Você sabe que o Espiritismo é a fé raciocinada. O que podemos refletir sobre a fé em Deus? Já fui um estudioso da Bíblia. Achava fascinantes as barbaridades cometidas em nome do deus do Antigo Testamento e a mando desse mesmo deus. São milhões de mortes: homens, mulheres e crianças. Manda matar e esquartejar crianças, ameaça os israelitas de terem que comer a carne de seus próprios filhos, entre inúmeras outras atrocidades terríveis. Claro que esse não é Deus. Eram espíritos brutos que guiavam um povo bruto e semi-selvagem.
Esse tipo de estudo, pra quem não tem estrutura religiosa, leva ao ateísmo e à revolta contra Deus.
Quem nos trouxe a imagem de Deus que temos hoje foi Jesus. Foi Jesus quem nos ensinou a ideia de um Deus infinitamente misericordioso e bom, a quem ele se referiu como Pai.
Muitas pessoas não estudam, apenas ouvem falar, se satisfazem com essa informação e tornam-se descrentes. Na verdade, já eram descrentes. Apenas justificam sua incredulidade com coisas da Bíblia ou de Deus que ouviram falar.
Antes de estudar o Espiritismo, uma das coisas que me intrigava e que eu achava um grande “furo” na teoria espírita era o número de espíritos e a reencarnação. Se os espíritos estavam sempre reencarnando e a população da Terra estava cada vez maior, de onde vinham tantos espíritos?
Foi fácil perceber, estudando, que a creação de Deus é incessante. O espaço é infinito, o tempo é eterno e a criação é incessante. Deus está sempre creando. O universo está sempre em expansão, novos mundos se formam, outros se transformam, mais espíritos tomam consciência de si mesmos e inauguram o “saber que existem”.
Deus é atividade, o universo é dinâmico, a creação é permanente. Não sabemos nada. Apenas observamos o infinito e percebemos o quanto nos aguarda. Não conhecemos nem a Terra direito. Novas descobertas são feitas todos os dias. Muitos animais, como insetos e peixes, não foram sequer catalogados, são praticamente desconhecidos. Existe um universo desconhecido, um mundo em constante transformação sempre pleno de novidades.
E existe o nosso íntimo. O território mais vasto e ainda desconhecido, não desbravado, do interior de nosso ser. Esse nosso território interno, como o universo, está em constante expansão. Sempre aprendendo, adquirindo conhecimentos e experiências, notando sentimentos novos e aflições antigas.
O Evangelho de Tomé nos oferece uma visão alternativa da ênfase do ensino de Jesus. Em vez da fé, Jesus pretenderia como mais importante o autoconhecimento. Sócrates pregava o autoconhecimento, na Grécia de quatrocentos anos antes de Cristo.
A palavra fé deriva do latim fides, que significa fidelidade. Confundimos fé com crença, mas fé, originalmente, não quer dizer acreditar, mas ser fiel. Ter fé em Deus é ser fiel a Deus. Guardar fidelidade a Deus. Ser próximo, parecido, o mais semelhante possível, imitar Deus. Se Deus está sempre creando e o universo está sempre em expansão, é lógico que nós devemos nos desenvolver e expandir sempre mais.
O autoconhecimento nos impele, necessariamente, ao crescimento. Conhecendo a nós mesmos e ao nosso potencial infinito, somos puxados pra fora de nosso esconderijo psicológico, somos apresentados ao universo e queremos nos expandir com ele.
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