Comportamento

Espiritismo e pessoas que gostam de sofrer

pessoa que gosta de sofrer

Morel Felipe Wilkon

Ouça este artigo na voz do autor

Há pessoas que veem no Espiritismo uma valorização do sofrimento. Não é assim. Mas há pessoas que gostam de sofrer.

O que é a doença física? É um desajuste nas células. Olhe o seu dedo indicador esquerdo. Acenda um isqueiro sob ele e o queimará; passe uma lâmina sobre ele e o cortará; bata com o martelo nele e o esmagará. As células do seu dedo sofrerão um desajuste. Sanada a causa, tendo os devidos cuidados, suas células se reajustarão e o seu dedo voltará à normalidade.

Todos estamos, de algum modo, doentes do espírito. Todos estamos espiritualmente desajustados. Somos filhos de Deus, creados à sua imagem e semelhança, portanto, perfectíveis. Mas, quanto mais longe da perfeição, mais doentes. Conforme vamos evoluindo, vamos adquirindo saúde espiritual.

Não há ninguém que esteja cem por cento saudável espiritualmente. Todos têm algum desajuste. As pessoas com quem convivemos cotidianamente, em qualquer círculo social, são as pessoas mais indicadas para o nosso aprendizado. Nada é por acaso. Nos aproximamos, propositadamente ou não, daqueles com quem podemos aprender e ensinar.

mulher deitada na rua
Há pessoas que gostam de sofrer…

Conheço muitas pessoas que gostam de sofrer. Gostam de ser vítimas, ou de se sentirem injustiçadas, ou desgraçadas, ou desamparadas. É claro que isso não é consciente.  Se perguntarmos a cada uma delas se elas querem ser felizes, todas dirão que sim, e estarão dizendo a verdade. Mas o seu estado de desajuste espiritual não lhes permite sequer imaginar o que seja a felicidade. Imaginarão um momento de paz ou alegria ou prazer intenso.

Muitos gostam de sofrer e atraem sofrimento. Quando as coisas vão bem, ficam tensas, na expectativa de que algo dê errado e volte tudo ao “normal”. Logo vem mais uma “bomba” e elas como que se aliviam: “eu sabia!”

Esse estado de coisas é fruto de erros passados, é resultado de remorsos dolorosos. O espírito culpado traz na consciência a acusação permanente contra si mesmo. Ao reencarnar, mesmo esquecendo os detalhes de suas reencarnações anteriores, tem no íntimo a marca da culpa e do merecimento de coisas negativas. Seu estado negativo, sua amargura, é como o gosto deixado na boca por um remédio amargo. Esses espíritos purgam, na matéria, suas impurezas morais.

O que muitos não entendem é que a dor não paga nada. Por mais sofrimento que alguém experimente, este sofrimento, por si só, não resolve absolutamente nada. A única função da dor é nos indicar que há um ajuste a fazer. Se este ajuste não é feito, a dor pode apertar por séculos que não adiantará nada.

Nossa consciência sempre reflete o que fizemos para os outros e para nós mesmos. Não há como escaparmos de nossas próprias criações. Sei de pessoas que quando tomam conhecimento de algum crime horrendo, de grandes proporções, desacreditam da Justiça divina. Acham que nenhuma pena, nenhum castigo é suficiente para que o criminoso pague pelo seu ato. Quem pensa assim não se dá conta de que todos nós, em algum ponto do passado, já fomos tão ou mais criminosos do que este a quem aponta o dedo.

A reencarnação nos facilita o recomeço graças ao esquecimento temporário do passado. Mas às vezes o nosso vínculo com os erros, com as vítimas ou os cúmplices do passado se estendem por séculos. Para amenizar esse aspecto negativo, precisamos construir novos laços de afeição, semear amizades sinceras e praticar ações meritórias, úteis e construtivas.

Manter a atitude de pobre vítima injustiçada, gemendo alto para que todos ouçam os queixumes e lamúrias é ser ingrato com a Vida, que nos oferece todos os dias novas oportunidades de recomeço. A cada dia, quando despertamos, temos mais uma chance de fazer o certo, de valorizar a vida, de ver em tudo motivo de aprendizado.

Conheça meu canal no Youtube!

Artigo AnteriorPróximo Artigo