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Jesus é o cumprimento das escrituras?

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Jesus é o cumprimento das escrituras? Que escrituras são essas? 

Quando lemos o termo “escrituras”, na Bíblia, é bom sabermos que a referência é ao Antigo Testamento. Jesus, então, teria vindo cumprir algo previsto no Antigo Testamento. Mas será que a missão de Jesus se restringe ao cumprimento das previsões de um determinado povo? 

Aprendemos, em O livro dos Espíritos, na questão 625, que Jesus é o nosso modelo e guia. Jesus é o modelo perfeito, o nosso parâmetro de pensamento e conduta em todos os momentos.

Este é o tema deste vídeo: o que representa Jesus para a humanidade? Por que a visão que temos de Jesus é tão estereotipada? Convido você a assistir esse vídeo e refletir a respeito – acredito que seu modo de ver Jesus poderá ser modificado para melhor. Se você prefere a leitura, o texto do vídeo está aí embaixo.

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Jesus veio à terra para cumprir as escrituras? A encarnação de Jesus entre nós foi profetizada, foi prevista pelos profetas no antigo testamento?

Algumas pessoas, principalmente ateus, tentam desmerecer o Cristianismo – ou Jesus, ou a Bíblia – analisando justamente as passagens no Novo Testamento onde dizem que Jesus é o cumprimento das escrituras; ou, se referindo a determinados acontecimentos, que esses fatos aconteceram justamente para que se cumprissem as escrituras.

E nós vemos muito isso principalmente no Evangelho de Mateus. Mateus, diferentemente dos outros evangelistas, se dirigia diretamente ao seu povo. Mateus escreveu para os israelitas, escreveu tendo em mente os israelitas.

Então Mateus realmente tenta provar de todas as maneiras que Jesus era o Messias prometido. Mateus tenta provar que Jesus vinha cumprir todas as esperanças do povo israelita prometidas pelos profetas já há muitos séculos. Isso acontece já desde o começo da sua narrativa.

Nós vemos em Mateus 2:17-18:

“Então se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias. Ouviu se um clamor em Ramá pranto e grande lamento. Era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem.”

Mateus está aqui se referindo à chamada matança dos inocentes, quando Herodes, o grande, mandou matar todas as crianças até 2 anos na tentativa de tentar se livrar de Jesus. Mas antes disso, em Mateus 1: 22-23, nós vemos:

“Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelos senhor por intermédio do profeta. Eis que a virgem conceberá e dará a luz a um filho, e ele será chamado pelo nome de Emmanuel, que quer dizer Deus conosco”.

Os críticos da Bíblia alegam (e com razão) que essas pretensas profecias citadas por Mateus: ou elas não se cumprem exatamente como são ditas (é o caso, por exemplo, desta última passagem que citei, onde diz que a virgem daria a luz a um filho que se chamaria Emmanuel; mas se isto está se referindo a Jesus, a profecia não está totalmente correta, pelo menos se virmos ao pé da letra, já que Jesus não se chamou Emmanuel, se chamou Jesus).

E na outra passagem que citei, onde se refere à matança dos inocentes, Mateus está citando um fato histórico, não é uma profecia. Ele está citando algo que realmente aconteceu no passado.

Então, numa análise superficial, os críticos estão corretos. Como a maior parte dos cristãos ainda entende a Bíblia ao pé da letra (e é isso que é difundido, o entendimento da Bíblia ao pé da letra), os críticos também compreendem assim, e a partir de uma análise fria, baseada apenas na letra, uma análise literal, eles acham uma série de furos nas escrituras.

Mas tudo isso é apenas a má interpretação de uma única palavra: o verbo grego plerô, que é quase sempre traduzido como “cumprir”. Como nós sabemos, todo o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, e na tradução para o português quase sempre traduzem o verbo plerô como “cumprir”, algumas vezes como “completar”. E uma simples consulta ao dicionário de grego nos mostra o sentido mais amplo deste verbo:

Plerô: verbo transitivo. Completar, preencher, terminar, acabar, satisfazer, cumprir. E eu estou me servindo de um dicionário comum de grego, não é nem um dicionário especificamente do Novo Testamento, visto que alguns deles, por tratarem de termos utilizados especificamente no Novo Testamento há muitos séculos, já são mais ou menos tendenciosos, mesmo sem querer.

Quando é dito, então, que Jesus veio “cumprir as escrituras”, isso deve ser entendido de uma maneira mais ampla – aliás, muito mais ampla. Isso fica mais fácil de ser entendido analisando as palavras de Jesus no Sermão da montanha.

Em Mateus 5:17: “Não penseis que vim revogar a lei como os profetas. Não vim para revogar, vim para cumprir.”

Aqui nós estamos vendo novamente o verbo grego plerô traduzido como cumprir, e talvez o verbo cumprir não seja a melhor escolha para traduzir o verbo grego plerô, porque logo depois dessa declaração Jesus acrescenta uma nova visão à lei – algumas passagens logo depois dessa em que Jesus inicia dizendo: “ouvistes o que foi dito pelos antigos, eu porém vos digo…” Jesus não está revogando a lei antiga, mas está acrescentando, está aperfeiçoando, está preenchendo, completando as lacunas.

Qualquer um que estudou o Antigo Testamento sabe que o mesmo contém coisas absurdas, barbaridades supostamente atribuídas a Deus, e também muita coisa inútil. Por outro lado, quase todo ensinamento de Jesus está contido no Antigo Testamento – só que de maneira esparsa, de maneira espalhada.

O que Jesus faz é recuperar, reunir os melhores ensinamentos conhecidos dos israelitas e nos apresentar esses ensinamentos em forma de lei e na prática – porque o que distingue Jesus dos outros grandes líderes, dos grandes avatares da humanidade, é justamente o fato de Jesus ter praticado aquilo que pregava.

É dito muitas vezes, se referindo a alguns fatos ou atos cometidos por Jesus, que “isso aconteceu para que se cumprisse o que disse o profeta”. Nós vimos a melhor interpretação para o verbo cumprir, e é bom sabermos também o que é profeta, o que era considerado profeta no Antigo Testamento.

Profeta é uma palavra grega, prophetes, formado pelo prefixo pro, que quer dizer “em favor de”, e phetes que quer dizer “locutor”, “aquele que fala”. Profeta então, é aquele que fala no lugar de alguém, ou aquele através de quem alguém fala, por intermédio de quem alguém fala.

A palavra profeta acabou assumindo uma conotação muito restrita, como se se referisse sempre a uma previsão do futuro – pois é isso que nós quase sempre entendemos quando falamos em profecias; uma profecia é algo previsto que vai acontecer, que deve acontecer no futuro.

Mas o que eles chamavam de profeta, entre os israelitas, tinha uma conotação muito maior. Profeta era aquele que tinha desenvolvido as suas capacidades psíquicas, que apresentava faculdades psíquicas maiores, mais avançadas que as demais pessoas. Seria o que hoje, entre os espíritas, se chama de médium.

Nós vemos isso, por exemplo, em 1 Samuel 9:9: “Antigamente, em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: vinde, vamos ter com o vidente, porque ao profeta de hoje se chamava vidente.” – Isso foi escrito muito antes de Jesus e já se referia ao passado; então alguém poderia pensar que no tempo de Jesus a palavra profeta já tinha essa conotação restrita com que nós a entendemos hoje.

Mas nós vemos no Evangelho de Mateus, lá no finalzinho, em Mateus 26:6768, quando Jesus estava sendo acusado perante o sinédrio, pouco antes de ele ser crucificado: “Então uns cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros os esbofeteavam dizendo: profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu?”

Nós vemos então que profetizar não se referia especificamente a saber o futuro, adivinhar o futuro, prever o futuro.

Há uma característica muito interessante entre os israelitas, e que na minha opinião é o principal motivo de Jesus ter encarnado justamente entre os israelitas. Os israelitas baseavam a sua religião no livro (fazem isso até hoje) mas no tempo de Jesus eles baseavam todo seu conhecimento a respeito de Deus e a respeito de praticamente tudo, porque tudo estava vinculado a Deus e à religião, em tudo baseavam-se nas escrituras.

É verdade que quase todos os povos antigos têm os seus livros sagrados, muitos deles resistem até hoje. Mas o povo israelita no tempo de Jesus, por exemplo, as crianças já se alfabetizavam com as escrituras, todo o sistema de ensino era baseado nas escrituras, todos os seus costumes, as suas tradições, as suas crenças, as suas leis estavam vinculadas às escrituras, ou eram as próprias escrituras, que serviam até mesmo como código civil e código penal.

Todos os maiores eventos, tudo que tinha alguma importância transcendente para o povo israelita foi reunido ao longo dos séculos nas escrituras, e hoje nós vemos esse amontoado de livros velhos que nós chamamos de Bíblia.

A palavra Bíblia quer dizer “livros”, a Bíblia é um conjunto de aproximadamente 50 livros, alguns deles quase totalmente incompreensíveis, por causa da sua idade, por causa do seu contexto, pela sua dificuldade de tradução.

Mas ali estão reunidos os maiores anseios, as maiores esperanças, os pensamentos mais elevados que o povo israelita alcançou ao longo de muitos séculos, ao longo de alguns milênios. E é nesse sentido que Jesus é o cumprimento das escrituras: Jesus veio preencher as melhores expectativas do povo israelita, tudo que de mais alto, de mais grandioso havia sido sonhado, havia sido imaginado, em momentos de grande elevação mística, se cumpriu na pessoa de Jesus.

O Livro dos Espíritos, na questão 625, nos apresenta Jesus como nosso modelo e guia. Jesus é o nosso modelo perfeito.

O que quer dizer perfeito? – per quer dizer “totalmente”: totalmente feito; completo.

Jesus é o homem completo, é o nosso modelo de espírito perfeito, e este modelo existe dentro de cada um de nós.

Nós somos filhos de Deus, fomos creados à imagem e semelhança de Deus, portanto somos perfectíveis, temos a capacidade de estar sempre nos aperfeiçoando, nos aprimorando, nos melhorando como seres – e existe em nosso planeta, que é o que nós efetivamente conhecemos da creação divina, inúmeras possibilidades de manifestação do espírito.

A terra tem hoje mais ou menos uns 7 bilhões de espíritos encarnados. Cada um desses 7 bilhões são possibilidades diferentes, já que nenhum é exatamente igual a outro. Não sabemos quantas possibilidades existem, trilhões talvez, mas devemos imaginar um número limitado, muito grande, mas limitado.

Por que dizemos isso? Porque um planeta como a Terra deve comportar o progresso do espírito até um determinado limite – passado esse limite, nós, espíritos ligados à Terra, teríamos que naturalmente passar a uma esfera superior, a um planeta que nos desse maiores condições de desenvolvimento.

Nós vemos que é assim numa escola – quando o estudante consegue aprender, consegue dominar todo o ensino proposto no ensino fundamental, ele não tem mais o que fazer no ensino fundamental. O ensino fundamental não tem mais o que oferecer para o seu progresso, para o seu desenvolvimento. Ele passa então para uma escola de ensino médio.

Então, dentro das possibilidades para o desenvolvimento do espírito comportadas pelo nosso planeta, Jesus é o modelo perfeito. Jesus é o modelo perfeito desde o princípio.

Como assim “desde o princípio”?

Embora nossa mente não consiga entender isso perfeitamente, justamente por sermos ainda muito atrasados, tempo e espaço não existem como nós imaginamos. Então nós falamos que a Terra, por exemplo, foi creada mais ou menos há uns 4 bilhões e meio de anos, mas o tempo não é essa grandeza linear que nós imaginamos.

Um dia nós seremos capazes de entender que o que existe realmente é o agora – o futuro não é um lugar para onde se vai, o futuro é uma conquista evolutiva, é um estado de espírito que nós conquistamos. Quando nós estamos comprometidos com o futuro, quando nós escrevemos, construímos nosso futuro, nós percebemos que o presente é apenas um estágio para a nossa realização evolutiva. Por isso a necessidade que nós temos de romper com o passado.

Jesus é o modelo perfeito, mas esse modelo existe sempre, existiu no que nós entendemos como sendo o passado, existe no presente e permanecerá existindo no futuro. Quando foi creado o nosso planeta, assim como num programa de computador, todas as possibilidades, todas as alternativas possíveis já estavam matematicamente previstas nesse programa. E de todas essas possibilidades, de todas essas alternativas, o modelo perfeito, a alternativa perfeita é Jesus.

Para nós termos uma ideia, um cartão na Mega Sena tem 60 números, a menor aposta são 6 números. Existem mais de 50 milhões de possibilidades, 50 milhões de combinações diferentes desses 6 números dentro dos 60 números que compõe o cartão. Assim, existem talvez trilhões de possibilidades para o espírito na Terra. E assim como existe uma combinação de números no bilhete da Mega Sena (que é o bilhete premiado), existe um modelo pronto, creado desde o princípio, que resume todas as melhores possibilidades humanas. Jesus é este modelo, e este mesmo modelo deve ser preenchido por todos nós.

Quanto tempo levaremos para isso? Bilhões de anos talvez, não se sabe. Mas este é o modelo a ser preenchido, este é o modelo a ser cumprido, este é o cumprimento das escrituras, o preenchimento das melhores possibilidades.

As escrituras, que nós conhecemos hoje como o Antigo Testamento, nos apresenta inúmeros modelos humanos, inúmeras possibilidades, inúmeras alternativas. Jesus vem preencher as melhores expectativas, os melhores anseios, as melhores esperanças – é o cumprimento do melhor modelo possível no universo das escrituras.

Assim talvez nós possamos compreender a importância da informação que nos é passada em O livro dos Espíritos, na questão 625, que nos apresenta Jesus como nosso modelo e guia:

– Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo?

A resposta é: – “Jesus”.

Allan Kardec então comenta:

– Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos tenha aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.”

Isso, antes de diminuir Jesus (porque aqueles que veem Jesus como o próprio Deus encarnado pensam que essa resposta diminui a importância de Jesus), nos aproxima mais de Jesus – justamente por percebermos que nós temos a mesma natureza que ele, e que poderemos alcançá-lo um dia.

Que nós temos a mesma natureza que ele isso está na própria Bíblia. João diz na sua primeira epístola, falando a respeito de Deus, que “Deus é luz”. Jesus diz, se referindo a si mesmo: “eu sou a luz do mundo.” E Jesus também diz, se referindo a todos nós: “vós sois a luz do mundo”.

Então nós temos a mesma natureza que Jesus e temos a mesma natureza que Deus. Nossa natureza é divina, somos seres de luz, e o nosso modelo é Jesus. É o modelo a ser copiado, a ser seguido. Jesus é o modelo a ser lembrado em todos os momentos, em quaisquer dificuldades, dúvidas, projetos. O modelo que deve nos orientar é Jesus, por isso a importância do estudo do Evangelho. O Evangelho é o código de libertação espiritual que nos foi legado por Jesus.

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