Comportamento

O que é espiritismo?

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Eu poderia responder à pergunta “o que é espiritismo” repetindo os bordões que aprendemos em cursos como o ESDE. Não que as definições “oficiais” não estejam corretas; mas acho que temos que aprender a falar por nós mesmos, sempre. Senão nos tornamos chatos, repetindo ladainhas decoradas para impressionar incautos.

Espiritismo é um modo de vida – essa é a minha definição. Hoje; amanhã pode ser outra.

Espiritismo é um modo de vida, um estilo de vida. O espírita vê o mundo de outra maneira – o espírita que estuda e pratica o Espiritismo, bem entendido.

Por que o espírita vê o mundo de outra maneira? Porque o espírita tem sempre em mente que ele é um espírito. Somos espíritos experimentando uma existência carnal. Mas somos espíritos imortais, vamos viver para sempre, teremos muitas outras existências semelhantes a esta, e outras nem tanto.

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O que é espiritismo?

O espírita não foge do mundo

O espírita não foge do mundo, pois sabe que os problemas são oportunidades de crescimento, de aprendizado, de progresso moral e intelectual. Então o espírita busca bons ambientes, procura conviver com pessoas mais positivas, mais otimistas, mais voltadas para o bem. Mas isso não se transforma numa fuga.

O que não falta na Terra são pessoas problemáticas. Temos que evitar a influência de pessoas problemáticas, e, na medida do possível, temos que conviver com pessoas mais equilibradas. Mas quem precisa da nossa ajuda são justamente as pessoas mais problemáticas, e faz parte da tarefa espiritual do espírita esclarecer essas pessoas sobre a origem dos seus males e os meios de superá-los.

O espírita não espera pelos outros

O espírita experimentado sabe que cada um é aquilo que faz de si mesmo. Nós somos os construtores da nossa própria realidade. Não podemos, portanto, esperar facilidades e favores de ninguém. Temos que aprender a nos bastar a nós mesmos.

Por outro lado, sabemos que somos seres interdependentes, e que, eventualmente, precisaremos da ajuda de alguém. E, assim como somos ajudados, temos que ajudar o nosso próximo. Há sempre alguém precisando exatamente do tipo de ajuda que nós podemos oferecer.

Estamos aqui para agir. O espírita valoriza muito a oração, que é uma concentração do pensamento que nos eleva e reconforta. Mas o espírita sabe que não basta orar, é preciso agir. A resolução dos nossos problemas depende muito mais da nossa ação do que de orações.

O espírita não tem verdades prontas

Algumas pessoas de conclusões apressadas acusam os espíritas de terem verdades prontas, de terem resposta para tudo. Não é verdade. O espírita estuda mais do que a média, por isso está mais próximo de encontrar soluções para os problemas do espírito. Baseados nos conhecimentos propagados e movimentados no meio espírita, os espíritas procuram, sim, explicações para tudo. Não como uma simplificação. Não para aparecerem, parar serem donos da verdade. Mas para que fique cada vez mais demonstrado que não existe acaso, que tudo tem uma razão de ser, que sorte e azar são apenas eventos para os quais não encontramos, ainda, nenhuma explicação convincente.

É claro que, em busca de respostas, algumas vezes os espíritas viajam na maionese. É um risco de quem aposta na ação. Quem aposta na passividade não perde nunca – mas também não ganha. Essas pessoas mais passivas devem estudar a parábola do filho pródigo: o filho que apostou na ação cometeu uma série de erros mas voltou feliz e foi recebido com alegria pelo pai. O irmão que apostou na passividade não aprendeu nada e ficou se remoendo de inveja.

O espírita aproveita a vida, mas não é apegado aos bens materiais

Será que eu estou forçando a barra? Ou é assim mesmo? Se não é assim, deveria ser assim. O espírita não tem nada a temer do que a vida material tem para oferecer. Este mundo impõe trabalho, oferece algumas dores, mas também nos proporciona muitos prazeres. E não há nada, absolutamente nada de errado com os prazeres. O problema pode surgir se nos apegarmos a eles, isso sim.

O grande problemas dos vícios e do sofrimento causado pelos vícios se deve ao apego que começamos a nutrir por tudo o que nos dá alguma espécie de prazer. Não há nada de errado com o prazer em si, mas temos que evitar o apego.

O espírita não pode ser apegado a nada. Nem a prazeres, nem a coisas, nem a pessoas, nem a situações, nem a emoções. Se você é espírita e permanece apegado a tudo isso, algo está errado. Se, pior ainda, você acha que nada está errado, você deve rever os seus conceitos.

Afinal, se somos espíritos imortais e estamos apenas de passagem pelo plano material, como é que vamos nos apegar a um monte de coisas que são passageiras? Não está na cara que esse apego vai trazer sofrimento mais tarde?

Falei dos espíritas: mas e o espiritismo?

Ora, o espiritismo só tem razão de ser porque há espíritas. Se não houver espíritas, o espiritismo não existe. As Leis divinas postuladas pelo espiritismo continuam existindo, mas o espiritismo, como uma doutrina disposta a organizar o conhecimento das coisas do espírito, perde a sua razão de ser.

Acho contraproducente a discussão sobre pureza doutrinária. Se você pensou que fosse ler alguma coisa sobre as diferenças entre espiritismo as outras religiões, ou alguma coisa como “o que é espiritismo e o que não é espiritismo”, você terá que continuar a sua busca. Particularmente, acredito que só o estudo mais aprofundado pode dirimir essas dúvidas de maneira satisfatória.

Diferentemente do que muitos pensam, o espiritismo não é uma doutrina estática, facilmente delimitada. Seus limites dependem dos limites de que o estuda e pratica. As obras básicas de Allan Kardec, que alguns saudosistas chamam de “Pentateuco kardekiano”, não são uma nova Bíblia, a Bíblia dos espíritas.

Posso estar sendo maldoso, e me perdoem os mais sensíveis, mas não posso deixar de pensar que quem quer fazer da obra de Kardec uma nova Bíblia, no fundo, no fundo, tem preguiça de estudar. É mais fácil ficar com um só autor, é menos estudo, menos conceitos com que trabalhar.

Allan Kardec é a base, a origem, o começo necessário do estudo. Mas estacionar em Allan Kardec é injustificável.

O espiritismo bem compreendido e bem vivido nos torna mais felizes, pois aprendemos a valorizar as experiências e a aproveitar todos os dias de nossas vidas. Cada reencarnação é uma oportunidade única, que não deve ser desperdiçada. Percebendo isso, desenvolvemos a gratidão a Deus, gratidão pela vida, pelas pessoas, pelo planeta, por tudo o que faz parte da nossa experiência.

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