Grande parte das pessoas com transtornos mentais são médiuns que desconhecem sua condição de médiuns. São como antenas, recebendo todos os sinais que sintonizarem com seus pensamentos e sentimentos. Todos sintonizamos com pensamentos semelhantes. O que caracteriza o médium é o contato mais íntimo e direto com os desencarnados.
Recebo relatos de pessoas que “perderam” entes queridos. Ninguém perde ninguém, porque ninguém é de ninguém. Só podemos perder algo que nos pertence, e pessoa alguma nos pertence. É compreensível a dor pela separação de alguém que amamos. Mas o que constato é que quase todos sofrem pela ausência que sentem. Não sofrem por preocupação, por compaixão por quem partiu. Sofrem porque sentem falta. Me perguntam: – Como vou viver sem ele? Vivendo, ora. Convivendo com a dor por algum tempo, mas ciente de que isso é inevitável para todos nós.
Isso pode parecer insensível. Sei que há desencarnes inesperados, que pegam as pessoas de surpresa, às vezes num ótimo período da vida com aquela pessoa que desencarnou. Mas é preciso compreender que tudo o que sentimos é percebido por quem desencarnou. A angústia, o desespero, os chamamentos egoístas perturbam enormemente quem passou para o outro lado. Se nós, que ficamos num plano conhecido, sofremos, imagine quem tem que se readaptar ao plano astral, que também foi pego de surpresa e não estava preparado para “morrer”.
O melhor a fazer é acalmar os nervos e orar. Sem revolta, sem o egoísmo maldisfarçado de não aceitar que alguém se afaste de nós. Se estivermos em paz, desejando paz e vibrando paz, é paz que emitiremos para quem desencarnou.
As pessoas com algum grau significativo de transtorno mental que são médiuns agem normalmente assim, como alguém inconformado com o desencarne de um ente querido. Estão sempre sintonizando com espíritos ou acontecimentos que tomam conta do seu pensamento como ideias fixas. A base dessas ideias fixas é sempre o egoísmo. O recalque, a inveja, o inconformismo com a perda, a pena de si mesmo.
A mediunidade é uma ferramenta para utilizarmos em benefício do próximo. Quem reencarna com a tarefa da mediunidade tem o compromisso de desenvolver-se moralmente. Só com a moral mais elevada é que percebemos o quanto as nossas atitudes fazem diferença e o quanto estávamos errados em pensar que o mundo nos deve alguma coisa. Os médiuns são, com raríssimas exceções, os que mais precisam se reajustar, se rearmonizar com pessoas e situações.
Não basta apenas desenvolver o aspecto prático da mediunidade. O mais urgente é a reforma moral. É inadiável a melhora de si mesmo. Para perceber que é preciso dar de si e para melhorar a sintonia.
A única maneira de um médium nessas condições manter-se equilibrado é a partir da sintonia mais elevada, e isso só é possível com o controle dos pensamentos, das palavras e das ações.