Há uma parábola de Jesus muito popular dentro do espiritismo que fala dos trabalhadores da última hora. Você sabe quem são os trabalhadores da última hora? Alguns colegas mais entusiasmados afirmam sem pensar que são os espíritas.
Eu acredito que muitos espíritas podem ser considerados trabalhadores da última hora. Mas não todos. Também não acho que seja preciso ser espírita para ser considerado trabalhador da última hora.
Acho que os trabalhadores da última hora são os que não apresentam nenhuma qualidade excepcional. Não têm um grande carisma, nem uma inteligência fora do comum, nem um magnetismo pessoal muito acentuado, nem uma mediunidade ostensiva, nem uma grande capacidade de liderança e de convencimento. São pessoas comuns, que se destacam unicamente pela sua boa vontade e pela fé desenvolvida ao longo de muitas reencarnações.
No decorrer da História alguns grupos se sobressaíram nas questões ligadas a Deus e à espiritualidade. Os sacerdotes da Antiguidade, Moisés e os profetas do Antigo Testamento, os chamados pais da Igreja nos primórdios do cristianismo, os sábios de todos os tempos e lugares, os grandes médiuns e líderes espirituais.
Muitos destes eram espíritos já muito superiores a nós, que reencarnaram com a missão de nos apontar caminhos. Outros foram chamados para trabalhar com as coisas do espírito apenas por suas qualidades especiais, sem que isso demonstrasse uma elevação moral considerável.
Hoje estão reencarnados milhões de espíritos que nunca se destacaram, ou que já se destacaram e falharam. Estes espíritos têm, nesta vida, a chance de se destacarem ou de se redimirem pelas vezes em que falharam em suas tentativas de trabalhar em benefício do próximo.
O trabalhador da última hora é pessoa comum. Não tem um grande ensinamento novo a acrescentar, não tem o poder de contagiar as pessoas com a sua energia positiva, não é capaz de reunir multidões em torno de um ideal, não tem uma mediunidade que chame a atenção de leigos e descrentes.
O trabalhador da última hora tem a seu favor a boa vontade, a vontade de fazer o bem, a disposição de aprender, a humildade de não querer parecer maior do que é.
Muitos dos que foram chamados para trabalhar, antes, falharam por precipitação ou por não estarem moralmente prontos; e se perderam em sua própria vaidade e sede de poder. Muitos deles só foram chamados porque tinham algum dom que os faziam sobressair-se dentre os demais. Tinham algum dom que lhes dava poder sobre os seus semelhantes. Poucos souberam tirar um proveito real disso.
Os trabalhadores da última hora esperaram um longo tempo para serem chamados. Enquanto outros aparentemente mais aptos eram chamados, eles esperaram e se fortaleceram. Por terem esperado tanto tempo, por terem aguentado firmes até que fossem chamados, desenvolveram a esperança e a fé.
Essas são características dos espíritas que você conhece? Fé e boa vontade pra trabalhar? Esperança e muita disposição para aprender? Acho que estes são os trabalhadores da última hora.