Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

Fará as obras que eu faço e até maiores – Espiritismo

Jesus nos disse que tudo quanto pedirmos em seu nome ele fará – como é isso? Jesus também disse: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores.” 

Temos que entender que Jesus é o espírito que desenvolveu plenamente o seu Cristo interno. Jesus fala, então, como o Cristo, não como o homem Jesus. Esse é o tema deste vídeo, o 26º desta série de estudos sobre o Evangelho de João. A análise do texto original grego, aliada ao conhecimento proporcionado pelo Espiritismo, contribui para o entendimento mais profundo do ensino de Jesus.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

JOÃO 14:12-14

  1. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.

“(…) aquele que crê em mim (…)” –  ο πιστευων εις εμε: “o que sintoniza em mim”, “o que é fiel a mim”. São palavras do Cristo, é o Cristo em Jesus que está nos ensinando.

Jesus está se dirigindo aos seus discípulos, dando a eles as instruções necessárias para que eles sejam capazes de compreender o seu ensino mais profundo e levar adiante o seu Evangelho. Sob este aspecto, do homem Jesus falando com os seus discípulos, Jesus está dizendo que eles poderiam fazer obras maiores do que as que ele fazia. Como vimos, ergon, traduzido como “obra”, tem o significado mais amplo de “ação”, “trabalho”, “realização”.

Mas o ensino de Jesus não se restringe a instruções específicas referentes ao tempo em que ele viveu aqui. Jesus desenvolveu plenamente o seu Cristo interno. Nós temos o Cristo dentro de nós. Quem sintoniza com o seu Cristo interno, quem é fiel à sua verdadeira natureza divina, é capaz de realizar ações tão grandiosas e até mais grandiosas do que as de Jesus.

“(…) porque eu vou para meu Pai” – Jesus não está dizendo que poderemos fazer obras como as dele e até maiores porque ele vai para o Pai. Não é nada disso. εγω προς τον πατερα μου πορευομαι: “eu sigo”, “eu passo”, “eu viajo” em direção ao Pai.

O Cristo é Deus em nós. Nós vamos em direção ao Pai, todos nós. Conforme vamos desenvolvendo o nosso Cristo interno, vamos nos aproximando do Pai, vamos nos religando com Deus – do latim religare, de onde vem a palavra “religião”. E nessa viagem cósmica multimilenar, quanto mais nos aproximamos de Deus, maior é a nossa capacidade e maiores as nossas obras.

  1. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
  2. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

“(…) tudo quanto pedirdes em meu nome (…)” – aqui a confusão é generalizada. A quase totalidade dos cristãos pede coisas em nome de Jesus. Pedem o que quer que seja, qualquer coisa, pois entendem que foi isso que Jesus quis dizer – que qualquer coisa que pedissem em nome dele, numa espécie de carteiraço – “em nome de Jesus!” – ele faria.

Certamente todos que já fizeram essa experiência perceberam que só funciona às vezes, ou que só funciona para determinadas coisas. É um absurdo levar isso ao pé da letra. As Leis de Deus não podem ser revogadas, nunca.

Uma pessoa está morrendo, pedem em nome de Jesus que ela não morra e ela morre. Uma pessoa é viciada em drogas, pedem em nome de Jesus para que ela deixe o vício e não adianta.

Às vezes adianta. E mesmo que isso possa ser atribuído ao acaso, há ocasiões em que fica evidente que algo aparentemente milagroso acontece. A isso damos o nome de “fé”, no seu sentido verdadeiro, de “fidelidade”, “obediência”, “sintonia”.

Por outro lado, a morte pode até ser adiada, mas não pode ser postergada indefinidamente. Até Jesus morreu. Esta existência é uma curta experiência material, não é a nossa vida verdadeira.

Uma pessoa que usa drogas, ou que tenha qualquer outro vício, só vai se libertar do vício se ela realmente quiser. O que determina isso é a vontade. O nosso instrumento de realização é a vontade. Se ela quiser, as orações vão ajudar. Se não, não.

Quando Jesus visitou Nazaré ele não pôde realizar lá muitas obras por causa da falta de fé das pessoas (Mateus 13:58; Marcos 6:5). Fé é fidelidade e sintonia. Se a pessoa não está na mesma sintonia, se não está receptiva, não adianta. Jesus (ou os trabalhadores da causa de Jesus) não vai interferir na vontade de ninguém.

“(…) em meu nome (…)” – sabemos que o nome, na Bíblia, não é apenas uma palavra para designar uma coisa. O nome representa a própria coisa. Em João 17:6 Jesus diz que veio “manifestar o nome de Deus” – essa manifestação é a própria vida de Jesus. O nome é a manifestação externa de uma realidade interna. O nome é a manifestação da essência em forma de existência.

Não é Jesus que nos atende os pedidos. Pense a respeito disso. Imagine Jesus sentado atrás de uma mesa lendo os pedidos que recebe. Que critério ele usaria para atender aos pedidos?

Já está provado que não adianta só pedir: “quero tal coisa em nome de Jesus” – então existe algum critério, e este critério deve ser justo. Não podemos imaginar Jesus atendendo ou deixando de atender o pedido de alguém usando como critério o fato de a pessoa que fez o pedido crer ou não crer em Jesus.

É claro que você pode orar para Jesus. Eu oro para Jesus. Agradeço a Jesus todos os dias e eventualmente peço alguma coisa. Mas não peço nada material: peço entendimento, peço inspiração.

Jesus é o que de mais alto conhecemos. Deus é a maior ideia que o homem pode conceber. E a ideia de Deus que nós temos nos é dada através de Jesus. Então podemos, sim, orar a Jesus. Mas temos que ter consciência de que Jesus não nos vai fazer favores. Jesus não vai se sensibilizar com a nossa situação, Jesus não vai se envaidecer e nos atender se nós puxarmos o saco dele.

Todas as dificuldades que nós enfrentamos são inerentes ao nosso estágio evolutivo. A nova geração de pais (com honrosas exceções) faz todas as vontades dos seus filhos – e estão cometendo um erro gravíssimo. Nós reencarnamos para nos disciplinar. Precisamos disciplinar nossos pensamentos, sentimentos e energias. E o papel primordial dos pais é disciplinar os filhos.

Antes de criticar este pensamento, reflita sobre o significado da palavra “disciplina”. Disciplina é uma palavra latina que deriva de discipulus, ou seja, “aluno”, “aquele que aprende” – que por sua vez vem do verbo discere, que quer dizer “aprender”. Disciplina é a arte de aprender.

Se um filho não quer dormir à noite o pai não pode fazer a sua vontade, pois é necessário para a criança dormir de noite. Se um filho não quer ir para a escola, o pai não pode concordar com ele, pois ele precisa ir para a escola.

O mundo é a nossa escola. E é na escola do mundo que nós aprendemos que há regras e que nós devemos cumprir essas regras. E muitas vezes nós aprendemos isso através da dor.

Jesus veio nos ensinar o caminho reto das Leis de Deus. O caminho das Leis de Deus é uma reta. Sempre que nos desviamos do caminho reto que leva a Deus, enveredando por desvios e atalhos, somos alertados pela dor. A dor é um mecanismo que nos avisa de que nos desviamos do caminho reto.

Então não adianta pedirmos para Jesus aliviar para nós. Não podemos fugir das nossas lições. Podemos, sim (e devemos), mudar as nossas atitudes. Devemos sintonizar com o nosso Cristo interno e agir de acordo com o ensinamento de Jesus que nós encontramos nos Evangelhos.

Não tem esse papo aí de que “Deus tem um plano para nós” – Deus tem, sim, um plano para nós. O plano de Deus para nós é a felicidade. Mas somos nós que devemos buscar a felicidade dentro de nós e com as nossas próprias energias.

O reino de Deus está dentro de nós, disse Jesus (Lucas 17:21). O que pedirmos, então, deve estar de acordo com as Leis de Deus. Tudo o que o nosso Cristo interno – pequeno, ainda, pouco desenvolvido – pedir, certamente será atendido. Tudo o que o nosso Eu verdadeiro pede ele consegue. Nossos pedidos de coisas espirituais, eternas, sempre são atendidos.

Sabemos que os problemas materiais imediatos nos afligem. Nosso foco deve ser a luz, o bem, por isso não convém nos queixar e relatar as nossas mazelas, as dores que já experimentamos.

Mas conhecemos a dor, assim como você, sua avó, seu vizinho, o cachorro do seu vizinho. A dor é mecanismo de aprendizado deste planeta. Temos que dançar a música no passo certo para evitar a dor.

O que realmente nos importa é o lado espiritual. Se cuidarmos do aspecto espiritual todo o resto se torna mais equilibrado. É o que Jesus nos disse em outra ocasião: “Buscai antes o reino de Deus (ou seja, das coisas do espírito), e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Lucas 12:31).

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