Todos somos médiuns – fenômenos que evidenciam a mediunidade na igreja pentecostal.

ARTIGO DE AUTORIA DE RODRIGO PNT

Unção divina, poder do Espírito Santo, batismo com fogo ou com o Espírito Santo, poder de Deus, enfim, existem muitos nomes usados no pentecostalismo para a energia espiritual liberada pelos Espíritos que atuam ali. Isso é baseado no seguinte texto, entre outros textos da bíblia:

“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” Lucas 3: 16

Na ideologia evangélica pentecostal, quando uma pessoa passa pela conversão, também chamada de “novo nascimento”, ela recebe o selo do Espírito Santo para a salvação, o qual é um penhor do cristão para que futuramente receba seu resgate das mãos de Deus.

“(…) Fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.” Efésios 1: 13,14

Mas, segundo isso, ela ainda não passou pelo batismo com o Espírito Santo e com fogo, apenas recebeu o selo do Espírito para a salvação, e quando o batismo do Espírito vem, ela fica então cheia do Espírito Santo e por isso capacitada para sair pelo mundo e evangelizar pessoas com acompanhamento de sinais e prodígios que seguiriam aqueles que cressem, tais como curas, prodígios e outros supostos milagres que se baseiam nas palavras de Jesus que disse:

“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas.” Marcos 16: 17

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” João 14: 12

“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10: 8

Em muitas outras passagens nos baseamos para afirmar que as obras que Jesus fez devem ser feitas pelos seus seguidores também. Tirando os exageros e os charlatães, é muito verdadeiro tudo isso, mas tem um propósito, e é a transformação interior que precisamos obter a todo custo. Porém na atualidade comete-se, nas igrejas, muitos enganos baseando-se nesses sinais, ora, se o Cristo permitiu sinais em sua igreja certamente não é para promoção pessoal de ninguém, mas para que as pessoas iniciem em si a reforma, ponham em prática as palavras ditas pelo mestre e não se fechem em seus misticismos, chamando santo para tudo aquilo que não tem nada de santidade e esquecendo o que é que realmente tem que ser santo; a nossa mente e nossos atos.

Vendo pela ótica espírita, os sinais que são executados no meio pentecostal são relativamente fáceis de compreender quando se tira o véu do fanatismo e ignorância, pois os sinais, as manifestações e as curas ocorrem em qualquer segmento que trabalhe com pessoas e para pessoas, porque os Espíritos estão em todo lugar e afoitos por trabalho. Se após desencarnar um Espírito continua o mesmo em sua personalidade, com os mesmos valores, defeitos e crenças, não é surpresa que este ainda continue atuando em meio ao seu segmento religioso e no meio pentecostal existem médicos, psicólogos, líderes, políticos, teólogos e até nativos selvagens que após o desencarne ainda atuam nas igrejas pentecostais, Espíritos de diversas vertentes da sociedade e que entendem em algum momento que precisam trabalhar, ainda mais se souberem, de alguma forma, seja por intuição ou inspiração, que a transição planetária já está acontecendo. Os mesmos, então, entregam-se ao trabalho e nisso são liderados por um Espírito de estirpe superior que lhes vem prestar auxílio. Dependendo da evolução desses Espíritos, alguns pensam até tratar-se de Deus ou do Cristo esse Espírito que os auxilia. O que nós pentecostais não conseguimos ver é a enorme falange de Espíritos volitando (voando) sobre as pessoas dentro da nave da igreja e quando alguns, com segunda visão, os consegue vislumbrar, lhes parecem em formas de anjos e com poderes extraordinários, mas que são simplesmente energia liberada pelo Espírito de estirpe mais avançada que os auxilia.

Tudo é feito de energia e a energia da espiritualidade superior é muito mais pura e quanto mais purificamos os pensamentos e intenções recebemos mais energias dos Espíritos mais elevados e puros, em uma reunião onde todos têm o firme pensamento de fazer o bem com muita seriedade. Os Espíritos mais puros ali vêm lhes energizar, ora a energia passa por todos na reunião, encarnados e desencarnados, sem contar os nossos companheiros de caminhada que estão ligados a nós pelos laços da afinidade, sejam os bons ou os maus. A energia passa por todos, porém quem mais a sente são os desencarnados, já que estão livres do peso do invólucro corporal e por isso sua sensibilidade a essa energia é muito maior. Ali, então, as suas qualidades são postas em evidência e por isso o médico cura muito mais, o psicólogo atende muito melhor os males agora da alma, enfim, todos ficam imbuídos de um amor enorme pelo serviço, magnetizando, levantando o ânimo dos encarnados, desintoxicando seus corpos dos vícios e lhes imbuindo de sentimentos bons e puros. O Espírito que os lidera é conhecido por eles como Espírito Santo, já que o entendimento destes continua o mesmo e para eles é Deus, é Cristo que ali está lhes auxiliando, lhes fornecendo matéria prima espiritual para que eles trabalhem a favor dos encarnados.

Em meio ao culto, quando as pessoas estão imbuídas de bondade e seriedade, existem momentos de inspiração espiritual extrema onde há quebrantamento interior e arrependimentos sinceros, às vezes em meio a um louvor ou oração acontece de o ambiente ficar tão espiritualizado que sentimos como cascatas de água e fogo caindo sobre nós, há então diversos acontecimentos mediúnicos, como um que vai ao outro e lhe sopra palavras energizadas de ânimo, o que chamamos de profecia:

“Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.” 1 Coríntios 14: 31,32.

Ou lhe impõe as mãos expulsando uma moléstia e em quase todas as vezes a cura acontece, pessoas viciadas manifestam espíritos maus que são expulsos, enfim, as atividades desenvolvidas pelos espíritos que ali estão são inúmeras, há batismos com o Espírito, o que eu vejo como um tipo de abertura espiritual, onde a pessoa sente que algo aconteceu com ela, pois a mesma passa a falar em línguas espirituais quando em oração. Eu acho tudo isso muito proveitoso, mas infelizmente muito mistificado, o que abre um leque de oportunidades para a autopromoção humana.

Sabemos que todos nós somos médiuns, seja desenvolvidos, em desenvolvimento ou por desenvolver, e por causa da ignorância sobre esses assuntos, infelizmente, no pentecostalismo, vê-se o médium desenvolvido sendo elevado pelas pessoas acima dos outros que não realizam sinal nenhum, e isso é pernicioso para a reforma íntima dos crentes, porque força mediúnica não quer dizer força de caráter e moral, aí descobre-se muitas vezes que aquele “grande vulto” está envolvido com trapaças ou adultério e passa a ser tudo do diabo o que ele realizava, lá se vão as pessoas de volta à sua velha vida e velha mentalidade tornando-as, por vezes, irrecuperáveis por causa daquele escândalo.

Eu entendo que uma igreja verdadeira precisa buscar o conhecimento espiritual, o qual está aí para quem quiser. Devemos deixar o sectarismo de lado por amor às pessoas, já que essas estão voltando às suas vidas desregradas pela falta do conhecimento, pois se houvesse na igreja o conhecimento que há no espiritismo, esses escândalos que relatei não ocorreriam. Por que as coisas têm que ser de Deus ou do Diabo? Será que nós somos seres destituídos de vontade? Não possuímos livre arbítrio? Mas certamente Deus nos fez assim, possuidores de vontade própria, e assim devemos responder por nossos erros pessoais, quem não quer o conhecimento não poderá jogar a culpa em ninguém futuramente, vai ter que responder por si mesmo.

Rodrigo Pnt é presbítero evangélico e estudioso da Doutrina Espírita.