Protestos pacíficos. É tudo o que precisamos. A esmagadora maioria dos manifestantes são ordeiros. Não podemos permitir que bandidos se infiltrem nas manifestações. Isso só serve para dar argumentos aos que se opõe aos protestos.
É fácil perceber o posicionamento de cada veículo de comunicação em relação aos protestos. Muitos têm como manchetes apenas cenas sangrentas de atos de vandalismo. Não dependemos deles para nada. Passou o tempo em que éramos reféns da grande mídia. Há 200 milhões de celulares no Brasil. Todos devem filmar todo ato que fuja ao normal, para contrapor às manipulações midiáticas e para ajudar a identificar quem são os bandidos que denigrem as manifestações pacíficas e ordeiras.
Também não podemos aceitar que políticos oportunistas peguem carona no movimento nacional espontâneo que está em curso. Nem é indicado que o movimento em curso sirva para a formação de novas lideranças políticas. Na questão 60 livro O Consolador, Emmanuel nos aconselha neste sentido:
Como se deverá comportar o espírita perante a política do mundo?
– O sincero discípulo de Jesus está investido de missão mais sublime, em face da tarefa política saturada de lutas materiais. Essa é a razão por que não deve provocar uma situação de evidência para si mesmo nas administrações transitórias do mundo. (…) As organizações humanas são passageiras em face da necessidade de renovação de todas as fórmulas do homem na lei do progresso universal, depreendendo-se daí que a verdadeira construção da felicidade geral só será efetiva com bases legítimas no espírito das criaturas.
Em 1947 a Índia recuperou sua independência depois de três séculos de colonização inglesa. A índia só conseguiu isso graças à explosiva ação social. Ordeira, pacífica, não-violenta. O líder do movimento foi Ghandi, que se notabilizou com o conceito de resistência pacífica. A não-violência nos protestos paralisa a organização repressora.
Todo policial que for destacado para conter as manifestações deve lembrar que também faz parte do sistema, que também tem família e que também é parte legítima no movimento.
Aos que pensam que estão contribuindo com os protestos com atos de destruição, lembro a questão 733 do Livro dos Espíritos:
Entre os homens da Terra existirá sempre a necessidade da destruição?
Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.
Se quisermos ver o lado positivo de tudo, podemos considerar que as primeiras manifestações mais radicais abriram caminho para um maior comprometimento da população. Do mesmo modo podemos ver a Copa como a nossa grande oportunidade de mudança. Haverá o Brasil de antes da Copa e o Brasil de depois da Copa.
Este evento tão controverso já tem gerado enormes benefícios ao fazer a população pensar, se posicionar e fazer valer sua vontade. É elemento de progresso moral, ao sensibilizar milhões de pessoas para uma visão de sociedade que antes não estava bem definida. O Brasil está sendo visto, observado, e será cada vez mais em razão da Copa. Temos que aproveitar esse momento histórico para dar bons exemplos.
Lembrando as palavras de Humberto de Campos em Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho:
Dentro, pois, do Brasil, a grande obra de Ismael tem a sua função relevante no organismo social da pátria do Cruzeiro, vivificando a seara da educação espiritual. E não tenhamos dúvida. Superiores às funções dos transitórios organismos políticos, é essa obra abençoada, de educação genuinamente cristã, o ascendente da nação do Evangelho e o elemento que preparará o seu povo para os tempos do porvir.
Não é sempre que nossa pátria amada chama a atenção do mundo para algo construtivo e útil. Somos vistos como o país das bundas, do carnaval, do futebol… E somos muito mais que isso. Somos o país da diversidade racial e cultural, o país da liberdade religiosa e de crença, o país da solidariedade, o país do calor humano. Somos a quarta maior democracia do mundo, temos um mercado editorial que cresce ano a ano, somos um povo hospitaleiro, somos o país do trabalho voluntário. Já voltamos até a cantar o hino…