Artigo publicado originalmente em 12/09/2012
Tudo o que você sente é só você que sente. Parece óbvio, né? Mas nem sempre nos damos conta disso. Quando você tem uma reação qualquer, a emoção é vivenciada por você. Numa situação em que você fica aborrecido ou decepcionado com alguém, é você quem está sofrendo. É você quem fica se corroendo de raiva, ou mágoa, ou tristeza. É preciso aceitar a vida.
A reação que você tem não se dirige à pessoa que lhe prejudicou, ou à situação que lhe atrapalhou. A sua reação se dirige a você mesmo; você é responsável pelas suas reações, pelas suas emoções, pelos seus sentimentos.
Alguém lhe diz um desaforo. Você reage com raiva. Quem lhe deu a raiva? De onde vem a raiva? Quem é o responsável por controlar, desenvolver ou eliminar a raiva? Alguém pode obrigá-lo a sentir raiva?
Tudo o que você sente é responsabilidade sua. Só quem pode exercer controle sobre o que você sente é você mesmo. Claro que temos reações instintivas, e muitas. Não somos espíritos superiores, ainda temos muito de animalesco dentro de nós, e esta reencarnação não será suficiente pra eliminar tudo. Mas se não sabemos evitar a reação instintiva, podemos controlá-la assim que ela seja desencadeada. Esse é um processo consciente, racional. É fácil? Não, mas pode ser treinado, faz parte da reforma íntima. Depende de estarmos conscientes de nós mesmos.
A maioria das nossas ações e reações é automatizada. É bom que seja assim, pois economizamos tempo. Neste momento você está lendo estas palavras. Mas não está lendo letra por letra, como aprendeu na escola. Você está lendo palavras e pequenos grupos de palavras, que seu cérebro decodifica instantaneamente.
O problema é quando automatizamos ações que não são corriqueiras como ler, lavar a louça, dirigir, caminhar. Precisamos ser conscientes da maneira como reagimos às mais diversas situações. Temos que ser observadores de nós mesmos. Senão, como nos conheceremos? E sem nos conhecermos, como controlar nossos instintos?
Precisamos urgentemente resistir menos e aceitar mais. Você percebe como resiste a quase tudo? Quando você resiste às opiniões divergentes da sua, aos pontos de vista diferentes dos seus, você cria uma barreira. E as opiniões, a sua e a do outro, ficam se debatendo contra essa barreira. Quanto mais resistimos, mais a vida se torna um embate, mais nos digladiamos.
Precisamos disso? Claro que não! Temos que ter flexibilidade para aceitar opiniões diferentes das nossas. E temos que ter coragem para adotar algumas dessas opiniões quando percebermos que elas são mais completas, mais acertadas, mais harmoniosas que as nossas. Para isso é preciso ser consciente, é preciso ter as emoções sob controle.
Para quê nos prendermos a uma opinião ultrapassada? Para quê insistirmos em uma opinião avançada demais, supostamente futurista? Vivemos o presente, e o presente é o que deve ser. Não pode ser mudado. Independe de opiniões, independe de gostos, de vontades, de aceitação ou não. O futuro é que pode ser mudado. Quer que as coisas sejam diferentes? Comece a modificá-las; mas aceite o hoje. Aceite os problemas de hoje, as diferenças de hoje, os pontos de vista que os outros têm hoje.
Não se desgaste à toa. Enquanto você fica se contorcendo de raiva, o alvo da sua raiva às vezes nem toma conhecimento dela. É você que sente os efeitos destrutivos dela. Assim com a mágoa, com o inconformismo, com a não aceitação. Economize energia para usá-la construtivamente.