Francisco é o maior líder cristão do mundo. No Brasil temos o privilégio de conviver com as mais variadas denominações religiosas, a grande maioria cristãs. Catolicismo, protestantismo, Espiritismo. Às vezes nos esquecemos de que todos somos cristãos, mesmo que com visões bem diferentes. E dentre os cristãos, foi escolhido hoje o representante do catolicismo, o novo papa, Francisco, que conta entre seus adeptos com uma em cada seis pessoas no mundo. Não é pouca coisa.
Por isso a importância de refletirmos sobre o que representa e, acima de tudo, o que pode representar para o mundo, ou para o Brasil, que nos toca mais de perto (que os meus leitores de Portugal e Angola me perdoem o bairrismo).
Há fatores que chamam a atenção em relação ao novo papa. É um latino-americano, jesuíta, conservador e com posições políticas bem definidas. A escolha de um papa argentino pode contar com a antipatia de brasileiros menos esclarecidos, que se deixam influenciar pela grande mídia, principalmente esportiva, e acreditam que exista uma rivalidade entre Brasil e Argentina. Bobagem.
A espiritualidade superior certamente acompanha com grande interesse a missão cósmica do papa Francisco. A missão de guiar espiritualmente mais de um bilhão de espíritos encarnados na Terra neste período de transição. É a oportunidade que a América Latina recebe para propor inovações ao Velho Mundo.
A exemplo de João Paulo II, há uma tentativa, por parte de Francisco, de aproximação com outras denominações cristãs. Em 2006, num evento com a presença de evangélicos pentecostais e católicos carismáticos, o então cardeal Bergoglio, hoje papa Francisco, pediu e recebeu, de joelhos, uma oração dos pastores presentes. Dificilmente os espíritas irão contar com a boa vontade do novo papa, mas uma harmonia em nome do cristianismo já está de bom tamanho.
Muito se tem falado em crise na Igreja Católica, e é verdade que ela vem perdendo fiéis. Mas a crise que nós percebemos não é no catolicismo, é uma crise instalada nos costumes da população mundial, é uma crise cultural global. Francisco terá muito trabalho. Se lembrarmos, sem preconceito e sem ranços históricos, que o principal objetivo da Igreja Católica é a evangelização (e nisso a Companhia de Jesus é tradicional na América do Sul), perceberemos que sua missão é nobre, é o preparo dos espíritos encarnados, neste despontar do terceiro milênio, para as mudanças planejadas para o planeta. No meio espírita este assunto é comum – transição planetária, mudanças na Terra – mas seria ridículo pensar que as mudanças em curso serão protagonizadas exclusivamente por espíritas. Esperamos que Francisco tenha forças para encetar essas mudanças.
O novo papa é um homem de costumes simples. Talvez dê ênfase ao combate ao materialismo consumista e destruidor que viceja hoje. Há um grande planejamento espiritual em curso, é fácil perceber que a escolha do novo papa faz parte disso.
Muito se critica o conservadorismo católico. Mas os conservadores são necessários em qualquer corrente de pensamento. Sem o conservadorismo não há base, não há linha-mestra. Pessoalmente acho que o catolicismo vai perder muito mais fieis do que vem perdendo, principalmente no Brasil. As pessoas buscam resultados diretos e palpáveis para as suas vidas, um envolvimento espiritual mais humano e menos formal. Encontram isso nas diversas igrejas evangélicas e no espiritismo. Os que restarem no catolicismo serão religiosos de fato, não apenas seguidores tradicionais. Então ressurgirá uma nova Igreja, muito mais dinâmica e ativa, com um papel destacado na sociedade. Uma Igreja evangelizadora e tolerante, ativa nas questões ambientais e sociais e ciosa da integridade moral de seus representantes.
A escolha de um papa latino-americano é significativa. É prenúncio de mudanças profundas, que podem não se concretizar no papado de Francisco, mas que começarão agora. É forte a possibilidade de que o diálogo religioso e cultural se consolide no mundo. Parabéns aos católicos. Parabéns aos argentinos. Parabéns aos cristãos. Estejamos unidos em objetivos superiores.