Você dá a devida importância ao seu espírito protetor? O espírito protetor nos acompanha desde o nosso nascimento. Tem a atribuição de zelar por nós. A questão 491 do Livro dos Espíritos diz que a sua missão em relação ao seu protegido é a missão de um pai em relação ao seu filho, é a missão de guiar o seu protegido no caminho do Bem, de auxiliá-lo com os seus conselhos, de consolá-lo nas suas aflições, de levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.
Só temos acesso a ele através da sintonia, pelo pensamento. Qualquer contato ou troca de influências entre espíritos, encarnados e desencarnados, se dá por meio do pensamento. Pelo pensamento nos elevamos ou nos rebaixamos, pelo pensamento aspiramos às coisas grandes da vida ou nos refocilamos na lama.
O pensamento é determinante. Tudo começa pelo pensamento. O pensamento constrói o que nós somos. Somos o que pensamos. Não são poucas as pessoas que acreditam nisso, que percebem a realidade do poder creador do pensamento. Mas poucas sabem controlar o pensamento. Não chegamos ao estágio de ter controle absoluto sobre os pensamentos. Nossas tentativas ainda são primárias. Mas devemos tentar, todos os dias de nossas vidas.
Um dos modos de obter um maior controle sobre o pensamento é através do contato mais íntimo com o espírito protetor. Sabemos que o espírito protetor não está permanentemente à nossa disposição, que ele tem outras atribuições, outros serviços. Mas isso não impede que mantenhamos o pensamento vinculado a ele, buscando inspiração, manutenção do bom ânimo e reforço para os nossos pensamentos. Nossos pensamentos, invariavelmente, são acrescidos de outros pensamentos semelhantes. A maior parte das obsessões ocorre assim. Emitimos um pensamento menos nobre, continuamente, e esse pensamento é reforçado, potencializado por pensamentos de teor semelhante de espíritos encarnados ou desencarnados.
“E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.” Mateus 19:29
Esse ensino de Jesus, como muitos outros, aplica-se perfeitamente ao pensamento. Quem coloca o amor em primeiro lugar, quem segue o caminho indicado pelo Cristo, deixando em segundo plano as coisas materiais e os apegos terrenos, recebe cem vez tanto, recebe centuplicadamente, recebe cem vezes mais. Isso não teria sentido se ele estivesse se referindo às coisas materiais. Seria loucura dizer que se deve deixar casa, mulher, filhos, terras, para receber cem vezes mais disso mesmo. Se é para deixar, por que receber de volta, cem vezes mais? É evidente que se trata da força do pensamento, da conjunção de pensamentos somados na mesma frequência, do somatório de pensamentos semelhantes que se agregam potencializando o pensamento de origem.
Um pensamento bom, forte, limpo, positivo, mantido continuamente, por um esforço de vontade, atrai outros pensamentos semelhantes, formando uma corrente poderosa. Infelizmente, o contrário também acontece. O pensamento negativo, pesado, baixo, vil, atrai outros semelhantes. Tratei disso neste artigo:
Nossos pensamentos interferem nos grandes acontecimentos veiculados pela televisão. Nos conflitos da Síria, por exemplo (confesso que não acompanho), os pensamentos partidários de ódio, revanchismo, vingança, apreensão, curiosidade mórbida, terror, influenciam negativamente o andamento da situação. Além de todos os problemas práticos existentes, há a influência psíquica nociva pairando sobre os responsáveis e os diretamente atingidos pela complexidade dos conflitos.
O contato mais íntimo e direto com o espírito protetor serve como um reforço à nossa própria consciência, nos auxiliando a manter um maior controle sobre o que se passa em nossas cabeças. Sem esquecer que o melhor modo de consolidar pensamento e intenções é através da prática. Precisamos de ação. Fé pressupõe ação. E a proteção espiritual que recebemos é, inevitavelmente, proporcional aos nossos atos. Por isso o Espiritismo insiste tanto na Caridade como meio de libertação, como o famoso lema “fora da caridade não há salvação”.
P. S. – Escrevi este artigo em Outubro do ano passado e não o publiquei. Na ocasião, a televisão estava dando muito espaço para os conflitos na Síria. Hoje os conflitos mais noticiados estão ocorrendo Ucrânia e na Venezuela.