ARTIGO DE AUTORIA DE RODRIGO PNT
A igreja evangélica sempre acreditou em inferno eterno, que um dia Jesus virá e separará os bodes das ovelhas, lançando os bodes no inferno onde queimarão eternamente, é o que dizem.
Sobre muitas passagens do evangelho baseiam a sua afirmação, mas isso não vem ao caso. O que realmente importa é a maldade que estamos praticando contra os espíritos menores e menos instruídos que estão presos ou no umbral ou na erraticidade. Na verdade, os espíritos chamados de demônios ou malignos, que se manifestam nas reuniões e cultos evangélicos e são expulsos pelos ministros ou líderes, constituem espíritos atrasados e que necessitam ser doutrinados.
O endemoniado nada mais é do que um médium que não consegue lidar com a sua mediunidade ou encontra-se refém de um feroz inimigo espiritual, por vezes ligado ao encarnado por muitas gerações (reencarnações) e que está assim por sua própria culpa, pois não quer reformar-se interiormente. Por vezes é uma relação de centenas de anos entre dois espíritos que perpetuam sua raiva um pelo outro digladiando-se e vingando-se mutuamente em um ciclo que nunca encontrará um fim enquanto um dos dois não der a mão à palmatória, ou seja, não perdoar.
Por sua vez, esses seres humanos desencarnados são amaldiçoados por irmãos que ignoram isso. Quando expulsos são mandados pro inferno, xingados e torturados psicologicamente, já não bastasse o tormento que estão passando em suas mentes confusas pela falsa vingança.
Por isso sempre me espelhei em Cristo que nunca amaldiçoou nenhum espírito quando expulsava, somente falava: Sai dele. Eu, como ministro evangélico, já expulsei alguns espíritos, porém com sinceridade digo que se a pessoa da qual foi expulsa o espírito não começar a reformar-se interiormente de nada adianta. Ele volta sempre com mais força e por vezes acompanhado de outro espírito pior do que ele. Por isso é necessário, além da reforma íntima do médium, doutrinar esses espíritos, ensinar-lhes o evangelho, porque dou testemunho que muitos até pensam realmente serem demônios, já que todos praguejam isso contra eles.
No umbral, que não deixa de ser uma região de tormento, alguns se encontram e por vezes conseguem uma pequena fuga espalhando-se rapidamente sobre a Terra. Os centros religiosos ou espíritas lhes parecem irresistivelmente atraentes, já que a espiritualidade maior assim determina para que eles aí dirijam-se a fim de aprenderem algo de valor que lhes proporcione avanço moral e intelectual.
Imagine esses espíritos, que nada mais são do que seres humanos desencarnados, surgidos por vezes de uma era remota que nem imaginamos ter existido, com suas personalidades medievais e cruéis adentrarem alguma igreja evangélica e tentarem comunicar-se através do primeiro médium com o qual sentem afinidade. Sim, pense, foi a própria espiritualidade maior que os atraiu para esse local, e quando ali chegam são ridicularizados, amaldiçoados e expulsos sem que lhes dê ao menos a chance de comunicarem-se, contarem suas dores e suas misérias e aprenderem alguma coisa que lhes sacie as suas almas doridas. Certamente que os responsáveis por isso terão que dar contas um dia.
Realmente há pessoas, na matéria ou fora dela, que creem fielmente no que dizem seus líderes religiosos, sem no entanto analisarem à luz da razão. Por isso tantos no umbral. É pela falta de compreensão, pela ignorância e ausência de caridade. Acham que Deus é um sádico criando almas para lançar no inferno, e, como não bastasse, pretende atormentá-las eternamente enquanto seus familiares estariam em uma felicidade contemplativa no paraíso vendo eles sofrerem sem esperanças de salvação.
Que antagônico, não? O próprio Jesus, após desencarnar, esteve no umbral salvando muitos que encontravam-se presos desde o dilúvio bíblico, tenha existido ou não, mas o fato é que esses espíritos estavam aprisionados desde os primórdios da humanidade no umbral e Cristo lá esteve para conceder-lhes alguma luz pelo seu evangelho como nos diz Pedro em 1 Pedro 3: 18-20:
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.”
Espíritos em prisão, muitos ainda estão assim. Mas não é porque Deus os quer ver aprisionados, e sim por causa da ignorância de pessoas que lideram pessoas que em vez de instruir-se e aprender fecham-se para o que é racional fanatizando Deus e a bíblia, excluindo o que não entendem como sábios, porém loucos. Tornaram-se irracionais não dando crédito à espiritualidade maior que sempre os chama à razão.
Rodrigo PNT É presbítero evangélico e admirador e estudioso da Doutrina Espírita.