No Evangelho de João há a menção ao “príncipe deste mundo”. Os “adoradores do diabo”, aqueles que não conseguem viver sem a ideia do diabo, afirmam sem vacilar que o príncipe deste mundo é o diabo. Claro; precisam do diabo para ter a quem culpar pelos seus próprios erros e consequentes desgraças.
O diabo não existe. Colocar a culpa de tudo no diabo é terceirizar a própria responsabilidade. Este é um dos temas tratados neste vídeo: O príncipe deste mundo, que dizem ser o diabo, na verdade é o próprio Jesus, e isso fica claro neste estudo. Este é o 23º vídeo desta série de estudos sobre o Evangelho de João.
Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.
JOÃO 12:27-50
- Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.
Lembramos que os manuscritos gregos não têm sinais de pontuação. Aqui certamente Jesus faz uma pergunta e imediatamente dá a resposta. Se não fosse uma pergunta, poderíamos pensar que Jesus vacilou, que teve medo.
“Alma”, aqui, também é a tradução da palavra psique (ψυχη), que agora há pouco foi traduzida como “vida”. A melhor tradução seria: “Agora a minha psique está agitada” – o homem Jesus, como personalidade, passa por um momento de agitação, pois sabe que a sua missão no plano físico se aproxima do fim. Mas tem plena consciência de que a sua missão deve ser cumprida.
- Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
Como já vimos, a palavra grega doxa (δoξα) é usada para expressar uma série de significados, mas a tradução quase sempre é “glória”. É uma péssima tradução. Nem Deus nem Jesus estão em busca de glória. Quem quer glória são os homens. Doxa originalmente se referia a opinião. A verdade é um fato, mas sobre este fato nós formulamos opiniões. Essas opiniões, então, são “aparências da verdade”. Com o tempo, a palavra doxa passou a designar a aparência, a manifestação das coisas.
O nome é a manifestação externa da realidade interna, é a essência em forma de existência. O nome de Deus é a Sua creação. A minha personalidade, a minha pessoa, se manifesta, se torna conhecida, através do meu nome. Pelo meu nome, Morel Felipe Wilkon, eu sou conhecido. Deus é conhecido pela sua creação. É pela creação que Deus se torna conhecido, ou, pelo menos, que Deus é manifestado.
“Glorifica o teu nome”, então, quer dizer “manifesta-te na creação”. Então a voz diz: “Já tenho manifestado e outra vez manifestarei”. Deus sempre se manifesta na Sua creação. Nós é que nem sempre percebemos.
Não podemos achar que foi o próprio Deus que falou. Deus não fala com palavras humanas porque Deus não é humano. O humano é limitado e Deus não pode limitar-se.
- Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou.
- Respondeu Jesus, e disse: Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
Vemos que a voz foi percebida por alguns, não por todos. No Espiritismo isso é chamado de pneumatofonia ou voz direta, produzido por um ou mais espíritos. Os espíritos são instrumentos da ação de Deus.
Jesus não diz que esta voz veio “por amor de vós”, diz apenas que veio “por vós”. A palavra “amor” é um acréscimo. Temos aqui a confirmação de que não houve vacilo por parte de Jesus. A voz não veio para consolar Jesus ou para motivá-lo. Jesus não precisava de manifestações externas para motivá-lo.
- Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
Este versículo merece muita atenção. Já temos dito insistentemente que o verbo krino (κρινω), ou, neste caso, o substantivo krisis (κρισις), que traduzem como “juízo”, quer dizer “escolha”, “separação”, “discernimento”, “triagem”. Krino, que traduzem como “julgar”, é o verbo que se refere a peneirar ou joeirar – que é separar o joio do trigo.
Agora não é o “juízo deste mundo”, porque não se trata de julgamento – trata-se de escolha. É a escolha deste mundo. O mundo está fazendo uma escolha.
“(…) agora será expulso o príncipe deste mundo” – quem é “o príncipe deste mundo”? Os fãs do diabo afoitamente respondem: – “É o diabo!” – Será mesmo?
“Príncipe” é a tradução de archón (αρχων). Archón é quem exerce autoridade, é o chefe, o governador. Será que o diabo é o Governador da Terra? Novamente os fãs do diabo se apressam e respondem: – “Sim! Olha quanta desgraça no mundo!” – E quem é que faz essas desgraças no mundo, não são as pessoas? Por que colocar a culpa no diabo? Por que eximir-se da própria responsabilidade e jogar a culpa num ser inventado?
Diabo não existe. O diabo, como ser, não existe. Nós somos os responsáveis pelos nossos atos. Colocar a culpa no diabo é terceirizar a responsabilidade.
Mas vamos, por um momento, fazer de conta que existe diabo. Jesus estaria dizendo, aqui, que o diabo, príncipe deste mundo, estaria sendo expulso. Mas logo depois, em 14:30, Jesus diz: “Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim”.
Como assim, o diabo “se aproxima”? O diabo “vem” ou o diabo “vai”?
Logo depois, em 16:11, Jesus diz que “o príncipe deste mundo já está julgado”.
Mas vamos deixar estes versículos para serem tratados no seu devido tempo.
Aqui Jesus diz que o governador deste mundo está sendo expulso. Quem é que estava sendo expulso naquele momento? De quem é que Jesus estava falando?
Vamos ler o versículo seguinte:
- E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
O Governador deste mundo, de acordo com este Evangelho, é Jesus. Jesus estava sendo expulso deste mundo pelos homens que não o reconheceram como o Cristo plenamente desenvolvido, como o Logos encarnado, como o messias prometido.
Os budistas, muçulmanos, hindus, ninguém que não seja cristão precisa acreditar nisso, de modo algum. É ridículo querer impor nossas crenças sobre os demais. E isso aqui é apenas isso – crença.
Há muitas coisas óbvias, que dispensam provas materiais; há muitas verdades que apreendemos por intuição, e a intuição é um estágio além da própria razão – mas muito do que está aqui depende exclusivamente de crença.
Para quem é cristão, Jesus está dizendo com todas as letras, aqui, que ele é o Governador da Terra, e como Governador da Terra, mesmo sendo expulso da Terra – ou justamente por ser expulso da Terra nessas circunstâncias – atrairá todos a ele.
É claro que Jesus não quer dizer com isso que todos terão que “confessar o nome de Jesus”, “aceitar Jesus” ou outras coisas parecidas. Todas as religiões (religião, do latim religare, religar com Deus – não seitas malucas ou práticas de baixa magia), no fundo, pregam a mesma coisa. A essência de Jesus é o Cristo, e o Cristo está em todos, independentemente de religião.
- E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.
Uma leitura superficial dá a entender que Jesus está se referindo à crucificação. O verbo traduzido como “significando” é semaínon (σημαινων), particípio presente na voz ativa, nominativo masculino singular do verbo sémainó (σημαίνω), que deriva de semeion (σημειων), que é traduzido como “sinal” ou “milagre”, mas que também quer dizer “símbolo” – é como símbolo que devemos entendê-la aqui.
“Havia” (em “havia de morrer”) é a tradução de émellen (ημελλεν), indicativo imperfeito, na voz ativa, terceira pessoa do singular do verbo mello (μελλω) que é mais bem traduzido como “pretender”, “estar pronto para”: “E dizia isto, simbolizando de que morte estava pronto para morrer”.
Jesus estava pronto para morrer. E o tipo de morte a que se refere o evangelista significa mais do que a morte na cruz – Jesus ainda está conversando com os gregos que vieram procurá-lo. Jesus fez uma referência à morte de Lázaro, que não foi a morte do corpo, mas um ritual simbolizando morte e renascimento. Jesus também vai participar de um ritual, e vai espontaneamente, pois poderia evitar a sua morte, se quisesse. A morte e o posterior ressurgimento de Jesus deviam servir como um símbolo eterno da continuidade da vida, da imortalidade do espírito.
- Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu que convém que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
Devem ter feito muitas perguntas a Jesus, o evangelista anotou duas. Percebe-se que a primeira pergunta foi feita por um judeu e a segunda por um grego.
O judeu, referindo-se à lei (na verdade a Isaías 9:7), dizem que o Cristo – no hebraico messias – deveria permanecer para sempre, no entanto Jesus diz que convém que o filho do homem seja “levantado” (ou “elevado”).
O grego, que não conhecia as escrituras, pergunta quem é o filho do homem – uma expressão que ele nunca tinha ouvido falar, mas que era conhecida dos judeus.
A resposta de Jesus deixa entrever, a quem estiver atento, que o Cristo não é um salvador externo como o messias que esperavam – O Cristo está dentro de cada um de nós. Queriam saber se o Cristo permaneceria para sempre. Jesus responde:
- Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
João diz na sua primeira epístola que “Deus é luz” (1 João 1:5). Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12), e também diz: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:14).
Está claro, então, que, se Deus é luz e nós somos a luz do mundo assim como o Cristo, nós compartilhamos na natureza do Cristo – temos o Cristo em nós. Se temos o Cristo em nós, o Cristo permanece para sempre, desde que estejamos sintonizados com ele. Ou seja, isso depende de nós.
Também perguntaram a Jesus como ele dizia que “convém que o filho do homem seja elevado” – o filho do homem é o nosso próximo estágio evolutivo. Elevando-nos nos mantemos em contato com o nosso Cristo interno.
“(…) A luz ainda está convosco por um pouco de tempo (…)” – ετι μικρον χρονον το φως μεθ υμων εστιν: ετι μικρον χρονον – “ainda pequeno tempo”. Eti (ετι): “ainda”; mícron (μικρον): “pequeno”; cronon (χρονον): “tempo”. Essas três palavras são traduzidas como “por um pouco de tempo”. A tradução está correta, mas dá a impressão de que a luz permaneceria por mais algum tempo e depois não haveria mais luz.
Isso seria assim se a luz se referisse apenas a Jesus. Quando Jesus nos deixasse, ficaríamos sem luz. Mas eti, que é traduzido como “ainda”, pode se referir do passado até o momento presente. Então ficaria: “A luz está convosco há pouco tempo ainda”.
A segunda parte da resposta de Jesus é:
“(…) Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem (…)” – o advérbio heos (εως), traduzido como “enquanto”, pode ser entendido como “quando” ou “desde que”. Traduzido como “enquanto” (embora não esteja incorreto), dá a impressão de que é uma situação limitada, que terá um fim definitivo.
Jesus nos diz para “caminharmos quando temos luz para que as trevas não nos apreendam” – é a mesma expressão utilizada em 1:4-5:
“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”.
Aqui está falando do Logos. Logo adiante, em 1:9, diz:
“Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo”.
“Todo homem que vem ao mundo” – isso é confirmado em 1:14:
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
Conforme demonstramos no comentário a esta passagem, a tradução correta é “em” nós – o Logos (ou verbo) habitou em nós.
Disseram a Jesus que as escrituras afirmam que “o Cristo deve permanecer para sempre”. Jesus responde que “a luz está conosco há pouco tempo” – somos espíritos jovens, recém estamos aprendendo a desenvolver a nossa luz, a seguir a recomendação de Jesus quando nos disse: “resplandeça a vossa luz” (Mateus 5:16). Como a nossa luz ainda é incipiente, pequena, temos que caminhar quando temos luz, nos momentos em que percebemos a luz do Cristo em nós.
É isso que Jesus diz no versículo seguinte:
- Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles.
Aqui novamente o advérbio heos (εως) pode ser traduzido como “quando” ou “desde que” – “quando tendes luz (ou “desde que tendes luz”), crede na luz”. “Crede” é a tradução de pisteuete (πιστευετε), imperativo presente, na voz ativa, segunda pessoa do plural do verbo pisteuó (πιστευω) que aqui não tem nada a ver com crença, mas com “fidelidade”, “adesão”, “sintonia”.
“Filho de”, como já vimos, é uma expressão semítica que designa a qualidade da palavra que lhe segue – “filho da luz” é o iluminado, assim como o “filho do mundo” é o mundano, o “filho do orgulho” é o orgulhoso. “Desde que tendes luz, sintonizai com a luz, para que sejais iluminados”.
- E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele;
- Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
- Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez:
- Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.
- Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele.
A passagem de Isaías a que o evangelista está se referindo é esta:
“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado. Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela”. (Isaías 6:9-13)
A imagem que Jesus nos passa de Deus é totalmente diferente do que nós encontramos no Antigo Testamento. Mas nós devemos entender esta citação de Isaías não como um castigo de Deus, mas como a aplicação natural da Lei de causa e efeito. Não é Deus que impede o povo de ver com os seus olhos e de ouvir com os seus ouvidos as verdades espirituais. São os próprios espíritos, encarnados e desencarnados, que, pela dureza dos seus corações, se tornaram insensíveis para a realidade espiritual. Têm olhos mas não veem, têm ouvidos mas não ouvem.
Podemos ser levados a crer que o propósito de Deus seria a exterminação deste povo, ou destes espíritos. Mas prestemos atenção à ultima sentença: “(…) e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela”.
Na septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, não se fala em “azinheira”, mas em “terebinto” (τερεβινθος). Desconhecemos o motivo de traduzir como “azinheira”, que, ao que nos consta, é outra planta.
O terebinto é um grande arbusto que quando tem o seu tronco cortado volta a brotar, volta a crescer. O carvalho, quanto mais envelhece, mais se aprofundam as suas raízes, e quanto mais podado, mais cresce.
Assim é com os espíritos. Por mais endurecidos que sejam, por mais que permaneçam apegados à matéria sem dar ouvidos à realidade espiritual, conforme vão adquirindo conhecimentos e experiências, através de inúmeras reencarnações, vão crescendo moralmente e aprofundando as suas raízes espirituais como o carvalho. E do mesmo modo que o terebinto, cada vez que perde o corpo físico (simbolizado pelo tronco) volta em outro corpo.
A “santa semente” é justamente a partícula divina que cada um de nós tem dentro de si, o nosso Cristo interno, o logos ou verbo de que nos fala o evangelista João, que vai se desenvolvendo lentamente ao longo de várias passagens pela matéria.
O nosso Cristo interno, ou o logos, na expressão utilizada por João, é a manifestação de Deus na existência – tudo o que existe é manifestação de Deus. O Cristo que cada um tem dentro de si, à espera de desenvolvimento, é a essência de Deus manifestada na existência.
Os espíritos a que se refere Isaías, neste trecho que Jesus citou, por mais duros que sejam, sempre terão novas chances. E ao longo de incontáveis milênios a semente, a “santa semente”, que é a essência de Deus no espírito, vai se regenerando e desenvolvendo.
“Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele” – vemos novamente uma tradução sem sentido da palavra doxa (δoξα) pela palavra glória: que “glória” é essa que não convenceu nem converteu ninguém? É evidente que a melhor tradução não é glória.
- Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga.
- Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
A melhor tradução aqui é “opinião”, que é o sentido original da palavra doxa – “amavam mais a opinião dos homens do que a opinião de Deus”: se importavam mais em agir conforme a opinião predominante entre os homens do que conforme a Vontade de Deus.
- E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou.
- E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.
- Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
- E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
- Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.
- Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.
- E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.
Aqui não há nada de novo a ser analisado. Todas essas afirmações de Jesus são repetições, são uma espécie de resumo de outras lições.
“(…) Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou” – quem sintoniza com o Cristo está sintonizado com Deus, está em harmonia com a creação divina.
“(…) quem me vê a mim, vê aquele que me enviou” – quem vê o Cristo que habita em cada um de nós vê Deus, pois o Cristo é a manifestação de Deus no mundo sensível.
“Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” – o Cristo é a luz. Em Mateus 5:14 Jesus diz: “Vós sois a luz do mundo”. Quem sintoniza com o Cristo sintoniza com a luz e afasta-se das trevas da ignorância.
“(…) se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” – alguns manuscritos trazem “guardar” em vez de “crer”: “(…) se alguém ouvir as minhas palavras, e não guardar, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo”.
“Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” – “a palavra que tenho pregado” é a tradução de ο λογος ον ελαλησα: “o Logos que falei” ou “o Logos de que falei”. As Leis de Deus estão gravadas em nossa consciência. Quem nos julga, então, é a nossa própria consciência, baseada no critério do Logos, a partícula de Deus em nós. No fundo, sempre sabemos o que convém e o que não convém. O que nem sempre sabemos, ainda, é ouvir a voz da consciência, pois não desenvolvemos suficientemente o nosso Cristo interno.
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