Esta é a quarta petição formulada por Jesus na oração que ele nos ensinou, o Pai Nosso, de acordo com o Evangelho de Mateus.
Esse texto é parte integrante do nosso livro Evangelho sem Mistérios, que você pode ler clicando sobre o título.
“O pão nosso de cada dia nos dá hoje”.
Nesta petição nós encontramos um grave erro de tradução. A maior parte das traduções traz “o pão nosso de cada dia” ou “o pão nosso cotidiano”.
A palavra grega que é traduzida como “de cada dia” ou “cotidiano” é epiousion. Esta palavra só existe aqui, nesta passagem do Evangelho.
Na Vulgata de São Jerônimo, que foi a tradução “autorizada” da Bíblia para o latim, na virada do século quarto para o século quinto, A palavra grega epiousion foi traduzida como sobresubstantiale no Evangelho de Mateus e como cotidianum no Evangelho de Lucas.
O que leva alguém a traduzir uma mesma palavra, no mesmo contexto, para expressões tão diferentes, é um mistério. Na verdade, sabemos que Jerônimo fez a sua tradução às pressas, o que acarretou este e outros descuidos. Se houvesse má intenção por parte de Jerônimo, certamente a tradução equivocada estaria nos dois Evangelhos.
Champlim informa que na versão siríaca antiga a tradução é “o pão nosso duradouro”. Outras versões trazem “o pão nosso de amanhã”.
Esta palavra epiousion é formada por epi que quer dizer “sobre”, “acima”, “além de”, e ousia, que quer dizer “substância”.
No Evangelho de João, no episódio chamado “O pão da vida”, Jesus nos diz que “o pão de Deus é aquele que desce dos céus e dá vida ao mundo”. E diz mais de uma vez: “Eu sou o pão da vida”.
É o Cristo que está falando. Jesus se cristificou totalmente, é pura manifestação de Deus. E é isso que ele está falando: O pão de Deus que desce do céu e dá vida ao mundo é o Cristo. É o fenômeno da creação, manifestação de Deus que está em todas as coisas e que nós temos o poder de desenvolvermos dentro de nós conforme vamos nos conscientizando.
Epiousion é o pão sobressubstancial, ou “o pão além da substância”, o alimento do espírito.
Não é pão material que Jesus nos ensina a pedir. Logo depois do Pai Nosso, neste mesmo capítulo de Mateus, Jesus diz: “Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer. Não é a vida mais que o mantimento?”. Jesus não iria nos ensinar a pedir pão a Deus para, um minuto depois, desdizer o que disse e aconselhar que não nos preocupemos com o que comeremos.
Deus sabe o que precisamos. Esta oração que Jesus nos ensina é um método de contatar com Deus, de entrar dentro de nós mesmos e nos harmonizarmos com Deus. Não é uma fórmula para pedir coisas materiais.
Pedimos a Deus, então, o alimento espiritual. O alimento espiritual de que necessitamos para conseguirmos entrar em harmonia com a Vontade de Deus (terceira petição), conquistar o reino de Deus (segunda petição), e ver em todas as criaturas a manifestação de Deus Pai (primeira petição).
Temos três petições iniciais puramente espirituais, uma petição intermediária, que é o alimento do espírito, e três petições finais que dizem respeito ao nosso esforço de evolução no mundo material.
Para ler nosso comentário sobre a terceira petição a Deus contida no Pai Nosso, clique sobre o título: Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.