vigiar os pensamentos? Controlamos o pensamento por alguns instantes e no momento seguinte já perdemos esse controle e voltamos às ideias fixas, muitas vezes negativas.
Isso também é hábito. Somos escravos dos nossos hábitos. A sua vida não é uma constante repetição de procedimentos padronizados? Observe o seu dia desde o momento em que você acorda até a hora de dormir. O seu dia é uma sucessão de hábitos. Escovar os dentes, tomar café, trocar de roupa, trabalhar, estudar, almoçar, ir ao banheiro, jantar, televisão, internet. É raro fazermos coisas que fujam ao nosso padrão de comportamento, ao nosso hábito.
Tem aquelas coisas que você considera como exceções. Se você analisar com cuidado, essas exceções provavelmente não passam de hábitos que são praticados mais espaçadamente, são hábitos especiais.
Seu comportamento, suas atitudes, seu modo de pensar, tudo isso são hábitos. Os animais são guiados pelo instinto. Nós temos livre arbítrio, temos consciência, temos escolhas. Nós temos anseios e ideais, nós queremos ser melhores, nós buscamos a reforma íntima. Mas, assim como os animais são guiados pelo instinto, nós somos guiados pelos nossos hábitos.
A cada reencarnação procuramos nos disciplinar mais. No universo tudo é harmonia, tudo é disciplina. Mas adquirir disciplina, pelo menos aqui na Terra, também é questão de hábito. Os vícios e as virtudes são hábitos. Quem fuma é escravo de um vício, que é um mau hábito. Quem é solícito é escravo de uma virtude, que é um bom hábito.
Se você concorda comigo que somos escravos de nossos hábitos, talvez concorde, também, que se quisermos crescer nesta vida precisamos urgentemente adquirir bons hábitos. Concorda?
O espiritismo explica que a reforma íntima deve partir de dentro pra fora. Por isso se diz reforma íntima, é algo que deve nascer do nosso íntimo. Só que não podemos confundir conceitos e esperar que o nosso íntimo fique bonzinho de repente e passe a comandar nossas novas atitudes e posturas.
A reforma é íntima porque é do seu íntimo que nasce a vontade firme e forte de ser melhor. É o seu íntimo quem determina, é do seu íntimo que parte esse anseio. Mas nós só vamos aprender a colocar esses anseios de reforma em prática se modificarmos nossos hábitos. Não espere seu pensamento se purificar. Não espere receber uma iluminação. Não espere ficar bom para mudar seus hábitos.
Se esperarmos uma sensível mudança interna para só depois modificarmos nossos hábitos, é possível que nesta reencarnação não dê tempo de fazer nada de novo, nada que fuja aos nossos hábitos atuais.
Se somos escravos dos hábitos, que tenhamos hábitos melhores. Sempre vai haver quem diga que dar valor aos hábitos exteriores é hipocrisia, que os fariseus já faziam isso no tempo de Jesus. Realmente, os fariseus valorizavam as exterioridades, as aparências, e se descuidavam do íntimo. Não proponho imitar os fariseus. Mas para ser melhor que os fariseus é preciso ser bom por dentro e por fora. De nada valem pensamentos nobres e boas intenções se o comportamento não é condizente com esses pensamentos e intenções.