Afinal, quem é Jesus? Um homem que transformaram em Deus? Um espíritos superior, responsável maior pela humanidade terrena? O governador espiritual do planeta Terra? Neste vídeo deixo a minha opinião – ou a falta dela – a respeito deste assunto. O que importa, para mim, são os seus ensinamentos morais. Se você preferir ler, eu transcrevi o texto do vídeo logo abaixo:
No momento em que eu gravo este vídeo, acabei de gravar o décimo segundo vídeo de uma série de trinta vídeos em que estou analisando, interpretando, comentando o evangelho segundo Lucas.
O trabalho que estou fazendo em relação ao evangelho de Lucas é um trabalho que requer ampla pesquisa, para isso consulto autores como Rohden, Pastorino, Champlin, Adolf Pohl, Emmanuel; comentários e algumas traduções do Novo Testamento como do Haroldo Dutra Dias, ou da Bíblia de Jerusalém; verifico as opiniões dos meus queridos amigos José Reis Chaves, Paulo da Silva Neto Sobrinho; consulto eventualmente outros autores espíritas, além de consultar sempre duas versões do Novo Testamento em grego.
Então é um trabalho que requer tempo, requer atenção, requer ampla pesquisa. Se o resultado não é satisfatório, é por falta de capacidade minha, mas não por falta de esforço.
Por que estou dizendo isso? Por que estou dando este preâmbulo?
Para explicar que geralmente nos trabalhos em vídeo que tenho feito eu sou respaldado em ampla pesquisa, e não é o caso deste vídeo que estou gravando agora – estou falando agora o que me deu vontade de falar.
Agora é domingo de manhã – pra você talvez não seja, mas pra mim é domingo de manhã. Todos os vídeos que eu gravo, eu gravo aos domingos pela manhã. Acordo aos domingos às quatro horas da manhã pra aproveitar o relativo silêncio e também para não roubar muito tempo à minha família.
E agora pouco eu acabei de gravar o décimo segundo vídeo sobre o Evangelho de Lucas. Neste momento em que estou gravando eu já publiquei três, e acabo de gravar o décimo segundo. Neste décimo segundo vídeo eu estou abordando a multiplicação dos pães (está lá no capítulo 9 do Evangelho de Lucas):
Eu particularmente não acredito que tenha havido uma multiplicação material. Não duvido de maneira alguma que Jesus fosse capaz de fazer isso, mas pela análise do texto, comparando o que os quatro Evangelhos falam a este respeito, acredito que não tenha havido uma multiplicação material dos pães.
Claro que não vou tratar deste assunto agora porque acabei de falar sobre ele neste vídeo que aborda parte do capítulo 9 do Evangelho de Lucas:
A multiplicação dos pães numa visão espírita
Mas o que me leva a gravar este vídeo agora é justamente a visão que temos sobre Jesus.
Esta parte da multiplicação dos pães geralmente gera alguma polêmica, algumas pessoas acreditam realmente que tenha havido uma multiplicação material, um milagre, e outras pessoas têm visões diferentes, isto é apenas um exemplo.
Mas o fato é que há várias visões diferentes acerca de Jesus, da natureza de Jesus, quem é Jesus, o que é Jesus, quem é este homem, quem é este espírito que alguns pensam ser Deus, ou consideram como Deus.
Eu li os Evangelhos pela primeira vez aos oito anos de idade. Aos oito anos de idade eu era quase virgem (se é que se pode usar esta expressão) em termos de religião, não tinha praticamente nenhuma informação religiosa.
E lembro perfeitamente, como se fosse hoje, lendo o Evangelho de Mateus, o carinho imenso que senti por Jesus, por aquela figura carismática e querida; admirava a firmeza com que ele tratava as pessoas que o desmereciam, como era o caso dos fariseus; e fiquei muito triste ao ver como ele era injustiçado e a maneira como ele foi condenado e desprezado pelos homens. Lá eu tinha oito anos de idade.
A visão que eu tive foi a de um grande homem. Jesus era pra mim um grande homem, um exemplo a ser seguido.
Depois disso eu estudei e reestudei muitas vezes não só os Evangelhos como a Bíblia inteira, percorri na minha infância e na minha adolescência várias correntes de pensamento, várias religiões diferentes, e a minha ideia a respeito de Jesus foi se modificando; passei por um período de ceticismo em relação a Jesus, e depois disso, o Espiritismo.
Eu estudo o Espiritismo há dezoito anos. Já passei por diversos autores e percebi várias formas de pensar a respeito de Jesus, algumas delas bastante diferentes umas em relação às outras.
E o que fica para mim disso? O que eu penso a respeito de Jesus?
Algumas pessoas, talvez a maioria, vejam Jesus como Deus – isso nunca me passou pela cabeça.
Aos oito anos de idade eu vi ele como um grande homem; nos anos seguintes, ainda aos oito, depois aos nove anos, no colégio ensinavam que Jesus era Deus – tinha aula de religião, com uma visão bastante tradicional, e ensinavam que Jesus era Deus.
Eu nunca acreditei, e não acreditei porque eu não acreditei, não tinha nenhuma orientação familiar a respeito disso, mas nos textos que eu havia lido (sem interferência, sem incentivo de ninguém, eu li por minha própria iniciativa) eu nunca percebi Jesus como Deus – pelo contrário, Jesus sempre se referia a Deus como alguém que não era ele, então pra mim Jesus não é Deus. Pode ser pra você, e não tem problema nenhum.
No meio espírita, hoje, a visão mais comum que eu percebo é se referirem a Jesus como o Governador do planeta Terra, ou o Governador espiritual do planeta Terra; essa visão tem muito de Emmanuel.
Eu esclareço desde já que Emmanuel merece todo meu respeito e todo meu apreço. Uma maneira de eu demonstrar, de eu evidenciar isto é que no meu site, Espírito Imortal, eu publico artigos escritos por mim – tem mais de trezentos artigos escritos por mim; eventualmente publiquei alguns artigos escritos por leitores do site, opiniões que eu achei interessantes, principalmente uns nove, dez, doze artigos do Rodrigo PNT.
O Rodrigo é evangélico, estudioso do Espiritismo, então ele tem uma visão privilegiada a respeito de fenômenos espirituais que acontecem em algumas igrejas evangélicas sob o ponto de vista do Espiritismo, mas fora isso nunca publiquei nada de ninguém.
O único autor espiritual, autor de livros espíritas que eu publico, todas as segundas-feiras, é Emmanuel, o livro Vinha de Luz; eu gravo uma mensagem do Vinha de luz por semana, em áudio, e coloco também o texto.
Me parece que isto seja o suficiente para demonstrar que eu respeito Emmanuel – mas Emmanuel é Emmanuel, é um espírito, é uma opinião, tem opiniões no meio espírita bem diferentes dele.
Ramatis, que muitos não consideram espírita – eu confesso que não conheço quase nada da obra de Ramatis, mas sei que ele tem o livro “O Sublime Peregrino”, que traz uma visão de Jesus diferente de Emmanuel.
Tem Os Quatro Evangelhos, de Roustaing, que causa uma certa polêmica no meio espírita, que eu também não conheço.
Mas o que eu quero dizer é que Emmanuel, por mais graduado que seja, por mais digno de credibilidade que seja – ainda mais que ele se manifestava através do maior médium de que se tem notícia, que é Chico Xavier – merece respeito, merece atenção, merece ser estudado e acatado em muitas coisas; mas é uma opinião, é uma visão dos fatos. Não posso acreditar de maneira alguma, sendo racional, que Emmanuel seja o dono da verdade.
Então o que Emmanuel diz a respeito de Jesus serve como uma forma de organizar o pensamento, assim como quem pensa que Jesus é Deus. Se dessa forma eles mantém o seu pensamento organizado, e isso facilita a visão que eles têm a respeito de Jesus, ótimo.
A mim particularmente a origem de Jesus, desde quando Jesus existe, como ele é, como ele não é, em termos cósmicos não faz muita diferença. Alguns pensam e defendem ardorosamente essa ideia, que quando o planeta Terra foi criado por Jesus (eles acham que o planeta foi criado por Jesus, eu não duvido) isso há quatro milhões, quatro milhões e meio de anos atrás, Jesus já era o Cristo cósmico, Jesus já era um espírito evoluído suficientemente para criar um planeta.
Eu sinceramente não me importo com essas questões. Isso pode ser verdade, isso pode ser parte da verdade, isso pode não ser verdade, mas são opiniões, e isso é crença.
O Espiritismo é ciência, o Espiritismo é filosofia, e o Espiritismo é religião – não pra todos, tem espíritas que não são religiosos, mas o Espiritismo também é crença, e o que se refere a Jesus, a origem de Jesus, é crença.
Não há como provar de maneira alguma, nem como evidenciar que Jesus é criador do planeta Terra, ou que Jesus é ministro de Deus – isso são crenças, são modos de organizar o pensamento, e ao meu ver, são desnecessários.
Respeito – e respeito de verdade, não é modo de dizer, não é ser complacente ou condescendente com crenças alheias, com o modo de ver de outras pessoas – respeito quem pensa assim, mas pra mim isso não faz diferença.
Questão 625 de O Livro dos Espíritos:
“Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo? – Jesus”. E aí segue um comentário de Allan Kardec.
Allan Kardec pra mim também não é dono da verdade, e acho que para a maioria dos espíritas não é.
Eu, antes de ser espírita, sou cristão: em primeiro lugar pra mim os Evangelhos e depois o Espiritismo.
O que importa, acima de tudo, é o ensinamento do Cristo. O Espiritismo é a maneira racional, a maneira mais fácil que eu percebo, que eu vejo de compreender, assimilar e tentar colocar em prática pouco a pouco os ensinamentos que nos foram trazidos por Jesus, que nos foram legados por Jesus nos Evangelhos.
Allan Kardec é um grande homem que merece todo o nosso respeito. Existem hoje milhões de espíritas, e muito mais milhões de simpatizantes do Espiritismo, de pessoas que adotam ideias basilares do Espiritismo, e essas pessoas todas devem sua gratidão a Allan Kardec, que foi o organizador, o codificador do ensino dos espíritos.
Kardec merece todo o nosso respeito e toda nossa gratidão, mas é um homem, é um espírito.
Allan Kardec não é um avatar, não é um guru, não é um líder infalível, é um homem – muito importante, um espírito que foi muito importante, permanece sendo importante, mas não é infalível, não é dono da verdade.
Mas Allan Kardec foi chamado, e com muita razão, de “o bom senso encarnado”, e essa questão 625 de O Livro dos Espíritos que eu acabei de mostrar parcialmente reflete isso, o que nos importa saber é que o melhor exemplo que nós temos, o exemplo que Deus nos legou, é Jesus – é isso que importa.
O que é O Evangelho segundo o Espiritismo?
O Evangelho segundo o Espiritismo não é uma tradução dos Evangelhos, não é uma nova versão dos Evangelhos, de maneira alguma.
Allan Kardec deixou de lado atos e fatos da vida de Jesus e condensou, trouxe para O Evangelho segundo o Espiritismo as questões morais, os ensinamentos morais de Jesus, e acrescentou a elas uma coletânea de respostas dos espíritos, comentários dos espíritos a respeito destes ensinamentos morais de Jesus e fez os seus comentários – com exceção do capítulo 20 que trata dos trabalhadores da última hora. O Evangelho segundo o Espiritismo trata do ensinamento moral de Jesus.
Nesses vídeos que eu estou gravando do Evangelho de Lucas eu procuro tratar, abordar o Evangelho como um todo, perceber simbolismos em todos os atos da vida de Jesus, mas o que importa de verdade, para nós, é o ensinamento moral que Jesus nos deixou, porque isso é inegável.
Se todas as pessoas do planeta resolvessem seguir, a partir de hoje, os ensinamentos morais que Jesus nos ensinou, todos os problemas estariam resolvidos, instantaneamente reinaria a paz e o amor na Terra. Isso é eterno, isso é valido para todos os tempos, para todos os lugares.
A origem de Jesus, o que Jesus fez antes, qual é o papel dele no planeta, isso é irrelevante. Isso pode ser importante para quem sente a necessidade de organizar o seu pensamento, de embasar a sua fé em bases mais profundas, mais longínquas.
Algumas pessoas, alguns religiosos que acreditam que Jesus é Deus e que a única salvação está em aceitar Jesus – ou o que eles chamam de aceitar Jesus – dizem que rezam (eu devo acreditar neles) pelos islâmicos, pelos budistas, pelos hindus, pelos espíritas, por todas as pessoas que não são da sua corrente religiosa para que se convertam, para que aceitem Jesus, o Espírito Santo e sejam salvos.
Ninguém precisa aceitar Jesus para ser salvo. O que todos nós precisamos, todos os espíritos da Terra encarnados e desencarnados precisam fazer é seguir o ensinamento de Jesus.
Não é nem preciso conhecer Jesus para seguir o seu ensinamento; o ensinamento de Jesus é universal, e o que nos importa realmente é isso.
Questões polêmicas sobre quem é, de onde veio, qual o papel, se é Deus ou não é, isso é irrelevante. Isso pode ser importante para organizar um pensamento mais complexo, para compreender alguns textos mais difíceis. O Evangelho segundo João, por exemplo, traz uma linguagem cheia de simbolismos que requer muito estudo, muita dedicação para compreender. Aqueles que leem o Evangelho de João e o interpretam ao pé da letra, pra mim isso é uma leviandade.
O Evangelho de João e o Apocalipse requerem muito estudo, requerem anos de dedicação e estudo para compreender o que está ali.
Mas fora esses casos de interpretarmos textos que exigem uma maior elaboração, uma maior busca, uma busca mais longínqua, mais distante, mais profunda, para dirimir as dúvidas que cercam esses textos, fora isso não há a menor importância de saber a respeito da natureza de Jesus.
Fiquemos com os seus ensinamentos morais. Tentar colocar em prática no cotidiano, todos os dias, aquilo que ele nos ensinou, e para isso o Evangelho segundo o Espiritismo é mais do que suficiente. Todos os livros religiosos que tratam do cristianismo, todos os livros espíritas e muitos outros livros de autoajuda, todos eles apenas tentam explicar, tentam desenvolver, tentam tornar mais compreensível, mais assimilável, aquilo que Jesus nos ensinou, mas a verdade está toda contida nos Evangelhos, não precisamos de mais nada além disso.
Não podemos deixar de tentar, por mais difícil que pareça, por mais que nós erremos (eu cometo erro todos os dias e não deixo de tentar nem um dia) nos tornar pessoas melhores.
Algumas pessoas que não me conhecem pessoalmente, ou que conhecem apenas o Morel espírita, podem pensar, e se manifestam assim muitas vezes, como se eu fosse um espírito evoluído, como se eu fosse um homem iluminado.
Tratar de temas relevantes, expressar bem palavras edificantes não quer dizer, de modo algum, que quem o esteja fazendo seja um iluminado.
Eu sou tão passível de cometer erros, e cometo erros quase todos os dias ou todos os dias como qualquer outra pessoa; o que eu tenho feito é um exame de consciência todos os dias antes de dormir, e tenho me proposto todos os dias a pelo menos tentar me tornar uma pessoa melhor, e o que Jesus nos deixou foi isso: prática, fazer – não ficar discutindo coisas vãs, que às vezes são importantes, às vezes é necessário, mas o que é sempre necessário, o que é imprescindível é seguir o ensino moral do Cristo.