Desde que eu escrevi o artigo “Espiritismo: comer carne ou ser vegetariano?“, tenho recebido questionamentos quanto ao meu posicionamento em relação a Espiritismo, vegetarianismo e opinião.
Não tenho a menor dificuldade em opinar sobre qualquer assunto, mas na maioria das vezes é realmente só isso, opinião. Certezas, muito poucas. E as opiniões, assim como se formam, se desmancham. Não me apego às minha opiniões. Se a razão me indica outra melhor, sigo a razão.
O referido artigo me rendeu muitos comentários impublicáveis, o que é uma pena. Acho que a melhor parte dos assuntos que abordo são os comentários, pois eles refletem o meu pensamento a partir do ângulo de quem lê. É com os comentários que completo meu aprendizado, reforço ideias, revejo conceitos, penso de novo sobre o mesmo assunto.
Mas há comentários que não posso publicar. São os extremos. Os elogios rasgados dirigidos a mim e as críticas malcriadas dirigidas a mim. Não vejo nenhum problema em publicar elogios ao site ou aos artigos que escrevo. É um reconhecimento ao meu esforço. Às vezes me envaideço um pouco, mas no instante seguinte lembro que sou o primeiro a ter que praticar o que escrevo, e a vaidade já desaparece. Mas elogios pessoais eu não posso publicar, daria a impressão de que concordo com eles, e aí já é demais.
Em relação às críticas valem as mesmas regras. Críticas ao site, aos artigos, às minhas opiniões, tudo bem. São sempre bem vindas. Se não fosse pelas críticas que recebo, pensaria que sempre estou certo, e meu esforço seria bem menor. Mas as críticas devem ficar no campo das opiniões, não podem ser dirigidas a mim. Por mim, publicaria, sem problemas. Mas a maior parte dos leitores do site não gostaria de ler palavrões e ofensas vulgares, isso tornaria o espaço tenso, e não é essa a intenção, pelo contrário.
Tenho recebido questionamentos sobre meu vegetarianismo e sobre minha linha/conduta/posicionamento espírita. Sobre minha condição de vegetariano, e o conceito que faço dessa condição, penso ter deixado claro no artigo mencionado. Talvez eu tenha exagerado quanto à “pequeneza” do que isso representa pra mim. Talvez o tornar-se vegetariano não seja um passo pequeníssimo, como escrevi lá. Talvez seja um passo apenas pequeno, não pequeníssimo. Estou naturalmente, sem esforço, rumando para o veganismo, mas isso é assunto para outra oportunidade.
Em relação à minha condição de espírita, devo dizer que sou o mesmo que você, espírito imortal em busca da reforma íntima. Não dou grande importância aos rótulos. Judeu, muçulmano, budista. Católico, protestante, evangélico, umbandista, espírita. São rótulos. Não sou melhor que eles por ser espírita. Nem melhor que outros espíritas por ser o espírita que sou. Minhas opiniões não se pautam necessariamente pela doutrina espírita. Apenas evito contrariá-la, para não entrar em contradição comigo mesmo.
O espiritismo é tão amplo, oferece um campo de pesquisa tão vasto, proporciona um desenvolvimento do pensamento tão livre, que não posso concebê-lo impondo limites à pesquisa e ao pensamento. Há os puristas, e ainda bem que há os puristas. É graças aos conservadores que a essência não se perde. Tem espíritas que só aceitam Kardec. Chamam outros grupos de os andreluizistas, os ramatisistas, e por aí vai.
Eu tenho pra mim que há espaço pra todos. O espiritismo tem espaço de sobra para os cientistas, os filósofos, os religiosos, os que praticam, os que teorizam. Todos estão em busca do melhor para si e para o próximo. Aliás, Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, faz uma definição bastante ampla de espírita: “adepto do espiritismo é aquele que crê nas manifestações dos espíritos. Nesse caso incluiria umbandistas e outros…
Sou espírita, gosto de ser espírita, acredito que o melhor pra mim é ser espírita. Mas há coisas muito mais importantes para uma mulher ou um homem do que sua condição de espírita ou não espírita. É o bem que se faz. Se conhece a árvore pelos frutos. O resto é conversa pra boi dormir.