Na oração que Jesus nos ensinou, o penúltimo pedido diz assim: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Ninguém gosta de problemas. Ou quase ninguém. Já ouvi falar de grandes empresários que gostam de problemas, pois são os problemas que lhes possibilitam inovações e provocam mudanças estruturais. Mas são exceções.
O fato de não gostarmos de problemas não quer dizer que não possamos reconhecer os seus benefícios. Quando escrevi o artigo Problemas são oportunidades de crescimento algumas pessoas não gostaram, do tipo que argumenta que “é fácil falar assim quando não se tem problemas”. Como não escrevo pra tratar dos meus problemas, nem costumo falar sobre eles, a maioria pensa que não os tenho.
Mas o fato é que os problemas são necessários e, muitas vezes, úteis. Pelo nosso estado de imperfeição, precisamos dos problemas.
Há os problemas que derivam de erros que cometemos no passado. Sabemos que toda ação gera uma reação. Se nossas ações não são muito acertadas, invariavelmente elas repercutem, lá na frente, em forma de problema.
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Mas independentemente da Lei de causa e efeito aplicada aos nossos atos, neste planeta estamos sujeitos aos problemas. A própria Natureza nos oferece alguns, de tempos em tempos. Se estamos neste planeta, é porque ele é o mais adequado para a nossa evolução. E se ele nos proporciona, regularmente, problemas a resolver, é porque precisamos destes problemas para exercitarmos nossa inteligência e desenvolvermos nossas capacidades.
Na oração que Jesus nos ensinou, o penúltimo pedido diz assim: “Não nos deixeis cair em tentação”. As tentações são as provas a que estamos submetidos. Somos constantemente submetidos a provações de toda espécie. É por meio delas que forjamos o nosso caráter, é superando as provas que nos fortalecemos.
“Não nos deixeis cair em tentação”, ou seja, que não caiamos quando estivermos sendo submetidos a provas, que aguentemos firme as provas da vida, que saibamos usar de nossas forças para superarmos os períodos de provações mais duras. Sabendo que as provas são inevitáveis, que os problemas fazem parte do cotidiano dos habitantes deste planeta, Jesus nos ensinou a pedir especialmente isso; que nossas forças internas sejam suficientemente mobilizadas a ponto de nos sustentarmos de pé durante as provações, de não cairmos, de superarmos os momentos de adversidades sem nos rebaixarmos.
Não é preciso chagar ao fundo do poço para usar a sua força.
Esse pedido é, ao mesmo tempo, implicitamente, uma súplica a Deus para que não nos mande provas muito duras, difíceis demais de suportar. Que os problemas, que são inevitáveis e fazem parte da estrutura da Vida na Terra, não sejam esmagadores, que não venham todos de uma vez só, para que tenhamos condições físicas, morais e intelectuais para solucioná-los.
Alternamos, em nossa vida, períodos de reflexão e de execução. De tempos em tempos somos confrontados com problemas exigindo solução. São os problemas que nos fazem pensar em novas possibilidades, que fazem com que nos questionemos, que nos levam à reflexão e à análise. Nos intervalos entre os problemas consideráveis, temos os períodos de execução, em que as coisas andam livremente e temos condições de colocar em prática os aprendizados adquiridos na resolução dos problemas.
Vivemos ciclos, assim como a Natureza. A Natureza também tem esses ciclos de problemas e calmaria, de enchentes periódicas, de ventanias cíclicas, de temperaturas previsíveis como as estações do ano.
Tenhamos ânimo nas fases problemáticas. A função dos problemas é nos oferecer oportunidades de aprendizado. Temos que prestar atenção a eles, às suas causas, às suas peculiaridades e às nossas reações sobre eles. Sabendo, sempre, que os problemas, como tudo na vida, são passageiros.
E, quando estivermos numa fase de calmaria, que saibamos aproveitá-la, com a experiência adquirida com as provações da vida, sabendo que até isso é passageiro, e, por isso mesmo, deve ser saboreado e valorizado.