O Espiritismo é claro no que diz respeito à teoria das almas gêmeas…
Você acha que existem almas gêmeas? Você acredita na teoria que afirma que precisamos encontrar nossa alma gêmea para nos completarmos?
Você é espírito imortal, único, individual e completo. Não precisa de ninguém específico para lhe completar. Todos precisamos uns dos outros, mas não dependemos de ninguém específico para nos completarmos.
Sabendo que devemos amar uns aos outros, de acordo com o ensinamento cósmico eterno que Jesus nos trouxe, seria um contrassenso achar que existe alguém especial que mereça o nosso amor acima dos demais.
É lindo o amor entre um homem e uma mulher. Não vou falar de amor entre duas pessoas do mesmo sexo porque a imagem que tenho de romantismo é entre um homem e uma mulher. Acho que a homoafetividade é pós-romântica. Mas o amor romântico é apenas uma forma de amor. E o amor é infinito em suas manifestações. Não somos capazes de compreendê-lo.
O ideal é amarmos todas as pessoas. Não vivemos no mundo ideal, eu sei disso. Também não vivemos num mundo de conto de fadas, e acreditar em almas gêmeas é acreditar em contos de fadas. Você pode acreditar, se quiser. Pode ser uma bela maneira de encarar a vida. Mas é uma ilusão, e as ilusões não duram para sempre.
Estou muito longe de saber o que é o amor de que nos fala o Cristo. Mas tenho momentos em que consigo sentir, por instantes, um amor profundo e incondicional. Pelo meu grau evolutivo incipiente, não consigo manter esse sentimento por mais que uns poucos minutos, talvez nem isso. Mas estes instantes são suficientes para que eu consiga vislumbrar o amor que tenho como objetivo. Amor puro, sem exigências e julgamentos.
Recentemente, ao término de um curso sobre o livro Os mensageiros, de André Luiz, tive a oportunidade de experimentar este sentimento. Na oração de encerramento, percebendo o objetivo maior que une as pessoas em momentos assim, senti um amor imaculado pelos colegas de curso, um por um. Percebi cada um deles como um irmão de evolução, parceiro de caminhada, aprendiz da escola cósmica. Uma oração bem sentida, em recolhimento, costuma surtir o mesmo efeito.
Somos acostumados a pensar com amor em nossos familiares, nossos entes queridos. Se estamos juntos é porque temos laços que nos ligam, e é natural que sintamos amor mais facilmente pelos mais próximos. Mas dificilmente nosso amor pelos membros familiares é incondicional.
Se o seu marido ou esposa ou namorado deixar de lhe tratar com carinho, você permanece amando do mesmo modo? Se o seu filho mente e é ingrato com você, o seu amor continua com a mesma intensidade? Se sua mãe, ou pai, ou irmão revela sentimentos menos nobres por você que até então você desconhecia, o seu amor por eles não se altera?
Estamos engatinhando em matéria de amor. E os casais apaixonados confundem sua paixão, que aliás é belíssima, com amor. E juram que esse amor é eterno, e pensam que ele é puro e sincero e inabalável. E concluem que são almas gêmeas. Ou, então, pessoas com dificuldades amorosas não acham o parceiro ideal e ficam ansiosas esperando encontrar a sua alma gêmea, a metade da laranja, o ser que as compreenderá e completará.
Um dia, num futuro muito distante, seremos todos almas gêmeas umas das outras em matéria de amor. Por enquanto, ainda ensaiamos os primeiros passos nessa dança chamada amor. E amamos a uns poucos. E esse amor não é incondicional. Mas, se mesmo considerando nossa condição de aprendizes, achamos o amor tão grande coisa, é porque precisamos dele para nos nutrirmos espiritualmente.