O que acontece quando desencarnamos? Morrer e desencarnar é a mesma coisa? O que ocorre no momento da morte? Para onde vamos? Essas perguntas inquietam muitas pessoas. Por outro lado, o assunto “morte” é geralmente evitado. Costumamos evitar assuntos incômodos. Mas como ignorar algo que é inevitável para todos nós?
Quanto mais conhecimento tivermos sobre a morte e tudo o que a cerca, mais fácil será para nós quando a experimentarmos. Quando fazemos uma longa viagem sempre nos preparamos: procuramos conhecer o lugar para onde estamos indo, procuramos saber como são as pessoas com quem iremos conviver. Como, então, não nos prepararmos para essa viagem tão importante que é a morte?
Este é o tema deste vídeo, que eu convido você a assistir.
O que acontece quando desencarnamos?
A primeira coisa que temos que entender é que morrer e desencarnar são coisas diferentes. A morte é a falência dos órgãos físicos, é o esgotamento irreversível do corpo físico, mas, você pode morrer e não desencarnar; eu espero que não aconteça isso pra você, pois morrer e não desencarnar significa ficar preso ao corpo físico morto. E isso acontece com mais frequência do que se imagina.
Por que nós temos medo da morte?
Talvez pelo desconhecimento. Nós costumamos temer tudo que é desconhecido, e a verdade é que normalmente nós não nos ocupamos com a morte, pelo contrário, quando o assunto é morte quase sempre tem alguém que pede pra mudar de assunto, como se a morte não fosse uma coisa inevitável e absolutamente natural.
Há motivos para temer a morte?
Depende. Depende principalmente do tipo de vida que nós levamos. Mas uma coisa é certa: nascer é muito mais difícil do que morrer. Reencarnar é muito mais complexo que desencarnar.
No capítulo 13 do livro Missionários da luz, de André Luis, nós acompanhamos a reencarnação do espírito Segismundo:
Segismundo trabalhava muitos anos no plano astral, era um excelente trabalhador, tinha um respeitável currículo de bons serviços prestados ao próximo. Segismundo vivia em paz e cheio de confiança, mas aí se aproxima o momento de reencarnar, e por seus próprios méritos ele conquistou o direito a uma reencarnação assistida, a um planejamento reencarnatório que lhe permitiria reparar o mal que havia cometido no passado.
Segismundo iria reencarnar como filho de uma ex amante e do homem que ele havia assassinado no passado. Na existência anterior, ele e o seu futuro pai haviam disputado a mesma mulher, e ele matou o rival. E agora ele reencarnaria como filho dos dois.
Segismundo é um espírito esclarecido e que foi ajudado, mas a grande maioria reencarna automaticamente por afinidade, por atração ou compulsoriamente, muitos destes em estado de inconsciência.
Para reencarnar há o restringimento do corpo astral, há um difícil processo de adaptação ao útero materno e um estado de inconsciência ou semi inconsciência durante a formação do novo corpo físico, depois o nascimento que certamente não é nada agradável. O bebê é, de uma hora pra outra, expulso do corpo da mãe. E a partir daí ele passa por um longo processo de adaptação dos seus órgãos e das suas faculdades, as novas necessidades exigidas pelo plano físico, sempre com o risco – o grave, sério risco – de falhar nas suas tentativas, nos seus propósitos de reajuste, de rearmonização, sempre correndo o risco de recair nos velhos erros do passado, já que há o esquecimento temporário do passado. Nascer, então, é mais difícil do que morrer.
Mas morrer também é um desafio. Quem já teve a experiência da paralisia do sono – que é se ver dentro do corpo, ou parcialmente desacoplado do corpo físico – e não conseguir voltar pro corpo, não conseguir acordar, sabe bem como essa é uma sensação angustiante.
Eu passei por isso durante vários anos, até aprender a lidar um pouco com as próprias energias, e a partir daí treinar a projeção consciente, que é a saída do corpo físico com plena consciência no plano astral.
Eu esclareço, como já fiz em outras vezes, que não sou um praticante da projeção em consciência. Quem quiser maior informações sobre o assunto, pesquise os vídeos – excelentes por sinal – do Wagner Borges e do Saulo Calderón, que são especialistas no assunto.
Mas a morte tem muito a ver com a projeção consciente, é muito semelhante; com a diferença, claro, de que é uma saída definitiva, é o abandono do corpo físico, a ruptura do corpo físico, e a partir dali, claro, o começo de uma nova etapa.
Talvez o que cause mais medo da morte seja o medo de ficar preso no corpo físico – que como eu disse, isso realmente é uma coisa terrível – se nos imaginarmos presos ao corpo, o corpo se decompondo, os vermes, o esqueleto, isso realmente é assustador, mas isso é o corpo físico, e nós não somos o corpo físico, nós estamos temporariamente revestidos de um corpo de carne, mas nós não somos esse corpo.
Nós nos apegamos a quase tudo, inclusive ao corpo, e é natural, esse corpo nos acompanha durante algumas décadas, e é claro que devemos gostar dele, devemos respeitá-lo, mas sabendo, que assim como acontece com uma roupa de que nós gostamos muito, e que nós usamos muito até ficar bem batida, bem surrada; um dia nós teremos que deixar esse corpo.
Logo no momento da morte, o que acontece?
Nós ainda estamos presos ao corpo. O corpo recém deixou de funcionar. Nós podemos estar totalmente lúcidos sem conseguirmos nos mexer.
Um espírito mais elevado, mais esclarecido, ele lamenta muito neste momento não poder transmitir ao seus entes queridos, aos seus familiares, as pessoas mais próximas que estão ali perto dele, perto de seu corpo naquele momento, não conseguir transmitir que ele está bem, que o médico disse que ele morreu, que a família está ali chorando, mas que ele está bem, que ele continua vivo, tão vivo quanto antes.
Um espirito atrasado, sem esclarecimento, pelo contrário, ele quer que os seus familiares que estão ali na volta, que os convençam de que o médico está errado, porque ele não está morto, ele está vivo. Ele está pensando, e se está pensando, ele está vivo.
E como o médico atestou que ele está morto, ele ouviu o médico dizendo ‘’olha, ele morreu’’, e ele sente que está vivo, o seu medo então, e esse medo é um medo terrível, de que ele seja enterrado vivo.
Nunca na sua vida ele sequer cogitou a hipótese de existir vida depois da morte. Ele achava, como muitos acham, que morreu acabou.
Se ele está vivo agora – sente que está vivo, sabe que está vivo – o médico diz que ele está morto, então deve haver algum engano por parte do médico. Ele deve estar em um estado cataléptico, o médico se enganou e ele vai ser enterrado vivo.
O melhor desse momento sem dúvida alguma é entregar-se, entregar-se para a morte. Quem experimenta a paralisia do sono sabe que quanto mais força se faz, quanto mais se tenta voltar para o corpo, quanto mais se tenta acordar, pior fica.
Mas, basta se acalmar que tudo resolve. Quando a gente se acalma – eu aprendi isso por experiência própria – ou nós nos acoplamos ao corpo físico e acordamos, ou saímos de uma vez do corpo físico com o corpo astral e aí podemos passear tranquilamente.
É claro que não estou aconselhando ninguém a aprender a projeção consciente para passear; projeção consciente deve ser realizada, estudada, treinada com motivações sérias.
O doutor Raymond Moody é o maior especialista do mundo em EQM (experiências de quase morte), ele analisou cuidadosamente mais de mil casos de pessoas que foram dadas como mortas e voltaram a viver, e contaram, relataram as suas experiências que tiverem durante aquele período que foram dadas como mortas.
A imensa maioria desses relatos é de boa experiência. Quase todos relatam que passam por um túnel, que provavelmente seja o deslocamento da consciência pelos fios energéticos, pelos laços energéticos que unem os nossos diferentes corpos.
E esses relatos são quase inânimes em narrar uma espécie de reconstituição de suas vidas. Como se fosse um filme que passasse em suas mentes, rememorando todos os fatos marcantes dessa sua mais recente reencarnação.
Uma coisa que deve ser salientada, e isso é relatado com detalhes no livro “Além da Sepultura”, psicografado pelo Hercílio Maes, é que o bem que fizemos nos apresenta um novo significado. A sensação pelo bem que fizemos é geometricamente amplificada. Pequenos atos benéficos que praticamos nos fazem muito felizes, e os erros que nós cometemos nos pesam muito, pequenas coisas do cotidiano, antigas fraquezas as quais nós já estamos tão acostumados que quase não nos cobramos mais, elas nos aparecem pesadas depois da morte. Elas nos entristecem.
Nossos vícios, seja o vício de uma substancia, as fraquezas sexuais, as mentiras, tudo aquilo que nós fazemos escondidos, tudo aquilo que nós não faríamos se houvesse alguém olhando, Tudo isso nos entristece muito, porque aí somos nós com nós mesmos. É o momento de reencontro com a nossa intimidade, depois de décadas de distração material, de repente, pela primeira vez em muito tempo, não há nada a perturbar a nossa atenção, não há nada exterior, só as nossas experiências intimas e os seus verdadeiros significados.
É possível lembrarmos de outras vidas?
O normal é lembrarmos toda a existência que passou. Podemos eventualmente ir além e lembrarmos fatos que aconteceram em outras existências, fatos muito marcantes, muito relevantes, mas isso não é o mais comum.
Um fenômeno que ocorre com quem está começando as suas experiências de sair do corpo, seja propositadamente ou não, é um forte ruído no interior da cabeça, um estrondo ou um forte zumbido, ou uma espécie de barulho de motor.
Esses sons intracranianos são causados pela separação brusca da cabeça astral em relação a cabeça física. Quando a cabeça astral se separa muito bruscamente da cabeça física ocorre esse barulho. E isso também ocorre na morte, é a separação dos corpos e dos laços que prendem o corpo astral ao corpo físico. Há muitos ruídos e um turbilhão de luzes, de faíscas, afinal isso envolve uma imensa quantidade de energia.
Como ter uma morte melhor?
Tendo uma vida melhor.
Nós reencarnamos para sermos úteis ao próximo. Nosso papel é servirmos a humanidade, nem que a humanidade se resuma a nossa família, ou as pessoas mais próximas.
Se tivermos uma vida produtiva em favor do próximo, certamente nós teremos angariado a simpatia, a amizade de bons espíritos trabalhadores, que poderão nos auxiliar nesse momento especial da nossa trajetória, mas quem nunca fez nada por ninguém dificilmente vai contar com a ajuda de alguém.
Alguém pode dizer: Ah, mas os bons espíritos fazem o bem sem ver a quem.
Não senhor. Há muito mais trabalho a ser feito do que trabalhadores para exercerem esse trabalho. Não dá pra ajudar todo mundo.
Jesus já dizia: a seara é grande mas os trabalhadores são poucos. Então sempre tem preferência aquele que também trabalha em benefício do próximo.
Além disso, nós precisamos aprender através da experiência própria. Se nós tivemos uma vida inteira de apegos às sensações da matéria, somos nós mesmos que precisa aprender a nos desapegar, e esse aprendizado por mais duro que seja, é em nosso interesse.
Uma coisa comum que acontece com quem está próximo da morte é uma maior sensibilização do chacra frontal, o que favorece a vidência, e isso possibilita a pessoa que está prestes a desencarnar que ela veja espíritos seus conhecidos, quase sempre seus familiares já desencarnados que vem lhe ajudar nesta sua viagem.
Se ela tiver espíritos amigos, dispostos e em condição de ajudá-la, e se ela estiver receptiva a esta ajuda, ela é auxiliada até mesmo no desligamento dos laços energéticos que prendem o corpo astral ao corpo físico, e é acompanhada, até certo ponto, nos seus primeiros passos de retorno ao plano astral. Então vai haver ali uma aclimatação, uma readaptação, afinal de contas muita coisa muda. A própria alimentação, ela vai sentir fome nos primeiros momentos e não tem mais aquela alimentação sólida a que nós estamos acostumados.
Se a pessoa que desencarnou tem algum vício, cigarro, por exemplo: a vontade de fumar, a necessidade do vício permanece. Então será uma dificuldade se acostumar sem esse vício.
E as nossas dependências cotidianas, os hábitos que nós temos, a dependência em relação a pessoas que ficaram por ai, tudo isso terá que ser eliminado, então existe esse clima de aclimatação.
Para onde nós vamos?
Grande parte, talvez a maioria, ou pelo menos a metade fique por aqui mesmo.
Muitos morrem e pensam que estão vivos, permanecem sentindo o seu corpo, o corpo astral agindo no plano astral tem uma consistência semelhante ao plano físico.
Então a pessoa que morreu olha os seus familiares, olha as outras pessoas, não é reconhecido, não entende o que está acontecendo, pensa que de repente enlouqueceu, mas acaba se adaptando a essa nova vida e permanece por aí mesmo.
E existe o caso muito curioso daqueles que acreditam que depois da morte é o descanso eterno. Essas pessoas, esses espíritos se auto sugestionam, numa quase hipnose durante toda a vida; quando morre, então, nada mais lhes resta, mesmo que inconscientemente, a não ser dormir, e dormem. Dormem durante décadas.
E outros, então, vão para as chamadas cidades estrais ou colônias astrais, onde os espíritos se aproximam por afinidade. Aliás, nós sempre, encarnados ou desencarnados, nos aproximamos uns aos outros por afinidade, as nossas companhias são as mesmas. Se tivemos boas companhias durante encarnados, certamente teremos boas companhias depois de desencarnados. Mas se nós andamos mal acompanhados enquanto encarnados, depois de desencarnados a coisa não vai mudar.
É bom nós estarmos sempre preparados para a desencarnação. Particularmente, antes de dormir eu passo em revista rapidamente os principais acontecimentos do dia, isso é uma coisa rápida, e me dou uma nota. Quase sempre a nota fica ali entre 4 e 6, e me questiono todas as noites: Se eu morresse agora, será que eu estou pronto?
É bom nós termos planos para a nossa vida no astral, é bom nós termos planos até para a nossa próxima reencarnação, para evitarmos a supressão da consciência, para evitarmos a fraqueza.
O evangelho de João fala muito na vida eterna. A vida eterna, entre outras coisas – pelo menos em suas facetas mais simples – é justamente uma vida sem solução de continuidade, sem perdermos a consciência e podermos assim dar continuidade a um projeto ao qual estamos vinculados. Quero permanecer então, depois de desencarnado, vinculado a este projeto ao qual estou vinculado hoje, e continuar isso na minha próxima encarnação.
É bom estarmos prontos.