O Fabio Franca, assinante do meu canal no Youtube, me perguntou a respeito de Hitler. Eu já recebi muitas perguntas sobre Hitler. Quase todas querendo saber onde ele está, o que aconteceu com o espírito de Hitler. Mas a pergunta que o Fabio me faz é essa:
– Existe a possibilidade de Hitler reencarnar como um bom homem ou ele seria cruel de novo?
Hitler se tornou um símbolo de algumas das piores qualidades humanas. Mesmo que a História mostre que houve outros ditadores tão ou mais cruéis que ele, que também causaram grandes estragos para a humanidade, a primeira pessoa que nós lembramos quando o assunto é a crueldade humana é Hitler.
A História tem essa característica de formar ícones. Antes de Hitler já havia grandes ícones do Mal, como Átila, o huno, e Gêngis Khan.
Sobre o paradeiro do espírito de Hitler, isso pode ser desanimador para os mais curiosos, mas nós não temos como saber.
O Geraldo Lemos Neto relata uma conversa informal que ele teve com o Chico Xavier. Chico disse a ele que Hitler recebeu das Altas Esferas uma sentença de ficar 1.000 anos numa prisão espiritual em Plutão. Isso por causa dos erros cometidos por Hitler – mas também como uma proteção a ele em relação aos milhões de espíritos que gostariam de se vingar dele.
O Chico teria dito também que quando Gandhi desencarnou pediu pessoalmente a Jesus pra cuidar de Hitler, ser uma espécie de guia de Hitler.
Eu não posso duvidar do Geraldo, isso seria o mesmo que chamá-lo de mentiroso. Também não posso simplesmente negar o que o Chico disse. Mas essas conversas informais do Chico não me parece que devam ser tomadas à conta de verdade – pelo menos não do modo com nós concebemos a verdade. Isso pode ser uma tentativa de nos fazer entender algo muito complexo; pode ser a maneira como o Chico conseguia apreender as informações que eram passadas a ele pelos espíritos; pode ser verdade, quem sabe?
Mas também pode ser pura viagem do Chico, por que não? Será que o Chico era infalível? Claro que não! Existe uma tendência no Movimento Espírita de dizer amém pra tudo o que o Chico e o Divaldo falam, mas eles são seres como nós. Um pouco melhores, mais esclarecidos, mas ainda seres como nós.
Agora, essa pergunta do Fabio.
Não existe a possibilidade de Hitler reencarnar como um homem bom, pelo menos não por um bom tempo – séculos, talvez milênios.
Não pelas crueldades da Guerra – sempre existiu guerra, nós vemos que O Livro dos Espíritos trata a guerra com a maior naturalidade, sem falar que não foi Hitler quem declarou guerra;
Não por causa dos campos de concentração – todos os grandes países envolvidos na II Guerra tinham campos de concentração, alguns países têm até hoje;
Não pela perseguição aos judeus – os judeus foram perseguidos por serem judeus desde que o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, e não foram o único grupo combatido pela Alemanha Nazista;
Na verdade o erro de Hitler – não só de Hitler como de vários dos seus companheiros de partido e de ideais – é muito mais profundo.
Na História popular que ensinam nas escolas, Hitler é mostrado como um fanático propenso a ataques de cólera, um homem sádico e louco que queria dominar o mundo.
O revisionismo tenta passar a ideia infinitamente infantil de que Hitler desejava apenas a unificação da Alemanha, uma espécie de grande pai do povo alemão, vítima do sionismo internacional. Para eles não existiram campos de extermínio e tudo o que se fala de Hitler e da Alemanha Nazista é uma versão mentirosa dos vencedores.
Hitler desde jovem se interessava por aquilo que popularmente chamam de ocultismo. Hitler conhecia magia, estudou a Doutrina Secreta, de Helena Blavatzki, muito provavelmente leu obras espíritas de cunho científico. Hitler detestava Rudolph Steiner, que se desdobrava e se infiltrava nas reuniões secretas dos iniciados do Partido Nazista.
Hitler era um iniciado, não há a menor dúvida a respeito. Aliás, Hitler era médium, e serviu de instrumento para que seres mais fortes que ele, os seres que realmente comandam o Mal na Terra, colocassem em prática seu plano de domínio. Hitler achava que conhecia suas reencarnações anteriores, e numa delas teria sido o imperador Tibério.
Qual foi, então, o erro profundo de Hitler?
Para explicar isso nós temos que ir mais longe.
Eu tenho visto alguns confrades espíritas defenderem a ideia de que Kardec antecipou Darwin na questão da evolução das espécies. Isso inclusive é tema de um livro publicado pela FERGS – Federação Espírita do Rio Grande do Sul..
Na verdade não foi Kardec que antecipou Darwin, foi Darwin que fez Kardec mudar de ideia e promover novo debate com os espíritos.
Poucos espíritas conhecem a 1º edição de O Livro dos Espíritos. O Livro dos Espíritos que nós conhecemos é a 2º edição. E há grandes diferenças entre as duas, a começar pelo numero de questões, que era de 501 e passou para 1018.
Para nós nos situarmos no tempo:
– 1º edição de O Livro dos Espíritos – 1857;
– A Origem das Espécies, de Darwin – 1859;
– 2º edição de O Livro dos Espíritos – 1860.
Nós vamos ver a substancial mudança de posicionamento de Kardec em relação a um tema diretamente atingido pelo lançamento do livro de Darwin.
Diferença entre os homens e os animais:
Na 1º edição Kardec pergunta:
37 – A diferença entre o homem e os animais não consistiria apenas no desenvolvimento das faculdades?
A resposta dos espíritos é:
“Não, acabamos de dizê-lo; o homem é um ser à parte; seu corpo apodrece tal qual o dos animais, é certo, mas seu espírito tem outro destino que só ele pode compreender.”
Na 2º edição, conhecendo a teoria proposta por Darwin, Kardec retoma a resposta dada pelos espíritos e pergunta:
610 – Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?
Eles então respondem:
“Não, mas a questão não fora desenvolvida. Além disso, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.”
Origem evolutiva do espírito do homem:
Aqui nós vemos que todo o entendimento a respeito da origem do homem foi reformulado.
Na 1º edição, é dito que “o homem jamais foi outra coisa que não um homem” e que “seria um erro acreditar que,
por uma lei progressiva, o homem passou pelos diferentes degraus da escala orgânica para chegar ao seu estado atual.”
N a 2º edição, Kardec pergunta: Onde passa o Espírito a primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
Ou seja, o homem passou, sim, por outros estágios evolutivos (claro que, então, não era homem); o princípio inteligente estagiou em outros reinos antes de ser o que nós conhecemos como espírito.
Mas o que isso tem a ver com Hitler?
Nós vamos chegar lá.
Por que os espíritos disseram, na 1º edição de O Livro dos Espíritos, que o homem é um ser à parte na Creação?
Por que a ideia de evolução oferece muitos perigos. Darwin passou por um verdadeiro martírio íntimo antes de publicar a sua obra. Darwin tinha muito medo do que a sua obra poderia causar. E realmente causou.
Antes do livro de Darwin, ainda predominava a crença de que Deus creou o mundo em seis dias. A Igreja ainda comandava as mentes ocidentais. O livro de Darwin foi uma revolução na maneira de ver o mundo. O fundamentalismo bíblico teve origem justamente na tentativa de promover uma resistência ao evolucionismo de Darwin.
Embora Darwin não tenha tratado especificamente do homem em A Origem das Espécies, ficou subentendido que a seleção dos indivíduos de uma espécie poderia ser promovida artificialmente se houvesse um propósito neste sentido.
O primo de Darwin, Francis Galton, aplicou essa ideia para promover melhorias hereditárias. Tanto ele como Darwin acreditavam que talento e genialidade eram hereditários, poderiam passar dos pais para os filhos – além, é claro, das características físicas. Foi esse primo de Darwin que cunhou a expressão “eugenia”. Galton definiu eugenia como “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”.
Na primeira metade do século XX os movimentos de eugenia se tornaram muito populares, principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os principais visados nos Estados Unidos eram os deficientes físicos e mentais, os pobres, os judeus e os italianos. Homens e mulheres eram separados e confinados, para que não pudessem se reproduzir; a esterilização era aplicada em massa; e a eutanásia chegou a ser usada.
Isso era política de Estado, era tido como um grande avanço da ciência e como um bem para a humanidade.
Esse foi o erro profundo de Hitler. Ter comprado essa ideia e aplicado essa ideia maciçamente. Embora essa política tenha começado na Inglaterra e nos Estados Unidos, foi na Alemanha Nazista que ela teve oportunidade de ser colocada em prática drasticamente.
Acreditava-se, realmente, que esse era um modo de limpar a população. O objetivo era criar um super-homem. Assim como fazem com os cachorros de raça ou com as vacas leiteiras, só os melhores exemplares da espécie humana teriam direito de reproduzir.
Por que isso é tão grave? Por que isso ultrapassa qualquer crueldade momentânea. As vítimas de uma crueldade de guerra podem se recuperar e prosseguir a sua caminhada evolutiva – e é isso que acontece, mesmo que essa recuperação seja difícil e às vezes muito demorada.
Mas como ficaria a reencarnação daqueles que não fossem considerados dignos de viver?
Uma pessoa que tem uma deficiência física ou mental é, quase sempre, portadora de um estigma cármico, ou seja, essa deficiência tem origem no espírito, a partir de algum equívoco produzido ou sofrido por ela mesma em outra existência. Ela não consegue simplesmente se livrar dessa deficiência antes de reencarnar. Esse espírito, então, estaria permanentemente proibido de reencarnar; pois, se reencarnasse, seria imediatamente abortado por causa da sua deficiência.
Um projeto como esse vai além da crueldade sádica. Isso é uma interferência direta e massiva contra a Lei de Deus, a Lei que nos rege a todos.
Então não existe a menor possibilidade do espírito de Hitler reencarnar como um homem bom. Não durante muito tempo. Um espírito como ele tem a mente deturpada. Quem compreende a reencarnação; quem sabe que a vida continua depois da morte física; e mesmo assim compactua com essas ideias tem a mente deturpada. Profundamente deturpada.
Existe um fenômeno divino chamado Vida. A forma de vida mais elevada que nós conhecemos é o ser humano. Querer comandar e controlar o curso da vida humana no planeta é brincar de Deus.