O espiritismo não é invenção de nenhum guru, não saiu da cabeça de algum líder predestinado, de nenhum dono da verdade. O espiritismo está em nossa consciência. Ninguém precisa de guru.
O espiritismo não tem gurus. São as pessoas que inventam profetas e gurus. Muitas pessoas sentem necessidade de abalizar suas crenças e convicções sob o caráter inquestionável de um mestre, um dono da verdade. Incapazes de estabelecer suas próprias verdades, através de estudo e raciocínio, preferem a receita de bolo infalível, de fácil preparo mas de nutrição duvidosa.
Um bom exemplo de como as pessoas são sugestionáveis e influenciáveis é a imprensa, especialmente o chamado jornalismo de opinião. Se o público-alvo (telespectador, ouvinte, leitor, internauta) concordar com três ou quatro ideias fortes e contundentes do dito jornalista, muito provavelmente acabará concordando com tudo o que ele diz, sem se questionar. Como é que você vai concordar com algo sem questionar? Como é que você vai aceitar como verdade qualquer coisa dita por qualquer pessoa, só porque essa pessoa se expressa bem, ou ocupa uma posição importante na sociedade, ou porque se destaca em determinada área? Ninguém pode ditar as regras da sua consciência. A sua consciência, como a minha, como a de todas, já tem as suas regras, não precisa de outras.
Ouça a sua consciência, escute a sua voz, dê ouvidos a ela. Preste atenção ao que ela diz. Aquela voz lá do fundo, lá, detrás de todas as outras, que são muitas, na sua cabeça; aquela voz lá no fundão é a sua consciência. Você não costuma ouvi-la? Ela não é muito popular, simpatia não é o seu forte. É que a verdade nem sempre é agradável, nem sempre faz sucesso; não dizem que a verdade dói?
Não aceite as verdades da sociedade, não aceite as verdades dos gurus. Não sem se questionar. Dentro do próprio espiritismo há um monte de gurus. Não por culpa deles, que nenhum deles se autoproclamou como guru, mas porque as pessoas os elegem como gurus, como elegem um vereador, ou o síndico do prédio, ou a musa do verão. Allan Kardec é tido por muitos como uma espécie de papa do espiritismo. Outros preferem Ramatis, ou Chico Xavier, ou André Luiz. É claro que temos preferência pelas ideias de um ou de outro, pelo modo de ver, pela maneira de ensinar. Mas não podemos nunca deixar de nos questionar. Não podemos comprar verdades prontas.
Um que prega algo parecido é o dissidente Waldo Vieira, que diz para não acreditar em nada, para termos nossas próprias experiências. No entanto, nunca vi alguém tão dono da verdade e que atira pra tudo quanto é lado como ele. Mas nada me obriga a aceitar suas verdades como minhas ou a levar a sério tudo o que ele diz. Mas que ele faz pose de guru, faz. Tem coisas muito úteis na conscienciologia ensinada pelo Waldo, como tem muito de útil e verdadeiro e digno e bonito no que ensinam os demais mencionados. Eles são como você, espírito imortal! Talvez mais adiantados, mais experientes. Mas como você, como nós. Filhos de Deus perfectíveis e ainda sujeitos a falhas.
Vamos aprender a pensar com nossas próprias cabeças. Questione, pesquise, pergunte, conclua. Ou apenas pense. Só não se deixe levar pelo cabresto da verdade única, não se deixe manietar por quem tem preguiça de pensar e quer rebanho dócil que aceite verdades prontas e não faça perguntas. O estudo não tem fim. Se quisermos saber mais, temos que estudar mais.