Você já ouviu falar que este é um planeta de provas e expiações? E mesmo assim acredita que nós podemos ser felizes aqui? Ótimo! Chega de sofrimento!
Espiritismo não é sofrimento. Em algum momento de sua propagação, de sua disseminação pelo grande público, firmou-se esse conceito. Talvez por ensinar ser este nosso mundo um planeta de provas e expiações. Nem vou me alongar na informação de que nossa casa está sendo promovida a mundo de regeneração, vou passar batido.
Muitas pessoas com pouco conhecimento do espiritismo, outras já frequentadoras na qualidade de simpatizantes, e mesmo alguns membros ativos têm em mente que o espiritismo é uma doutrina que prega a resignação ao sofrimento, já que o sofrimento seria inevitável, por causa do carma, carma, carma. É lógico que não vivemos num mundo de anjos, num planeta de condições perfeitas de conforto, temperatura, bem-estar, comodidade. É evidente que a dor ainda é, neste mundo, um importante mecanismo de ajuste. Mas daí à resignação ao sofrimento a distância é longa.
Podemos ser felizes aqui. Na maioria das vezes, a maioria das pessoas têm plenas condições de viverem bem e felizes, sem impedimentos externos para que isso se realize. Se o espiritismo afirma que este planeta não é próprio à felicidade, está se referindo à felicidade dos espíritos puros, sem mácula, algo que nem sequer concebemos. De fato não há como ser feliz o tempo inteiro; mesmo que tudo esteja certo conosco e com os nossos, é só botar o pé na rua e ver que a dor está por aí, neste e naquele. E só alguém muito duro de coração pra não se abalar na sua felicidade sabendo que o próximo sofre.
Mas me refiro à felicidade relativa, àquela que podemos alcançar, àquela que já conhecemos, porque já a experimentamos muitas ou algumas vezes na vida. A questão fundamental é o ponto de vista, o ângulo pelo qual se vê as coisas. Tenho um copo de vidro transparente com água pela metade; chegam dois homens sedentos: um verá que metade do copo está ocupado com água, o outro achará que falta metade da água do copo… Que isto não signifique que devemos nos contentar com o que temos, nos conformar e beber o meio copo d’água resignados. O dia em que o homem se contentar com o que tem, com o progresso alcançado, cessa a evolução, termina a busca.
Podemos ser gratos por ter à disposição meio copo d’água, sem nos recriminarmos por ainda ficar com sede. E não há nada de errado em achar que precisamos e merecemos e queremos mais. Mas é muito mais producente e acalentador agradecer pela água que se tem do que reclamar da água que se acha que deveria ter. E isso é ponto de vista, isso é o enfoque que escolhemos para nossa vida de um modo geral. Como é terrível alguém que sempre reclama! Como é deprimente alguém que só vê o lado ruim das coisas, alguém que acha que tudo só piora, que tudo dá errado.
Para tudo que foge ao paradigma cartesiano, em que só é real o que pode ser explicado ou analisado mediante um conjunto de procedimentos, para tudo que não se refere estritamente à matéria, mas envolve coisas não palpáveis como espírito, pensamento, imaginação, vale a pena termos nossas próprias experiências. Experimente pensar positivo. Experimente fazer afirmações positivas para si mesmo, a toda hora, todos os dias. Tente, permita-se “convencer” a si mesmo por um tempo, até que estas afirmações comecem a criar corpo e tornarem-se verdade. Tente! Você não tem absolutamente nada a perder. Se você reconhece que é uma pessoa mais negativa do que positiva, mais pessimista do que otimista, já é meio caminho andado; já sabe por onde começar. É possível ser feliz. Temos o direito de tentar. Temos o dever de tentar.