O conhecimento trazido pelo Espiritismo nos faz repensar sobre os falsos valores propagados pela sociedade.
Não sei se você já percebeu, mas nós não teremos fim. Sei que você é reencarnacionista, sei que você sabe que somos espíritos imortais. Mas você já se deu conta do que isso representa? Todas as nossas ilusões terrenas não terão valor nenhum! O carro novo, a casa na praia, o corpo sarado, as roupas de festa, os livros guardados, as joias para usar em ocasiões especiais. Pequenas coisas a que você dá muito valor não terão o menor sentido quando você desencarnar. Suas receitas culinárias, aquele CD que você tem pena de jogar fora, o arranhão na pintura do seu carro, a arrumação das suas gavetas.
Quando terminar a sua atual experiência aqui na matéria, você vai conferir se lá tem alguma importância o time de futebol, o partido político, o Estado em que você nasceu, a sua classe social, a sua profissão, a sua escolaridade, a sua religião e esse monte de sociedades e grupos que você tanto valoriza hoje.
Você provavelmente conhece pessoas que vivem em função de futebol. Comem, respiram, sonham com futebol. Nada contra o futebol, pelo contrário. Mas o que o futebol acrescenta para o espírito? Que grande aprendizado vamos adquirir decorando escalações de times ou analisando esquemas táticos? O futebol é só um exemplo. Há pessoas que alimentam rancores e mágoas por política, por cargos de chefia, até por eleição de síndico. De religião nem se fala. Teoricamente, todos querem o mesmo, todos buscam sua religação com Deus. Mas na prática… É uma sucessão de pequenas guerras santas.
Como você acha que essas pessoas, que podem ser eu, você e qualquer outro, como você acha que é a chegada de alguém assim no lado de lá? Você imagina a adaptação de uma pessoa assim em sua nova situação de desencarnada? Como essa pessoa deve se sentir, num plano onde os valores que cultivou não têm valor, onde seus aprendizados não valem quase nada, onde é tão difícil se esconder de si mesmo?
As pessoas que se deixam fanatizar por política, futebol, religião, fogem de si mesmas. Escondem sua realidade num canto qualquer da consciência e brincam de viver. Talvez você sinta essa necessidade de pertencimento a um grupo, a uma classe, a um conjunto de pessoas que representem uma ideia. Associar a nossa imagem a um grupo pode nos fazer sentir fortes, completos, preenchidos. Todos temos carências e anseios. Há muitas pessoas que se sentem vencedoras quando seu time ganha o campeonato ou quando seu partido ganha a eleição. Não sou dono da verdade pra dizer que isso é errado. Só não podemos esquecer que nosso crescimento é individual. A reforma íntima que cada um de nós busca é algo pessoal. As conquistas podem ser coletivas, mas as vitórias são pessoais. A maior vitória que se pode conquistar é sobre si mesmo.
Estamos na matéria, e temos que usar a matéria em nosso benefício. É ótimo ter conforto e prazer. É maravilhoso se sentir importante, bem quisto, respeitado, vitorioso. Mas somos espíritos que se manifestam temporariamente através de um corpo carnal. Isso nós devemos ter sempre em mente. Havendo essa consciência, não existe preocupação por causa de pequenas vaidades humanas tão valorizadas por algumas pessoas de horizonte mais curto.
Preocupação em ser popular, em ter acesso a pseudocelebridades, em ganhar a melhor mesa no restaurante, em ser o médium mais requisitado, em ser paparicado pelos subalternos ou conceituado pelos diretores, em morar num bairro mais chique, em ter viajado para mais lugares, em ter namorado mais pessoas, em ser a última bolacha do pacote.
Não vamos alcançar a perfeição nesta vida. Se você tinha essa esperança, sinto muito em desapontá-lo. Todos temos nossas vaidades, nossos pontos fracos. Mas não podemos viver em função de nossas fraquezas. Precisamos compreendê-las e trabalhar persistentemente sobre elas. Devemos lembrar isso todos os dias da nossa vida.
A grande mídia nos propaga falsos valores, modas inventadas por uma elitezinha pseudointelectual de canudos mal havidos. Assim surgem o partidarismo, o elitismo, o sectarismo, os fanatismos de toda espécie que prosperam na boca de quem deles vive. Sempre há alguém lucrando com o fanatismo alheio. Não deixe que façam de você massa de manobra, não deixe que lhe tratem como gado dócil engordando na invernada. Você vive aqui e agora, mas não esqueça nem um só dia que você é espírito imortal, que sua vida não terá fim, apenas troca de lado. Tudo o que você pensa ou faz, ou deixa que façam com você, terá consequências mais tarde.