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Reencarnação na Bíblia – Vídeo

A palavra reencarnação não está na Bíblia. Não poderia estar, pois os textos mais recentes da Bíblia foram escritos há quase dois mil anos e a palavra reencarnação foi criada por Allan Kardec há pouco mais de cento e cinquenta anos. Mas o conceito de reencarnação está lá, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Há inúmeras passagens bíblicas que trazem a ideia da reencarnação, mesmo que o entendimento dos mecanismos da reencarnação não estivessem claros como estão hoje para quem conhece o Espiritismo. Neste vídeo faço uma abordagem de várias passagens bíblicas em que a ideia de reencarnação está expressa ou subentendida. Se preferir, leia o conteúdo em texto logo abaixo:

A Bíblia fala em reencarnação? O que você sabe a esse respeito? Será que nós encontramos dentro da Bíblia menções ao conceito de reencarnação?

A palavra reencarnação é uma palavra relativamente recente, foi criada por Allan Kardec em meados do século XIX para expressar corretamente o retorno do espírito à matéria em um novo corpo.

A palavra reencarnação, portanto, nós não encontramos na Bíblia, pois os livros mais recentes da Bíblia (a Bíblia é um conjunto de livros) têm quase dois mil anos, e a palavra reencarnação tem menos de duzentos anos – é lógico que esta palavra não pode estar na Bíblia, mas o conceito de reencarnação está lá.

Grande parte das religiões antigas, há milhares de anos, conhecem o conceito de reencarnação. Atualmente, mais de dois terços da população mundial aceita a reencarnação como uma verdade biológica.

Na Bíblia nós encontramos palavras como renascimento ou ressurreição. Mas, se nós formos analisar o conceito que é representado por essas palavras, muitas vezes nós encontramos o conceito de reencarnação.

O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, e as palavras gregas normalmente traduzidas como ressurreição são anastasis (αναστασις) e egeiró (ἐγείρω); egeiró significa “estar acordado”, “despertar”; e anastasis quer dizer “tornar a ficar de pé”, “levantar”.

O povo ao qual Jesus pertencia, o povo que nos legou a Bíblia, utilizava um eufemismo para descrever a morte ou o renascimento: usava-se “deitar-se” para morrer (quando alguém morria diziam ele deitou); e “levantar-se” para renascer, para reencarnar, ou para ressuscitar.

A palavra anastasis, no Novo Testamento, tem o sentido claro de reencarnar. Na Bíblia não se fala em ressurreição do corpo ou ressurreição da carne como muitos imaginam, mas em ressurreição dos mortos – o sentido é totalmente diferente. A expressão grega que nós encontramos nos Evangelhos referentes a este tema é anastasis ek ton nekron, que quer dizer exatamente “ressurreição dos mortos”.

Nós encontramos em Lucas 20:35 e em Filipenses 3:11: Anastasis ek ton nekron.

Nekron que quer dizer mortos – então não se fala em ressurreição da carne, não é a carne que volta, são os mortos que voltam em outros corpos, ou seja, reencarnando.

Quem torna a ficar de pé (que é o sentido da palavra anastasis) é o espírito, não é o corpo – este “tornar a ficar de pé”, que é o significado da palavra anastasis, tanto pode representar o retorno ao plano astral através do desencarne, como o retorno do plano astral para o plano físico através da reencarnação.

Se nós aceitarmos a hipótese de ressurreição como desencarne, nós vamos compreender o sentido destas palavras de Jesus:

“Na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento, mas são como os anjos no céu.”

Ou seja, no plano astral, que é para onde vamos quando morremos (quando deixamos o corpo físico), não há necessidade de casamento porque não há reprodução; não há necessidade de reprodução porque não há morte.

Agora, se considerarmos a hipótese de ressurreição como reencarne, vamos entender esta outra passagem:

“E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos e perguntou-lhes dizendo: quem diz a multidão que eu sou? E, respondendo, eles disseram: uns dizem que é João Batista, outros Elias, e outros que é um dos antigos profetas que ressuscitou. Muitos conheciam Jesus desde criança, não é esse o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e os seus irmãos não se chamam Tiago, José, Simão e Judas?”

Conheciam Jesus desde criança, então não podiam acreditar, não podiam pensar que Jesus fosse um dos antigos profetas que houvesse ressuscitado pelo corpo, mas poderiam pensar, como de fato pensaram, que Jesus fosse um destes profetas, com exceção de João Batista que havia morrido há pouco tempo quando foi feita essa pergunta, mas que Jesus poderia ser um dos antigos profetas que houvesse reencarnado.

Se houvesse a ressurreição como muitos imaginam, isso seria o ressurgimento do mesmo corpo. Quando uma pessoa morre com trinta ou quarenta anos ele ressurge com aquele corpo de trinta ou quarenta anos, é o ressurgimento do corpo.

Essas pessoas conheciam Jesus desde criança, como poderiam supor que ele fosse um dos antigo profetas? A única hipótese aceitável é que ele poderia ser um dos antigos profetas que houvesse reencarnado, aí sim. O espirito de um dos antigos profetas poderia ter reencarnado como Jesus.

Havia, então, uma grande confusão de conceitos relativamente à reencarnação ou ressurreição, algumas vezes significando o retorno do plano físico, onde nós estamos, para o plano astral, que é o plano dos mortos, e outras vezes significando o contrário, o retorno do plano astral para o plano físico.

Pra ver como era grande a confusão que Herodes chegou a pensar que Jesus fosse João Batista ressuscitado, que João Batista houvesse ressuscitado, já que Herodes mandou matar João Batista, e João Batista houvesse ressuscitado como Jesus; essa opinião de Herodes era o conceito, a ideia de ressurreição com o mesmo corpo, pensou que João Batista pudesse ressuscitar com o mesmo corpo. Então Jesus, na opinião de Herodes, seria João Batista se passando por Jesus.

Até pessoas letradas, pessoas cultas para a época, como Nicodemos, confundiam os conceitos de reencarnação ou ressurreição. Nicodemos era membro do sinédrio, era uma espécie de senado Judeu, era um doutor da lei, então era um homem que conhecia as escrituras, e mesmo assim não compreendia. E foi exatamente isso, essa não compreensão nos conceitos de ressurreição ou reencarnação que levou Nicodemos a procurar Jesus.

“Havia entre os Fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos Judeus. Este foi ter de noite com Jesus e lhe disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, por que ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não for com ele? Jesus lhe respondeu dizendo: na verdade na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer sendo velho? Pode, por ventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: na verdade na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do espírito não pode entrar no reino de Deus; o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito, necessário vos é nascer de novo; o vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do espírito.”

Aqui onde está escrito vento, o vento assopra onde quer, no texto grego é pneuman, que pode ser traduzido como espírito. Sempre onde se lê espírito, nos evangelhos a palavra grega é pneuman, então poderíamos traduzir como “o espírito assopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai, assim é todo aquele que é nascido do espírito”.

Algumas pessoas, alguns religiosos interpretam esta explicação de Jesus a Nicodemos como se Jesus estivesse se referindo ao batismo, mas se Jesus estivesse se referindo ao batismo, algumas das coisas que Jesus diz aqui nesta passagem, algumas das coisas que Jesus diz a Nicodemos não teriam o menor sentido. Se eles estivesse conversando acerca do batismo por que que Jesus diria “o que é nascido da carne é carne, o que é nascido do espírito é espírito”? Fica totalmente fora de contexto. Além disso, e o mais importante, Nicodemos era membro do sinédrio, era doutor da lei, ou mestre da lei; certamente conhecia todas as práticas ritualísticas. O ritual do batismo, que foi feito por João Batista, era uma prática ritual, os fariseus conheciam todas as práticas rituais. Nicodemos não iria procurar Jesus à noite e manter com ele um grande diálogo acerca do batismo que era uma coisa facilmente compreensível.

Devemos lembrar que o que nos foi legado aqui nos evangelhos é o resumo do resumo, muitas das outras coisas Jesus disse, o próprio apóstolo João, que foi quem escreveu este evangelho onde há esta passagem da conversa de Nicodemos com Jesus, disse que se fosse citados todos os outros atos, todas as palavras, todos os ensinamentos de Jesus isso ocuparia muitos livros, então este diálogo deve ter sido muito grande. Eles não iriam investir tanto tempo, Jesus não iria, provavelmente, recebem Nicodemos à noite para falar acerca do Batismo.

E precisamos esclarecer desde já que os fariseus acreditavam na reencarnação, isto é questão fora de dúvida; o que eles não tinham era o conceito correto acerca da reencarnação, não compreendiam os mecanismos da reencarnação. Nós vemos, por exemplo, nos atos dos apóstolos, que os saduceus não acreditavam nem em ressurreição, nem em anjo, nem em espírito, mas que os fariseus acreditavam, em ressurreição, em anjo e em espírito.

Jesus diz a Nicodemos que é preciso nascer da carne e do espírito. Nasce-se da carne, biologicamente através do pai e da mãe, e nasce-se do espírito porque é o espírito que volta, é o espírito que retorna à matéria, ao mundo material em um novo corpo, por isso Jesus diz que é necessário nascer da água e do espírito. Nasce-se do espírito, é o espírito que renasce, é o espírito que ressurge, é o espirito que reencarna; e nasce-se da água como um simbolismo da matéria, a água aqui simboliza a matéria, nós vemos lá no Gêneses, no comecinho da Bíblia que a água é o elemento gerador absoluto; podemos citar algumas passagens:

“No princípio criou Deus o céu e a terra, e a terra era sem forma e vazia, e havia trevas sob a face do abismo; e o espírito de Deus se movia sobre a face das águas, e disse Deus:  – Haja uma expansão no seio das águas e haja separação entre águas e águas; e disse Deus: – Ajuntem-se as águas de baixo dos céus num só lugar e apareça a porção seca, e assim foi; e disse Deus:  – produzam as águas abundantemente, répteis de alma vivente e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.

“Produzam as águas abundantemente”: A água aqui é tida como o elemento gerador absoluto, é o símbolo da matéria; então quem nasce da água está nascendo da matéria, com um novo copo, e nascendo ao mesmo tempo do espírito porque é o espírito que vai habitar, que vai animar este novo corpo.

Que os fariseus acreditavam em reencarnação, no conceito de reencarnação, embora um conceito não tão aperfeiçoado como o que nós compreendemos hoje, isso nós podemos comprovar através da obra do historiador Flávio Josefo. Flávio Josefo foi o principal historiador a retratar aquele tempo, a retratar aquele período em que os evangelhos foram escritos. Sua obra é muito grande, está hoje disponível traduzida para o português, alguma coisa inclusive na internet.

Todos os que se deram ao trabalho de pesquisar fontes históricas a respeito do período em que Jesus viveu já se deparou com a obra do historiador Flávio Josefo, que viveu do ano de 37 a 103.

Flávio Josefo era fariseu, e olha o que ele nos diz a respeito das crenças dos fariseus:

“Eles julgam que as almas são imortais, julgadas em um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo foram neste, virtuosa ou viciosas, e que umas são eternamente retidas prisioneiras nesta outra vida e outras retornam a esta. Eles granjearam por esta crença tão grande autoridade entre o povo que estes seguem os seus sentimentos em tudo que se refere ao culto de Deus e as orações solenes que lhes são feitas; assim, cidade inteiras dão testemunhos valiosos de sua virtude, de sua maneira de viver e de seus discursos”.

Ele está se referindo ao retorno das almas, eles acham que algumas almas são retidas em algum lugar, castigadas, o que hoje nós sabemos que não corresponde à verdade já que não há castigo eterno, mas que as outras almas retornam a este mundo físico. Então são as almas que retornam, para as almas retornarem ao mundo físico é evidente que devem se revestir de um novo corpo físico, e está aí o conceito de reencarnação.

Outras passagens de Flávio Josefo:

“Eles dizem também que as almas são imortais, que as almas dos justos passam depois desta vida a outro corpo, e que as almas dos maus sofrem tormentos que duram apara sempre. Suas almas voam puras para o céu, para lá viverem felizes e voltarem no correr dos séculos a animar corpos que sejam puros como elas.”

Nós estamos tratando aqui de história, isto é um livro histórico, então não podemos dizer que ali há crenças ou outros interesses envolvidos. O que ele está falando é muito claro: que eles acreditavam, no tempo de Jesus, que as almas tomavam outros corpos e renasciam aqui neste mundo físico, mas nós estamos tratando da Bíblia, então vamos ficar na Bíblia, vamos deixar os historiadores de lado.

Pra quem tem a Bíblia como verdade única, nós podemos citar a epístola aos Hebreus:

“As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados não aceitando o seu livramento para alcançarem uma melhor ressurreição, e outros experimentaram escárnios e açoites e até cadeias e prisões.”

Olha o que diz o começo: “as mulheres receberem pela ressurreição os seus mortos”. Por que foram as mulheres que receberam pela ressurreição os seus mortos e não os homens?

É evidente que foram as mulheres que receberam pela ressurreição os seus mortos porque são as mulheres que podem gerar nos seus ventres novos corpos físicos necessários para que o espírito reencarne.

E por que aqui diz que uns foram torturados e escarnecidos? É evidente que estamos tratando aqui dos mecanismos da lei de causa e efeito segundo a qual nós somos responsáveis pelos nossos atos, cada um colhe aquilo que plantou. Fica evidente aqui a preexistência do espírito, pois as mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos, então a preexistência do espírito, o espírito já existia, e também fica claro a reencarnação, as mulheres receberam pela reencarnação os seus mortos. Ali diz ressurreição, poderíamos traduzir tranquilamente como reencarnação, não foi traduzido porque essa palavra não existia ainda na época, mas vamos ficar com ressureição então.

As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; seus mortos porque eram conhecidos dela, eram seus familiares. Quando nos referimos aos nossos familiares que já morreram, que já partiram nós dizemos os nossos mortos; no dia de finados, por exemplo, é um dia de cultuar, um dia de visitar os nossos mortos. Então as mulheres receberam os seus mortos, receberam nos seus ventres, receberam os espíritos que formariam os novos corpos nos seus ventres para reencarnarem.

Esse trecho que nós lemos é da epístola aos Hebreus, a carta aos Hebreus. Essa carta provavelmente é de autoria de Paulo. Essa mesma epístola aos Hebreus é utilizada pelos adversários da ideia da reencarnação como talvez o maior argumento contra a reencarnação, eles se apegam à passagem de Hebreus 9:27, nesta passagem diz que:

“Como aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo (aqui diz que os homens morrem uma vez, então aqueles que não acreditam, que não aceitam a reencarnação dizem: olha, se aqui está escrito que o homem morre uma vez, ele não pode reencarnar, ele morreu uma vez só, não poderá reencarnar e morrer outra vez)

Quem ler o trecho todo desta epístola aos Hebreus talvez compreenda o contexto que isso foi escrito. Isso surgiu por uma passagem do evangelho de Mateus, nesta passagem está escrito assim:

“E quando o filho do homem vier em sua glória que todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória, e todas suas nações serão reunidas diante dele e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas, e porá as ovelhas a sua direita e os bodes a sua esquerda.”

Essa passagem é conhecida como a parábola do juízo final. Ela trata, ela dá ideia de um grande tribunal, então as pessoas na época, algumas pessoas na época imaginaram que haveria uma espécie de julgamento coletivo, haveria uma ressurreição em massa, todos que haviam morrido ressuscitariam e Jesus, então, julgaria a todos, vivos e mortos.

Aí algumas pessoas pensaram: se todos iriam ressuscitar, como iriam para o céu ou para o inferno com seus corpos de carne que estariam ressuscitados? Porque eles entenderam, a partir dessa parábola do juízo final, entenderam que Jesus iria julgar todos, todos ao mesmo tempo, um julgamento coletivo, e para serem julgados aqueles que já haviam morrido eles teriam que ressuscitar, então os mortos iriam ressuscitar, iriam retomar os seus corpos que estavam mortos para serem julgados por Jesus, e imaginaram que se haviam recobrado os seus corpos, se tinham novamente os seus corpos físicos, como é que eles iriam para o céu ou para o inferno com esses corpos físicos, então eles teriam que morrer novamente.

A partir dali surgiu, então, a ideia de que pudesse haver uma segunda morte, para que cada um pudesse seguir o seu destino. E apóstolo Paulo, que escreveu esta epístola aos Hebreus, esta polêmica surgiu entre os Hebreus, para Paulo acabar com a polêmica ele deixou claro que não haveria um juízo coletivo, que o juízo era individual, e por isso ele fala que só se morre uma vez, é esta a contextualização desta passagem de Hebreus 9:27 onde Paulo diz que só se morre uma vez. Mas se nós quisermos afirmar categoricamente que se morre só uma vez, estaremos até contrariando a atividade de Jesus e as pessoas que foram ressuscitadas por Jesus.

Jesus ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Nain, e Lásaro. Se ali diz que Jesus ressuscitou é porque eles já haviam morrido, então ele haviam morrido uma vez, ressuscitaram por Jesus, tornaram à vida, e depois, envelhecendo, certamente morreram de novo, então morreram duas vezes. Como é que fica esse negócio de que só se morre uma vez?

Não podemos nos apegar a trechos isolados da Bíblia pra tentar fazer valer as ideias na quais acreditamos. Em tudo é preciso contextualizar, e hoje nós temos condições de fazer isso. Durante toda a idade média, até duzentos, trezentos anos atrás ainda era muito difícil querer compreender qualquer coisa diferente do que está escrito na Bíblia porque não tínhamos acesso à informação, até o acesso à Bíblia era muito difícil. Pouco tempo atrás as missas ainda eram rezadas em Latim, as pessoas pouco conheciam o que estava na Bíblia; hoje nós temos acesso a outras traduções, muitos documentos novos surgiram, textos mais antigos, todos os textos mais antigos do novo testamento, principalmente dos evangelhos, surgiram recentemente, então estes textos não estão deturpados pelo tempo, não sofreram várias traduções, não sofreram várias cópias.

Vamos lembrar que a imprensa, a fábrica de livros surgiu 500 anos atrás, os evangelhos têm quase dois mil anos. As cópias antes eram feitas à mão, e nestas cópias as pessoas cometiam erros, propositais ou não. Hoje nós temos acesso aos textos mais antigos, hoje nós temos traduções feitas a partir dos textos gregos, e se analisarmos a história do período e do local onde Jesus viveu, onde estes fatos aconteceram nós temos condições de perceber tranquilamente o verdadeiro sentido de muitos pensamentos, de muitas passagens do que está escrito ali.

Esta epístola aos Hebreus, que muitos tentam utilizar como um argumento contrário à reencarnação, é de autoria de Paulo. Este mesmo Paulo, apóstolo Paulo, na sua primeira epístola aos Coríntios, ele se posiciona claramente contrário à ideia de ressurreição do corpo. Vou citar aqui alguns trechos e depois coloco ali em baixo do vídeo todas as referências utilizadas:

“A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus”. Então não é o corpo, é o espírito.

“Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual, mas alguém dirá: como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato, o que tu semeias não é vivificado se primeiro não morrer. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.”

Se esperamos em Cristo só nesta vida: ele está dizendo que existem outras vidas. É evidente que existem outras vidas.

Há algumas coisas que só podem ser suficientemente explicadas através da reencarnação: as desigualdades sociais, as inúmeras diferenças entre as pessoas, algumas nascem ricas, outros nascem pobres, outros nascem doentes, outros nascem sãos; uns nascem felizes, outros nascem infelizes. Algumas pessoas nascem com as melhores condições de vida, outros nascem sem a mínima condição, por que Deus criaria seres tão diferentes?

Deus nos cria iguais, todos nós somos criados em espírito simples e ignorantes, e através de múltiplas reencarnações nós vamos evoluindo, vamos progredindo, vamos adquirindo qualidades positivas e negativas, e é isso o que nos diferencia.

Todas as pessoas que estão vivas atualmente, que estão encarnadas atualmente no planeta terra já tiveram outras existências, e foi através destas outras existências que adquiriram as diferenças que uns têm em relação aos outros hoje. Umas pessoas têm mais aptidões, porque já aprenderam antes, mas isso é um assunto pra ser tratado numa outra ocasião, hoje nós vamos tratar exclusivamente da reencarnação na Bíblia.

Olha aqui o que diz no livro de Jó:

Aqui está dizendo que o corpo morre só uma vez

“Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce a sepultura nunca tornará a subir.”

Ele está dizendo que aquele que desce a sepultura, aquele que foi enterrado não tornará a subir, não tornará a levantar-se. Ele está se referindo ao corpo, é a mesma coisa que Paulo disse na epístola aos Hebreus, o corpo morre só uma vez, eu sou espírito imortal como você. Nesta atual existência, nesta encarnação eu me chamo Morel Felipe Wilkon, eu estou animando este corpo, eu estou com esta personalidade. O Morel vai morrer só uma vez, mas o meu espírito, o meu eu verdadeiro, este é imortal, este continuará e reencarnará ainda muitas outras vezes até que tenha aprendido suficientemente, até que tenha evoluído intelectual e moralmente de maneira a não precisar mais reencarnar.

Jó disse aqui que o corpo só morre uma vez, que o corpo não tornará a levantar-se, mas logo depois ele está dizendo que:

“Nós já existimos ontem, porque nós somos de ontem e nada sabemos por quanto nossos dias sobre a terra são como a sombra.”

Nós somos de ontem e nada sabemos: cada vez que reencarnamos esquecemos temporariamente o nosso passado, e este é o motivo pelo qual muitos não acreditam, não conseguem acreditar na reencarnação, nós não lembramos das nossas outras existências, nós não lembramos porque o nosso cérebro não tem condições de lembrar. O nosso cérebro só registra os fatos vivenciados nesta existência, os fatos que aconteceram com este corpo. Nosso cérebro percebe este corpo, ele só pode lembrar do que aconteceu com este corpo, e o grande benefício da reencarnação é justamente uma nova oportunidade, e para que haja esta nova oportunidade é preciso o esquecimento. Nós nos esquecemos dos erros cometidos, esquecemos dos grandes crimes, da grandes tragédias que possamos ter ocasionado no passado, muitas vezes reencarnamos próximos a antigos desafetos dentro do seio familiar onde muitas vezes há grandes divergências e até inimizades, é porque antigos desafetos, antigos inimigos estão reencarnando juntos justamente para terem a chance de se reconciliarem pelos laços familiares, pelos laços de parentescos. Então esse esquecimento do passado é uma benção, é para isso que existe esse esquecimento, é uma nova chance.

Muitas pessoas questionam, ou então de que que adianta reencarnar se nós esquecemos todo o passado? Todo este passado está no espírito, nós não lembramos momentaneamente, mas tudo aquilo que nós adquirimos moralmente está dentro de nós, é por isso que existem pessoas melhores e pessoas piores, existem pessoas mais inteligentes e pessoas menos inteligentes. As pessoas melhores já desenvolveram a sua bondade através de inúmeras reencarnações, também elas já cometeram erros e já foram más, mas faz mais tempo, já progrediram mais, tiveram mais reencarnações, mais chances de progredirem moralmente, o mesmo com as pessoas mais inteligentes; as pessoas mais inteligentes já viveram muitas reencarnações, aprenderam através de várias reencarnações e quando reencarna não se lembra do seu passado mas traz em si a inteligência desenvolvida, uma capacidade maior de aprendizado que na verdade é o aproveitamento daquilo que já aprendeu em existências passadas.

No livro de sabedoria, que só tem na Bíblia católica, Bíblia protestante não adota este livro, há uma bela passagem que diz assim:

“Eu era um menino vigoroso dotado de alma excelente, ou antes, como era bom, eu vim a um corpo intacto.”

O que ele está dizendo aqui? Como ele era bom ele recebeu um corpo intacto, um corpo bom, um corpo perfeito porque ele era um menino bom, era dotado de uma alma excelente, era um bom espírito, um espírito que já havia progredido moralmente, já havia adquirido bondade, e por ser bom mereceu habitar um corpo são; é a justiça divina que se manifesta através da lei de causa e efeito, nós sempre colhemos aquilo que nós plantamos, a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória.

Quem é mas feliz, mais inteligente, quem é melhor como pessoa é porque é um espírito que já fez o bem há muito tempo, que já progrediu moralmente e intelectualmente, isso não é um privilégio de Deus; Deus seria injusto se fizesse, se criasse as pessoas todas diferentes, umas em melhores e outras em piores condições.

É compreensível que algumas pessoas ainda não compreendam o sentido de reencarnação, por não compreenderem não aceitam. Nem os apóstolos de Jesus que conviviam com ele cotidianamente compreendiam direito estes conceitos.

Nós vemos aqui, por exemplo:

“E chegando Jesus às partes de cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos dizendo: quem dizem os homens ser o filho do homem? Então eles disseram: uns dizem que é João Batista, outros Elias, e outros Jeremias, ou um dos profetas.”

Se eles disseram isso é porque eles também não compreendiam exatamente como se dava a reencarnação, ou ressurreição, como funcionava, mas se achavam que Jesus pudesse ser um dos antigos profetas que havia voltado é evidente que achavam que Jesus era um dos profetas que havia reencarnado; conheciam Jesus desde criança, ele não poderia ter ressuscitado com o mesmo corpo, quem acreditava em ressurreição acreditava que o espírito voltaria com o mesmo corpo, com a mesma aparência, então não é o caso, aqui ele está dando claramente a ideia de que Jesus era um dos profetas que havia reencarnado. Se Jesus fosse contrário a esta ideia ele teria repreendido seus apóstolos.

Alguns alegam que Jesus não falou claramente em reencarnação, não deve existir reencarnação porque Jesus nunca ensinou claramente sobre a reencarnação, mas esse não era o objetivo de Jesus. Se até hoje não entendem os mecanismos da reencarnação, como teriam capacidade de compreender naquela época?

Hoje nós temos todos os livros do mundo a nossa disposição, hoje nós temos a internet que nos dá uma fonte de pesquisa inesgotável; naquela época não existia jornal, revista, televisão, rádio, internet, não existia meio de comunicação, não existia acesso ao conhecimento e à cultura; quem tinha um pouco de conhecimento eram os escribas, ou mestres da lei, que estudavam os antigos textos religiosos, o resto era uma população de pastores, de pescadores, de trabalhadores braçais, todos analfabetos, como iriam compreender o conceito de reencarnação naquela época?

O que Jesus veio nos trazer são ensinamentos morais, que são eternos, são válidos em qualquer tempo, em qualquer espaço; o resto nós aprenderíamos, como estamos aprendendo, com o tempo, Jesus deixou isto muito claro. Jesus disse:

“Ainda tenho muito o que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.”

O que ele disse foi exatamente isso, nós não tínhamos condição, 2 mil anos atrás, de compreender conceitos elevados como a reencarnação, por isso ele não falou claramente, mas deixou nas entrelinhas várias vezes.

É bom repetir que o conceito de reencarnação não era disseminado por todos, não eram todos que acreditavam na reencarnação e não eram todos que entendiam, não havia esclarecimento suficiente pra isso, mas há algumas passagens nos evangelhos que não deixam dúvida de que havia o conhecimento da reencarnação.

Elias foi um grande profeta do antigo testamento. Elias viveu durante o reinado do rei Acabe, uns 900 anos antes de cristo, antes de Jesus. A descrição de Elias, quando ele descreve a aparência de Jesus, diz que ele se vestia de pelos e cingia os domos com o cinto de couro. Elias zelou pela lei e pelo culto a Javé ou Jeová, como era chamado na época o Deus dos Judeus; Elias denunciava o rei e queria recuperar o verdadeiro culto a Jeová.

O rei Acabe, na época, cultuava outros deuses, principalmente Baal, quase todos os reis do antigo testamento cometiam este erro de cultuar outros deuses, e Elias era o único profeta de Javé, o Deus do antigo testamento, que havia permanecido firmemente. Então um dia Elias desafiou 450 profetas de Baal, sacerdotes de Baal, pra ver qual era o Deus mais poderoso, se era Javé ou se era Baal; Elias ganhou o desafio, com isso reconquistou o respeito e o temor do povo, e aproveitando-se daquele momento, mandou degolar, mandou cortar pela espada os 450 profetas de Baal.

Alguns religiosos acham que Elias não morreu, eles sustentam que Elias foi arrebatado vivo aos céus, eles se baseiam nesta passagem aqui:

“Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: peço-te que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim. Elias disse a Eliseu: coisa difícil pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará, porém, se não vires, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro e Elias subiu ao céu num redemoinho.”

Aqui não é dito que Elias não morreu. O que é dito logo depois, apenas, é que Eliseu nunca mais viu Elias. Nós vimos que Eliseu pede uma porção dobrada do espírito de Elias. O que seria esta porção dobrada do espírito de Elias?

O que Eliseu está pedindo a Elias são seus poderes mediúnicos, já que ambos, Elias e Eliseu, eram grandes médiuns, e isso explica por que logo depois está escrito que o espírito de Elias pousava sobre Eliseu; Elias, em espírito, passou a agir sobre Eliseu, passou a ser o guia espiritual de Eliseu, e com isso Eliseu adquiriu maiores poderes mediúnicos, adquiriu a porção dobrada do espirito de Elias.

O que nós percebemos neste chamado arrebatamento de Elias foi que Elias, pelo seu maior adiantamento espiritual não passou por nenhum estágio intermediário depois de desencarnar, não passou pelo que hoje os espíritas chamam de umbral por exemplo, ou o que os católicos chamam de purgatório. Elias era um espírito adiantado e logo se tornou o mentor espiritual de Eliseu.  Quem presenciou o chamado arrebatamento de Elias foi Eliseu.

Eliseu, que também era médium vidente, viu Elias desencarnar e sendo auxiliado no seu processo de desencarnação por outros espíritos desencarnados. Eliseu teve uma visão, os carros de fogo, cavalos de fogo foram uma visão de Eliseu. Nós vemos muitos relatos com fortes visões nas chamadas EQM, ou experiências de quase morte, muitas delas comprovadas cientificamente; nós vemos que sempre há alguma visão quando o espírito está se desligando do corpo físico, está naquele quase morrer, foi o que aconteceu com Elias e Eliseu.

Aproximadamente dez anos depois deste episódio, depois deste chamado arrebatamento de Elias que foi a morte de Elias, mais ou menos uns dez anos depois Jeorão, que era rei de Judá, recebe uma carta de Elias. Tudo nos leva a crer que se trata do que hoje chamaríamos de uma carta psicografada, do espírito de Elias através do médium Eliseu, já que foi dito antes que o espírito de Elias repousava sobre Eliseu.

Mais ou menos uns quinhentos anos depois disso, o profeta Malaquias profetizou a reencarnação de Elias:

“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias antes que venha o grande e terrível dia do senhor, e ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.”

Quatrocentos anos depois disso, um Ângelo (só pra lembrar, a palavra anjo quer dizer mensageiro; deriva do latim ângelos, e o grego águelos, e se refere a um espírito como nós, não é um ser criado a parte da criação. Um anjo é um espírito que já se purificou, que já evoluiu a ponto de não precisar mais reencarnar. É o que podemos chamar de espírito puro), mas então anjo apareceu a Zacarias, futuro pai de João Batista, antes de João Batista nascer e disse:

“Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará a luz a um filho e lhe porás o nome de João.”

Zacarias e Isabel já eram um casal idoso e não tinham filhos, então Zacarias orava para que pudesse ter um filho.

“E terás prazer e alegria e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do senhor e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio de espírito santo já desde o ventre de sua mãe, e converterá muitos dos filhos de Israel ao senhor seu Deus, e irá adiante dele no espirito e virtude de Elias para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao senhor um povo bem disposto.”

Está dizendo aqui que João Batista viria no espírito e na virtude de Elias, outras traduções dizem “com o espírito e a virtude de Elias”.

A primeira descrição de João Batista, da sua aparência feita pelo evangelista Marcos diz que:

“João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro ao redor dos seus lombos.”

Você lembra da descrição de Elias? “Elias se vestia de pelos e cingia os lombos com um cinto de couro.”

Elias, na sua época, denunciava o rei Acabe e conclamava o povo para recuperar o culto a Javé. João Batista denunciava publicamente o rei Herodes e conclamava o povo para que se convertesse, para que se conscientizasse; João Batista é a reencarnação de Elias, nós vemos que a lei de causa e efeito se cumpriu em João Batista. João batista foi mandado degolar por ordem do rei Herodes; Herodes mandou degolar João Batista, cortar a cabeça de João Batista com a espada. Quando animou a personalidade de Elias, o espírito de João Batista mandou degolar, mandou cortar com a espada quatrocentos sacerdotes de Baal, mandou cortar com a espada e agora sofreu a consequência de seu erro, exatamente de acordo com o que disse Jesus:

“Todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.”

O espírito, o mesmo espírito que animou Elias e João Batista, quando foi Elias, mandou matar pela espada; quando foi João Batista, foi morto pela espada, lei de causa e efeito.

Nós vemos que um dia:

“Tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, e Jesus transfigurou-se diante deles, e o seu rosto resplandeceu como o sol e as suas vestes se tornaram brancas como a luz, e eis que lhe apareceram Moisés e Elias falando com ele.”

Moisés e Elias apareceram pra Jesus, foram vistos por Jesus e pelos seus três apóstolos que o acompanharam, inclusive falaram com Jesus. Quando eles desceram do monte, os apóstolos perguntaram pra Jesus:

“Porque dizem, então, os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? E Jesus respondendo lhes disse: “Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas, mas digo-vos que Elias já veio e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo que quiseram; assim farão eles também padecer o filho do homem. Então entenderam os discípulos que Jesus lhes falara de João Batista.”

Jesus está dizendo que Elias já veio e não o conheceram, não poderiam conhecê-lo como Elias, pois ele estava agora reencarnado como João Batista. Ninguém poderia conhecer Elias na pessoa de João Batista, porque ninguém naquele tempo havia conhecido Elias; Elias viveu novecentos anos antes. Nem o próprio João Batista não tinha consciência de que ele havia sido Elias numa reencarnação anterior.

Os espíritos ao reencarnarem se esquecem temporariamente do passado. Todos nós já tivemos inúmeras outras experiências, outras existências animando outros corpos e não nos lembramos.

Alguns questionam o porquê deste espírito, se é o mesmo espírito que animou Elias e depois João Batista, por que que esse espírito se apresentou como Elias e não como João Batista. Os que não acreditam na reencarnação acham que deveria se apresentar com a sua personalidade mais recente. Um espírito mais adiantado, como era o caso de Elias, pode se apresentar com a aparência que quiser, e o motivo que levou Elias a se manifestar juntamente com Moisés a Jesus e aos três apóstolos de Jesus que estavam com ele, este motivo tinha a ver com a personalidade de Elias, não com João Batista, e já que ele se apresentou como Elias, como reconheceram que ele era Elias? Se fosse João Batista teriam reconhecido porque tinham conhecido João Batista, que havia morto recentemente, mas Elias eles não haviam conhecido, mas certamente foi Jesus que disse pra eles que aqueles espíritos que se apresentaram eram Moisés e Elias.

O espírito molda o seu perispírito, ou o corpo espiritual, de que nos fala o apóstolo Paulo, de acordo com a sua vontade.

Há uma outra ocasião que Jesus afirmou peremptoriamente que João Batista era a reencarnação de Elias:

“Desde os tempos de João Batista até agora se faz violência no reino dos céus, e pela força se apoderam dele, porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é esse o Elias que havia de vir; quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

Em Malaquias está escrito:

“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim.”

E em Lucas está escrito:

“Este é aquele de quem está escrito. Eis aí, envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti.”

Olha o que Jesus disse:

Ele diz desde os dias de João Batista até agora se faz violência no reino dos céus. Ele está se referindo a uma coisa do passado, a uma coisa que aconteceu a muito tempo. João Batista tinha acabado de morrer, ele não estava ser referindo a João Batista como a personalidade João Batista, mas ao espírito que animou João Batista e que antes animou Elias.

Jesus está querendo dizer que desde os tempo de Elias até agora se faz violência no reino dos céus. É o mesmo espírito o que animou Elias e João Batista, não faria o menor sentido Jesus se referir ao tempo em que João Batista estava vivo, que fazia pouco tempo.

E pra que não restasse dúvida de que era de Elias que ele estava falando e não de João Batista, ele fala claramente: “é este o Elias que havia de vir”. Mas, Jesus, sabendo que muitos não compreenderiam nem o óbvio, nem o que está claramente dito ele acrescenta: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Muitos e muitos ainda não têm ouvidos para ouvir, um dia terão.

É pra isso que serve a reencarnação, o que não conseguimos, o que não somos capazes de fazer numa existência vamos adquirindo experiência, a cada existência nos tornamos um pouco melhores, um pouco mais experientes e numa próxima reencarnação teremos melhores condições morais e intelectuais de compreender o que não compreendemos hoje. Isso não quer dizer que quem acredita em reencarnação seja necessariamente melhor do que aquele que não acredita; os espíritos não progridem em bloco, progridem em uma coisa de cada vez, então as pessoas são melhores que as outras, ou sabem mais que as outras, ou estão um pouco à frente que outras em alguns aspectos e atrás noutros aspectos, mas eu estou aqui defendendo o que eu acredito, estou falando no que eu acredito, e a verdade que eu considero é a reencarnação.

 Vamos retomar o que foi dito a respeito de Elias e João Batista:

Em Lucas, o anjo Gabriel diz que João Batista irá adiante com o espírito e o poder de Elias. Mais tarde, Jesus, ao se referir a João Batista, diz que João Batista é o Elias que havia de vir; depois Jesus diz que Elias já veio e não o reconheceram, e então os seus discípulos entenderam que Jesus se referia a João Batista.

Em Malaquias diz que Deus enviaria um mensageiro que prepararia o caminho para o ensino de Jesus. Ainda em Malaquias fica bem claro quem seria este mensageiro: Elias. Se Elias já havia morrido há tanto tempo, por que Deus diria que ainda o enviaria?

Primeiro Deus disse que enviaria Elias, e depois, através do anjo Gabriel, ele disse que Elias viria na pessoa de João Batista, com o espírito e a virtude de Elias. Ali, João Batista ainda estava para ser gerado.

Jesus disse que João Batista era o Elias que estava para vir e depois Jesus disse que Elias já tinha vindo, não há outra conclusão, então, que não seja aceitar que Elias reencarnou em João Batista. O mesmo espírito que um dia animou Elias, agora animava João Batista.

Por que eu estou defendendo a ideia da reencarnação na Bíblia?

Muitas pessoas estudam a Bíblia e pensam muito diferente de mim. Elas têm todo o direito de pensar assim, não faço questão que mudem de ideia; minha intenção não é convencer ninguém.

Eu, assim como muitos, acredito na reencarnação. De 65 a 70% da humanidade acredita na reencarnação. No Brasil, que é onde nós vivemos, os espíritas acreditam em reencarnação e muitas outras pessoas disseminadas nos mais diversos movimentos religiosos também aceitam, também acreditam na ideia da reencarnação.

Para estas pessoas que algumas vezes se confundem e são levados a crer, pela tradição, que a Bíblia não menciona a reencarnação, para elas estou me dirigindo. A Bíblia fala muitas vezes na reencarnação embora não utilizando esta palavra que ainda não havia sido criada quando a Bíblia foi escrita, mas o conceito de reencarnação está lá; eu poderia citar muitos e muitos outros exemplos já desde o antigo testamento, desde o Gêneses. Está claro, lá, o conceito de reencarnação, mas isto tornaria este vídeo muito extenso e não é esta a nossa intenção.

Não se ofenda se você acredita em outra coisa, se você não acredita na reencarnação. Não se deixe atingir por uma opinião que é diferente da sua, estamos tratando do campo das opiniões. Eu penso assim, muitos outros pensam como eu, você tem o direito de pensar diferente. Pra mim, o conceito de reencarnação na Bíblia é muito claro, é inequívoco, não deixa a menor margem a dúvidas, mas, este é o meu modo de ver, é a minha interpretação.

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