A principal virtude do Espiritismo é o esclarecimento. O esclarecimento a respeito das coisas do espírito faz toda a diferença numa existência. Sabermos que a razão de estarmos aqui é muito maior do que simplesmente passar o tempo nos dá a dimensão dos problemas com que nos defrontamos no cotidiano.
A maioria das coisas com que nos preocupamos não se concretizam, são preocupações absolutamente inúteis. Do mesmo modo, pequenas coisas a que damos muito valor, como se elas fizessem parte dos nossos valores, na verdade não têm importância nenhuma.
Nossas pequenas vaidadezinhas, que nos fazem mudar o comportamento, que nos tornam artificiais, de que nos servirão essas vaidades quando estivermos envelhecendo, ou quando desencarnarmos? Não será ridículo lembrar de todas as idiotices que cometemos em nome de uma imagem que criamos pra nós mesmos e que lutamos para cultivar?
E as ambições que tomam parte significativa do tempo e da energia de tantas pessoas? Anos e anos de trabalho árduo e estudos enfastiantes para conquistar uma posição de poder e dinheiro. O estudo só compensa, realmente, se for algo que nos preencha, se for alguma coisa que nos faça sentir melhores e mais úteis.
E os desejos que atormentam homens e mulheres e que às vezes causam transtornos irreversíveis? Uma gravidez indesejada, um filho fora do casamento, uma traição descoberta ou perseguida pelo remorso, uma violência cometida num momento de fúria, a palavra impensada e cheia de crueldade, a ingratidão com alguém que nos foi caro e que descartamos por outra pessoa?
São inúmeras as situações em que erramos por desatenção, por desleixo com a seriedade que a Vida merece. São incontáveis os erros cometidos não por maldade deliberada, mas por desconsiderar que existe um sentido bem mais nobre na vida do que o egoísmo que só manda cuidar de si mesmo e do seu bem-estar.
Por isso o esclarecimento é imprescindível. Para que estejamos atentos às nossas fraquezas de caráter, para que nós não nos deixemos seduzir pelas facilidades aparentes e estejamos atentos ao que realmente importa, que é o crescimento do espírito. Não é preciso tentar ser santo. Estamos longe disso, e as tentativas forçadas nunca produzem bom resultado. Mas temos que cuidar para não errarmos demais, para não deixarmos que as nossas principais falhas se desenvolvam livremente.
É triste ver pessoas no fim da reencarnação cheias de mágoas, rancores, remorsos. Tudo por falta de esclarecimento, por não terem em mente que isso é uma passagem, um instante rápido na eternidade, um momento de experiência material que temos o dever de aproveitar ao máximo. É lamentável olhar pra trás e perceber nitidamente que nem tudo era assim tão difícil como queríamos fazer parecer, que bastava um pouco mais de esforço e teríamos feito tudo melhor, tudo diferente. É terrível ver quando alguém desencarna com os mesmos compromissos por resolver, ou ainda com o acréscimo de novos compromissos cármicos assumidos por leviandade, orgulho e prepotência.
A existência é curta, curtíssima. Pode parecer longa, às vezes, já que o tempo é relativo e os períodos difíceis custam a passar. Mas quando chega ao fim se percebe com clareza que toda uma reencarnação não passa de um instante, um instante compacto em que o que mais se destaca é aquilo a que mais nos dedicamos.