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Espiritualidade, mediunidade e animismo na igreja evangélica

Oração no monte
Fenômenos mediúnicos na oração no monte

ARTIGO DE AUTORIA DE RODRIGO PNT

Há manifestações na igreja evangélica que, se estudadas à luz do Espiritismo, trariam uma compreensão muito boa sobre a espiritualidade, a mediunidade e o animismo.

No meio evangélico tudo é muito mistificado. Os dons, as aparições e outras manifestações mediúnicas, muita coisa é demonizada. Na verdade, tudo o que não se entende e que não está escrito na bíblia é atribuído a satanás. O crente em geral é uma pessoa com muita experiência mediúnica e espiritual, porém com quase nenhuma compreensão sobre isso. É uma pessoa dotada de uma força mediúnica e anímica incrível. Muitas manifestações ocorrem nesse meio; pena que caia tudo no campo místico e nada seja estudado à luz da razão.

No princípio da minha caminhada espiritual no meio evangélico eu era também um sectário e um dos mais fanáticos pela religião do meu grupo. Embora possa não parecer, na verdade nasci em berço protestante materialista ferrenho, daqueles em que só acreditar em espíritos já é motivo para a condenação. Porém, aos vinte e três anos, migrei para o movimento pentecostal, onde comecei a ter contato com a espiritualidade. Daí para frente, me inteirar do Espiritismo foi um pulo.

Mas o que quero relatar neste artigo não é minha autobiografia, e sim, os processos mediúnicos que ocorrem no meio pentecostal. Na igreja pentecostal se ganha muito status espiritual com orações e jejuns. Na verdade, é imposto pelos espíritos que ali exercem domínio. Através dos dons mediúnicos que se manifestam, eles, os espíritos, afirmam esbravejando que não se deve deixar de orar e jejuar. Quanto mais oração e jejum, mais poder. Isso se ouve nas preleções e revelações intituladas de mensagens do Espírito Santo.

É claro que orar é importante, mas já vi pessoas que têm os joelhos calejados de tanto orar ajoelhado, e isso as tornam orgulhosas e arrogantes, mistificadas pelos outros irmãos. São os que enchem a nave do templo quando vão pregar, cheios de mediunidade mas sem um pingo de caridade. São os poderosos, os profetas, que fazem descer fogo espiritual do céu na vida dos irmãos. Isso tudo poderia ser muito bom se fosse aproveitado para o aprendizado e não para a autopromoção e a mistificação.

Mas o que quero realmente tratar é sobre as orações que se faz nos montes ou matas fechadas, visando entrar em um maior contato com a espiritualidade. Nessas orações geralmente reúne-se um grupo de pessoas que tenha o intuito de orar bastante para que o prosseguimento dos cultos seja cheio de manifestações como curas e profecias, que são mensagens entregues pela espiritualidade através da psicofonia mediúnica, como já falei em outro artigo.

Eu acho, pela minha experiência, muito boas essas orações. É claro, desmistificando elas, pois realmente a espiritualidade se abre para o indíviduo. Há manifestações tremendas que, se estudadas à luz do Espiritismo, trariam uma compreensão muito boa sobre a espiritualidade, a mediunidade e o animismo. Sim, se a igreja se abrisse a esses conceitos e deixasse de lado o fanatismo, penso que teríamos um salto gigantesco no progresso espiritual humano, pois não se pode negar que as igrejas evangélicas têm alcançado um número muito grande de pessoas sem entender essas verdades, imagine entendendo-as.

Poder-se-ia tratar doenças da alma com um conhecimento muito elevado, educar espíritos perdidos nas trevas morais há milhares de anos, enfim, as utilidades são múltiplas e o avanço moral seria quase completo. Se fosse estudado o movimento espiritual no meio pentecostal à luz da razão, do enfoque científico e aos moldes do Espiritismo, a humanidade saltaria logo para a próxima etapa do progresso mundial.

Como vinha dizendo, essas orações envoltas em misticismos no meio das matas, segundo minha experiência nos coloca em contato com espíritos muito antigos que zelam pela natureza. Eu mesmo já tive alguns contatos com esses espíritos. Geralmente são índios que por curiosidade ou por cuidado da natureza que lhes foi confiada, aproximam-se dos grupos pentecostais quando estão orando, alguns até participam desse momento cuidando dos encarnados que se encontram ali, protegendo-os de animais peçonhentos. Interessante é que eles deixam o chão da mata, que é geralmente forrado de folhas secas e galhos, todo aceso como se houvesse fogo neles, por causa do seu poderoso magnetismo.

Numa dessas vezes um irmão trouxe para casa um galho e colocou no quarto da sua filha, que ficou iluminado durante toda a noite. Outras vezes, eles são vistos por alguns que possuem mediunidade mais ostensiva, que pensam tratarem-se de anjos ou demônios. Sim, são espíritos, seres incríveis que pairam pelas matas e rios, uns rudes e extremamente sérios, outros graciosos e simpáticos, mas nenhum deles totalmente mau. Eu penso que se trata dos nossos antecessores nessa terra, as tribos indígenas, que estão ainda apegados à matéria e por isso aprisionados nessa natureza.

Há alguns anos estive em um monte próximo da minha cidade junto com alguns irmãos no intuito de orar, nós havíamos nos perdido do grupo e perambulávamos só iluminados pela lanterna que trazíamos. De repente o céu ficou claro como noite de lua cheia, o que iluminou totalmente o carreiro onde andávamos e assim pudemos encontrar o grupo que estava a alguns passos de nós, já nervosos pela nossa demora. Outra feita, quando orávamos, vi chegarem alguns indivíduos no local onde estávamos, mais ou menos em número de vinte, e se puseram também a orar. Eles eram muito altos e pareciam que eram liderados por um mais alto que eles, o qual se pôs bem à minha frente e ficou me olhando por alguns momentos. Não tive medo dele.

Após a oração descemos o monte e eu perguntei para o pastor que tinha organizado a reunião no monte por que aqueles irmãos haviam se atrasado e ele respondeu que não havia mais ninguém lá, só nós, que éramos oito. Os outros irmãos também não tinham visto nada, aí eu deduzi que eram espíritos que ali vieram confraternizar conosco.

Certamente é muito latente a espiritualidade na igreja. Mas como disse, mal compreendida, mediunidade abusada e mistificada, médiuns endeusados e o evangelho de Jesus meio esquecido produzindo pessoas destituídas de caridade e sem nenhuma análise racional. As reuniões no lar, que a minha denominação faz, é uma coisa muito boa, mas poderia ser melhor se houvesse o estudo de tais fenômenos. Os alimentos que são recolhidos e distribuídos não deixa de ser obras de piedade, mas se com os alimentos estivesse a instrução que o Espiritismo nos dá, certamente que essas almas evoluiriam em sua caminhada.

Rodrigo PNT É presbítero evangélico e admirador e estudioso da Doutrina Espírita.

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