O que é virtude? O que a virtude representa para você? Você acha que a virtude está fora do seu alcance?
Alguns anos atrás os crimes bárbaros eram noticiados nas páginas policiais. Tinha jornal que, se alguém espremesse, saía sangue. Acho que ainda há jornais assim. Mas eles estão ultrapassados. Com a internet e as redes sociais, crimes de toda espécie se tornaram corriqueiros, e às vezes já não nos chocam mais.
Lembro de ter ouvido, na infância, sobre alguns crimes chocantes, terríveis. E me perguntava como alguém era capaz de fazer isso, o que passava na cabeça dessa pessoa enquanto cometia o crime.
Quem comete um crime grave está com a mente doente. Em algum momento da sua trajetória espiritual sua mente associou o objeto desse crime a alguma espécie de prazer, e, mesmo sabendo que está errado, o prazer que sente ou a promessa de um prazer futuro fala mais alto dentro de si.
Cometemos pequenos crimes todos os dias. Sempre que fazemos algo que consideramos errado ou quando deixamos de fazer algo que consideramos certo estamos cometendo pequenos crimes contra nós mesmos. Muitas pessoas ainda não despertaram a consciência, ainda não examinam a própria consciência, por isso não sofrem, pelo menos não conscientemente.
Mas quem já tem bem claro dentro de si o que convém e o que não convém, o que deve ser feito e o que não deve ser feito, não tem como enganar a si mesmo. Cada erro que comete, por menor que seja, é imediatamente percebido e registrado pela consciência. É claro que, por ainda estarmos muito longe da perfeição, é normal que ainda cometamos deslizes. Mas não podemos continuar a fazer aquelas coisas que já nos propusemos várias vezes a não fazer.
É o caso dos vícios, da gula, da preguiça, do desejo desenfreado. Cada vez que você recai num erro que havia se proposto a superar, a cobrança interna é imediata. A sua auto-reprovação é muito mais intensa do que o eventual prazer proporcionado pelo seu erro. Persistir no erro, então, é burrice. Mais que isso, é um atentado contra a sua consciência.
Um dia desses uma pessoa respeitável do meu círculo de convívio disse que ainda não somos virtuosos, que ainda estamos longe de conquistar a virtude. A ocasião não era conveniente para debates, mas discordo dessa idéia. Virtude vem do latim virtus, que quer dizer “força”. Estamos exatamente no estágio da força, de usarmos a nossa força para combatermos o mal em nós e permitirmos que o bem que há em nós venha para fora. Ser virtuoso é usar a própria força moral para combater as más tendências e desenvolver cada vez mais características positivas.
Esse esforço deve ser diário, permanente, sem trégua. A sua existência atual vai passar rápido, a minha também. Vivemos dias muito dinâmicos, o tempo voa. Se você quer voltar para o plano astral um pouco melhor do que quando chegou ao plano físico, deve respeitar o tempo e não deixar para vencer a si mesmo depois. A vitória sobre nós mesmos deve ser diária, permanente. Não se permita errar indefinidamente. Respeite-se.