Perguntas dos leitores, Temas abordados

Separação, divórcio – Uma visão espírita

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Morel Felipe Wilkon

Ofereço uma visão espírita sobre a separação ou o divórcio. O tema foi tratado por Allan Kardec no capítulo XXII do Evangelho segundo o Espiritismo, que você pode ler clicando no link em azul. Aqui respondo ao questionamento da leitora Marcia sobre a separação motivada pelo interesse em outra pessoa.

Morel,

Gostei muito do texto e gostei ainda mais de suas respostas a todos os comentários.

No entanto, tenho uma pergunta, uma questão que não consigo entender.

Em relação a essas pessoas que são casadas e estão ligadas ou apaixonadas por outra pessoa… Não é possível estar casado com a pessoa errada e na verdade a outra pessoa, que você sonha, que tanto lhe faz querer deixar esse casamento, não é de fato a pessoa certa pra você? Por que em todas as suas respostas você diz que o fim do casamento trará dor para todos os envolvidos, e aconselha a pessoa a continuar casada e trazendo a dor para si mesma? Ou ainda insinuando que talvez seja por isso mesmo que aquela pessoa esteja passando por isso, porque talvez foram amantes no passado e agora têm que aprender a resistir a essa situação… Por que não pode ser ao contrário? Por que o marido não é a pessoa errada pra você e você deve seguir os seus instintos?

Por favor, NÃO estou contrariando NADA do que você explicou… Estou querendo apenas entender mais sobre o assunto… Sou espírita, quero me aprofundar mais, procuro estar sempre aprendendo algo novo.

Obrigada!

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Uma visão espírita sobre a separação

– Marcia, atraímos e somos atraídos irresistivelmente por pessoas com quem tenhamos laços significativos. Amor e ódio ligam os espíritos através dos séculos, às vezes milênios. Essas ligações podem ser interrompidas quando o sentimento de amor é elevado, e cada um pode continuar a sua escalada evolutiva individual, sem se enredar no apego; ou podem ser sanadas ou terminadas quando há o perdão ou o entendimento entre os contendores. A palavra perdoar, no sentido que nos é trazido nos Evangelhos, tem justamente este significado: desligar.

Então, se é verdade que podemos ser atraídos por pessoas “certas”, como quem nos afinizamos, também é verdade, e muito mais comum em nosso estágio evolutivo, que somos atraídos por espíritos que reencarnam próximos de nós para que nos reajustemos uns com os outros.

A maior causa das obsessões crônicas são os problemas amorosos: traições, abandono, rejeição, assassinatos passionais.

Não podemos subir um degrau evolutivo sem superar a prova equivalente ao degrau em que estamos. Se esta prova é um relacionamento difícil, não podemos simplesmente fugir dela. Isso é adiar essa prova para um futuro provavelmente com circunstâncias mais difíceis.

Somos responsáveis pelos nossos afetos e pelos compromissos que firmamos. O abandono destes compromissos acarreta, inevitavelmente, “carma” entre as pessoas envolvidas. Quando o casamento envolve filhos, são mais espíritos envolvidos, quase sempre obedecendo a um planejamento da espiritualidade maior que cuidou para que tivéssemos oportunidade de nos reunirmos sob o mesmo teto na tentativa de rearmonização. Numa mesma família se reencontram inimigos ferrenhos, rivais de muitas existências, cúmplices de crimes praticados contra outros membros da família. A família é o laboratório espiritual na Terra.

Nosso entendimento ainda é primário, somos crianças espirituais. Se uma criança, no caminho da escola, for convidada a dar um passeio em boa companhia – matar aula – em vez de ir à escola, ela muito provavelmente achará isso bem mais interessante do que ficar sentada aprendendo coisas que não são do seu interesse imediato. Mas a aula que ela está perdendo lhe fará falta; o que ela precisa hoje, na sua idade, é estudar, e isso pressupõe a presença obrigatória em sala de aula.

Por isso é importante tentar até onde for possível.

As pessoas que encontramos fora do casamento podem nos parecer muito interessantes unicamente pelo fato de estarmos entediados, desgostosos ou decepcionados com o casamento. Quando estamos carentes não precisa muito para despertar uma paixão, que é facilmente confundida com um grande amor.

Podemos encontrar, realmente, alguém com quem tenhamos laços de amor. Mas isso não nos dá o direito de abandonarmos a pessoa com quem estamos compromissados. Podemos fazer isso, é claro. Mas cientes de que estamos agravando uma situação de conflito com a pessoa que abandonamos, talvez gerando uma inimizade, muitas vezes inviabilizando o convívio harmonioso entre pais e filhos.

Cada pessoa sabe de si – ou deveria saber – e cada um deve saber até que ponto é possível manter um relacionamento conjugal. Não se pode estimular a troca de parceiros. Nosso aprendizado requer esforço. E este esforço, em se referindo aos relacionamentos, é um exercício constante de paciência, tolerância, compreensão e aceitação de novos pontos de vista. Achar que temos condições de “seguir o que diz o coração” é superestimar a capacidade humana atual, em que nos deixamos levar por paixões, desejos e atração física.

Todos têm o direito de novas chances, de tentar de novo, afinal, ninguém nasce pra sofrer. Mas há que se pesar com muito cuidado os prós e contras. E dificilmente alguém que esteja apaixonado consegue ser imparcial. Mente para si mesmo exagerando os defeitos do seu cônjuge atual porque está entusiasmado com as qualidades irreais que a sua paixão atribui à pessoa por quem se apaixonou.

Se quiser ler o artigo que gerou os comentários e respostas a que se referiu a Marcia, clique aqui:

Espiritismo e relações amorosas

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