Você pratica a reforma íntima? Você se esforça para progredir espiritualmente? O espiritismo fala tanto em reforma íntima que não há como fugir a essa pergunta. Você é espírito imortal, e tudo o que você planta, colhe. A colheita pode ser rápida, quase imediata, mas também pode se estender por várias reencarnações… Você tem a eternidade à sua frente. Só que a eternidade não vai começar quando você desencarnar. A eternidade já está acontecendo, ela é o agora, a eternidade é o tempo todo.
Se você fosse comodista (você não é, né?) poderia pensar que não tem pressa em se melhorar, em promover a reforma íntima, já que tem todo o tempo do mundo pela frente… Mas como você é dinâmico e prático, sabe que quanto antes você superar suas imperfeições aparentes, mais cedo você experimentará uma paz mais elevada, um amor mais puro, uma felicidade mais constante.
Um dos pontos mais importantes da reforma íntima é fazer o bem sem ostentação. É a prática do ensinamento do Mestre que diz que quando você der esmola, não saiba a sua mão esquerda o que faz a sua mão direita, para que a esmola fique em segredo, e o Pai, que vê o que se passa em segredo, lhe recompensará.
Todos nós gostamos de ser reconhecidos pelas coisas boas que fazemos. Gostamos de ver nossos esforços valorizados, gostamos de perceber no outro a confirmação de nossa satisfação íntima. Sim, pois nem sempre é por ostentação que queremos ser reconhecidos. Nem sempre é pra aparecer, pra se mostrar, pra se fazer de bonzinho. Muitas vezes fazemos o bem pelo bem. Nosso primeiro impulso é fazer o que deve ser feito, sem cálculo, sem esperar recompensa.
Mas nosso primarismo não resiste. Ficamos tão satisfeitos com nossos atos meritórios, que gostamos de ver nossa satisfação espelhada naqueles que nos rodeiam. Isso é grave? Depende do ponto de vista. É indiscutivelmente melhor fazer o bem e querer ser reconhecido do que não fazer o bem. Estou errado? Se você acha que estou errado, por favor, me corrija. O espaço para comentários é logo ali embaixo, e ele é todo seu. Mas acho que não estou errado, não.
Mesmo que você espere reconhecimento e gratidão pelo bem que você faz, isso já é um grande começo, um passo importantíssimo. Mas não podemos nos acomodar nessa situação. Temos que aprender a não esperar nada em troca. Nem gratidão, nem reconhecimento, nem elogio, nem nada.
Recentemente me deparei com uma situação que ilustra bem o assunto. Uma pessoa solícita, prestativa, de boa vontade, com tanta disposição em auxiliar a quem precise, que muitas vezes me cobrei por não fazer o mesmo. Mas, num momento de crise, usou como argumento o fato de “ajudar todo mundo”.
É digna de todos os méritos a atitude de boa vontade, a atitude de iniciativa em auxiliar a quem precisa ou aparenta precisar de ajuda. Mas a recompensa tem que ser natural, interna. Lembra do ensinamento do Mestre que mencionei há pouco? No finalzinho diz que “…o Pai, que vê o que se passa em segredo, lhe recompensará.” Quem é o Pai que vê o que se passa em segredo? Deus? Sim, mas não Deus como algo exterior a nós, como se costuma imaginar. Deus que vê o que se passa em segredo é o nosso olho interno, é a nossa consciência, é a partícula divina que somos nós, cada um de nós.
Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Somos dotados de qualidades divinas. Nossa consciência é a parte de Deus que nos cabe, é Deus em nós, é a manifestação de Deus em cada criatura. Então a recompensa que o Pai dá é a satisfação íntima, a inigualável sensação do dever cumprido, e isso é parte importante da reforma íntima.
Isso tudo deve ser um exercício diário, sem tréguas e sem desânimo. Não se iluda, você não vai reformar-se da noite para o dia. É necessário persistir, tentar sempre mais. Sem tentativa, nada acontece.