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Podemos orar por coisas materiais?

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Podemos orar por coisas materiais? Jesus nos ensinou algo a respeito? Em mais de uma passagem dos Evangelhos Jesus ensina a respeito da mentalização. Este é o tema deste vídeo de 7 minutos. Se preferir, leia o conteúdo em texto logo abaixo:

É muito conhecida a oração que Jesus nos ensinou: o Pai Nosso.

Interpretação do Pai Nosso

Jesus não nos ensinou a pedir coisas materiais. Se não nos ensinou a pedir coisas materiais é porque não é para pedirmos.

Jesus nos diz para cuidarmos das coisas do reino de Deus, ou seja, das coisas espirituais, que as outras coisas nos seriam dadas por acréscimo. Ele também nos diz que Deus sabe daquilo que nós precisamos, então não devemos pedir a Deus coisas materiais.

No Pai Nosso tem aquela parte que diz “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” – mas esta é uma tradução muito mal feita, porque o texto original grego (os evangelhos foram escritos originalmente em grego) não traz a expressão “de cada dia” – a palavra grega é epiousion, que deveria ser traduzida como “sobressubstancial”, “além da substância”. Então seria “o pão nosso além da substância”, “o pão nosso sobressubstancial”: é o pão espiritual, o alimento do espírito, não tem nada a ver com coisas materiais.

Jesus não nos ensinou a pedir coisas materiais, mas nos ensinou sobre a mentalização. Em de Lucas 17 há a cura dos dez leprosos:os leprosos eram considerados espiritualmente impuros pelos judeus, eram afastados da sociedade, não viviam em contato com ninguém, não poderiam nem se aproximar de ninguém senão essa pessoa que entrasse em contato com esse leproso também passaria a ser considerada impura, então viviam totalmente afastados da sociedade. Nesse relato do Evangelho de Lucas os dez leprosos pedem a Jesus que os cure, e Jesus, diferentemente da maneira como costumava agir, não diz a eles que eles estão curados, apenas manda eles se apresentarem aos sacerdotes.

Para que uma pessoa considerada impura, como um leproso, pudesse voltar ao contato com a sociedade, ela precisaria ser declarada pura pelo sacerdote. Então, se por acaso um leproso, por exemplo, se curasse, devia se apresentar ao sacerdote, o sacerdote iria verificar que aquela pessoa estava curada, e ia declarar que ela estava pura. Ela poderia voltar ao convívio em sociedade e poderia vivenciar novamente a sua religião.

Então Jesus apenas manda eles se apresentarem aos sacerdotes, não diz que eles estavam curados, não menciona cura. Eles obedeceram e no caminho ficaram curados, no caminho perceberam que estavam puros, limpos da lepra.

O que este fato nos ensina?

Jesus está nos ensinando que devemos nos antecipar mentalmente àquilo que nós queremos. Devemos agir como se já tivéssemos alcançado aquilo que nós queremos. Jesus mandou que eles se apresentassem aos sacerdotes: eles acreditaram, eles imaginaram a cura, e agiram, foram ter com o sacerdote. Agiram como se já estivessem sido curados, agiram como se já tivessem percebido a cura, e realmente no caminho se deram conta de que estavam curados.

Esse ensino é para a mentalização. Devemos mentalizar as coisas que nós queremos que nos aconteçam. Devemos pensar, devemos falar, devemos agir como se já tivéssemos conquistado as coisas que nós queremos para nós.

Eu disse “as coisas que nós queremos para nós”.

Devemos ter muito cuidado com aquilo que mentalizamos. É preciso saber que se mentalizarmos coisas materiais estaremos focando as nossas forças apenas em coisas materiais. Nós escolhemos aquilo que queremos para nossas vidas, e se mentalizarmos algo para o próximo somos responsáveis até certo ponto pelo que vir a acontecer ao próximo, por isso devemos mentalizar apenas o bem.

Mentalizarmos o bem, mentalizarmos coisas boas para qualquer pessoa é benéfico para essa pessoa, e antes de ser benéfico para esta pessoa é benéfico para nós mesmos, porque qualquer bom pensamento, qualquer bom sentimento, partindo de nós, antes de partir de nós ele está dentro de nós, então todo o bem que nós pensamos, todo o bem que nós desejamos, ele faz bem em primeiro lugar a nós mesmos. Quanto ao mal, a mesma coisa. Se desejamos, se pensamos, se queremos, se mentalizamos o mal de alguém, antes de esse mal atingir esse alguém – se é que vai atingir – ele atinge a nós mesmos, ele está dentro de nós mesmos, antes de partir de nós, este pensamento está em nós.

E Jesus ensina que devemos mentalizar com insistência. Na parábola do amigo inoportuno (ou do amigo insistente), contada por Jesus, nós vemos que um homem recebe uma visita na sua casa, já é noite e ele não tem pão para oferecer a essa visita. Então ele bate na casa de um amigo seu, altas horas da noite, para pedir pão. Esse amigo já está dormindo, está dormindo junto com seus filhos, e diz que não vai abrir a porta porque daria muito trabalho, iria acordar os seus filhos, e pede que este amigo que foi lá pedir pão vá embora. Mas o amigo insiste, e Jesus nos diz que, se o dono da casa não atender por boa vontade, por amizade, vai atender pela insistência, para se livrar do incômodo de ter alguém batendo na sua porta durante a noite.

Esse também é um ensino claro para a mentalização. Se mentalizarmos com insistência criamos as condições necessárias para que se concretize aquilo que estamos mentalizando. Isso é válido para todos os dias das nossas vidas, porque mesmo que não mentalizamos alguma coisa propositadamente, nós temos pensamentos que perduram, que permanecem por bastante tempo na nossa mente.

O medo, a preocupação, a ansiedade também são mentalizações, e tendem a atrair o objeto do medo. E mesmo que esses medos não se concretizem, a tendência é que pelo menos o medo atraia sempre mais medo, a preocupação atraia mais preocupação.

Nosso pensamento é determinante para as nossas vidas, e nós somos responsáveis por todos os pensamentos que nós emitimos. Saibamos controlar os nossos pensamentos seguindo a recomendação de Jesus: orai e vigiai.

Orar – não não pedindo a Deus coisas materiais, e sim força, coragem, perseverança, fé, harmonia, paciência, compreensão, amor. São essas virtudes que nós devemos desenvolver para conquistar o resto; e vigiar os pensamentos – temos que ter controle sobre aquilo que pensamos. Nós somos o resultado do que pensamos: tudo que existe, tudo que há de concreto, antes foi um pensamento. Esse é um dos sentidos da afirmação de Jesus de que “pelo fruto se conhece a árvore”, ou seja, pela nossa vida exterior se conhece o que se passa no nosso íntimo. A árvore são os nossos pensamentos, e o fruto é a nossa vida, resultado daquilo que nós pensamos.

Tenha bons pensamentos.

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