Comportamento

Namorar ou “aproveitar a vida”? – uma visão espírita

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Vale mais a pena ficar com a pessoa com quem estamos ou apostar em novas possibilidades? Será melhor mantermos a relação conjugal que vivemos ou corrermos em busca de aventuras? Não há dúvida de que muitas pessoas comprometidas sonham com a liberdade da vida de solteiro. Essa é a dúvida de um leitor que prefere não se identificar. Como o tema é recorrente, publico a sua pergunta e minha resposta a ele.

Gostaria de um conselho. Eu sei que você não é um “conselheiro amoroso”. Mas ainda assim… Gostaria de saber qual a visão espírita sobre os relacionamentos entre homem/mulher. Sei que não existem “almas gêmeas”. Mas mesmo assim temo em deixar minha namorada por receio de que nunca iria encontrar alguém novamente como ela. Entretanto, ao mesmo tempo em que quero ficar com ela eu também sinto vontade de “aproveitar a vida” do jeito como muitos dos meus colegas insistem em falar e se vangloriar. O problema é que nessa visão de “aproveitar a vida” eu não tenho certeza se iria me fazer mais satisfeito ou se só iria fazer com que eu deixasse a mulher da minha vida em busca de “aventuras”, com aquela sensação de liberdade mas com um arrependimento profundo na mente. Queria por isso saber, dentro da visão espírita, qual a importância dos relacionamentos aqui na terra. O homem foi feito para apenas uma única mulher ao longo de toda a sua vida? Se sim, então o casamento é algo tão fundamental na doutrina espírita quanto no catolicismo?

Enfim… agradeço se puder me responder. Chato que me incomoda um pouco saber que essa minha vontade de “aproveitar a vida” dessa maneira como meus colegas colocam é algo ainda muito atrelado à matéria e aos prazeres daqui da terra. Reconheço minha imaturidade mental e espiritual nesse sentido. Eu tento pensar diferente. Mas, pelo visto, provavelmente irei reencarnar umas zilhões de vezes até aprender o real valor das coisas.

Abraços e desculpe pelo texto gigante. Muita força e paz para você.

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Aproveitar a vida…

– O seu conflito é o conflito de milhões de pessoas, homens e mulheres. Vivemos um período único na História da humanidade. Nunca houve tanta liberdade e facilidade em se aventurar com diversos parceiros, ao mesmo tempo em que nunca nos ocupamos tanto com questões espiritualmente éticas.

Algumas décadas atrás a situação ainda era diferente. O “mercado” sexo-afetivo não tinha tanta oferta de homens e mulheres disponíveis para aventuras. A mulher não tinha os mesmo direitos que os homens. Poucas mulheres desafiavam a sociedade em busca de liberdade e experimentação. As que se atreviam, eram mal vistas. Hoje há uma imensidão de mulheres disponíveis, muitas delas carentes de um relacionamento sério e duradouro. As mulheres que apostaram em “viver a vida”, nos últimos dez ou quinze anos, veem o tempo passar depressa, e se questionam se não seria o caso de apostarem numa relação mais sólida.

O problema é que com os homens ocorre o mesmo, mas nem elas nem eles abrem mão de suas exigências de um parceiro ideal – que, muito provavelmente, não existe.

A paixão e a lei de atração

Você teme deixar sua namorada e nunca mais encontrar alguém como ela. Ora, como ela, realmente seria difícil de encontrar. Pois somos  seres individuais, com bagagens milenárias que nos diferenciam uns dos outros. E, quanto mais conhecemos alguém, mais reconhecemos as suas características como únicas.

Deixar alguém de quem se gosta para apostar no desconhecido poderia ser visto como um ato de coragem, uma demonstração de confiança na vida – acreditar que sempre há situações melhores para viver e pessoas melhores com quem conviver. Mas, quando o assunto é o relacionamento humano, o maior ato de coragem e confiança na vida é apostar na manutenção de um relacionamento já existente. Desde que, é claro, haja bons sentimentos envolvidos.

Espiritismo e os relacionamentos amorosos

Isso, sim, é um desafio. Conviver anos e anos com a mesma pessoa, construir uma experiência em conjunto, conhecer cada vez mais coisas sobre alguém.

Na verdade, quem tem esse tipo de dúvida manterá essa dúvida, talvez, por toda essa existência. Você não tem como saber como seria do outro jeito. Se permanecer com a sua namorada, não saberá como seria se estivesse sem ela; se deixá-la, não saberá como seria se tivesse ficado com ela. Nos momentos bons, você achará que tomou a decisão certa; nos momentos ruins, se arrependerá de não ter tomado outra atitude. Afinal, nada impede você de fazer uma coisa ou outra – as duas possibilidade são boas: de um lado, uma namorada de quem você gosta; de outro lado, uma vida de liberdade e aventuras.

Vida sexual e afetiva

Só lhe resta, então apelar para o melhor critério a seguir: a sua própria consciência. Na sua consciência, você sabe o que é o melhor. O melhor, sempre, é o que produz resultados mais sólidos e duradouros. Sabemos que somos espíritos imortais. Viveremos para sempre. Estamos encarnados vivendo uma série de experiências, mas essa existência é passageira. Você sabe que a liberdade e as aventuras, que parecem tão interessantes, são coisas materiais, são prazeres terrenos – que são bons, mas passam logo e nem sempre produzem bons resultados.

Essa sede de aventuras é totalmente material. E, sendo material, não cessa nunca. Assim como nós comemos ao meio-dia e às três ou quatro horas da tarde já estamos com fome de novo, do mesmo modo acontece com todos os prazeres materiais. Nunca nos saciamos, pelo contrário: cada vez queremos prazeres maiores, mais fortes.

Dez perguntas sobre sexo na visão espírita

O Livro dos Espíritos, que é a base da Doutrina Espírita, trata das relações conjugais das questões 695 a 701. O que se depreende da Doutrina é que a monogamia, ou seja, a relação conjugal fixa e exclusiva entre um casal, é uma necessidade para o desenvolvimento da disciplina dos nossos sentimentos. Na verdade, o amor conjugal disciplina as sensações, emoções e sentimentos.

O Espiritismo, diferentemente do catolicismo, não prega a indissolubilidade do casamento. Um casal deve permanecer unido por amor. Mas temos que considerar que o amor, em nosso estágio evolutivo, ainda é algo que estamos aprendendo a desenvolver. Quase sempre confundimos paixão e apego com amor. Amor, mesmo, só pode ser desenvolvido com o tempo, com o conhecimento íntimo do parceiro. A atração que sentimos por outras pessoas, e que poderia ser confundida com amor, é quase sempre apenas desejo, ou, no máximo, alguma afinidade.

Relacionamentos cármicos

Você se engana, talvez, ao pensar que precisará reencarnar muitas vezes para aprender o valor real das coisas. Se você está se referindo especificamente à questão sexo-afetiva, talvez você não esteja muito longe de aprender. A sua dúvida e a preocupação com o assunto deixa claro que você já ouve a voz da sua consciência. Se você obedecer o que diz a sua consciência, terá, nesta reencarnação, uma ótima oportunidade de vencer essa fraqueza. Porque, sim, isso é uma fraqueza – isso que chamam de “aproveitar a vida” é, na verdade, uma fuga da responsabilidade. Não reencarnamos para “aproveitar a vida” com prazeres materiais. Reencarnamos para aprender a amar, para consolidar afetos, para desenvolvermos a disciplina.

Observe na geração anterior à sua os que optaram por “aproveitar a vida”. São quase todos, homens e mulheres, pessoas incompletas, inexperientes em relação a assuntos mais profundos, parecem adolescentes envelhecidos.

Se há questionamento, é porque estamos prontos para tomarmos a decisão correta. Há uma lei de trânsito que responde a esses questionamentos: “na dúvida, não ultrapasse”.

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