O Espiritismo nos ensina que a dor é um poderoso meio de aprendizado. A dor nos obriga a parar e ver o que está acontecendo. Falo detalhadamente sobre isso no artigo Pelo amor ou pela dor; se quiser, clique sobre o título para ler.
Essa compreensão da dor como meio de reajuste nos faz mais fortes, por percebermos que tudo tem razão de ser, que tudo compete para o nosso crescimento espiritual. Embora ainda não saibamos lidar com a dor com a serenidade ideal, ao menos conseguimos manter firme a confiança de que tudo passa, de que é preciso alterar a rota, retomar o caminho reto e evitar novos desvios.
Alguns grandes nomes do Espiritismo elevaram a dor num altar de glórias, pintaram a dor como grande salvadora da humanidade renitente. Eu sei, e você também sabe, que se não fosse pela dor teríamos aprendido muito pouco. Se não sentíssemos dor não mudaríamos nossos hábitos, não modificaríamos nossas condutas, não regeneraríamos nossos pensamentos e intenções.
Mas acho que essa ênfase que se dá ao instituto da dor é demais, é exagero, é ultrapassada. Herança do pior catolicismo. Pois nem o catolicismo não enfatiza mais a resignação e o conformismo com a dor.
Se é preciso dizer que a dor é muitas vezes necessária, que seja como esclarecimento, não mais em tom de consolo choroso, sorriso triste com a voz embargada e os olhos represando lágrimas. Lembro a você que essa é a minha opinião. A minha opinião não é a verdade, é apenas a minha opinião, que pode até ser verdadeira. Pense por você, pela sua experiência, e tire as suas conclusões.
Qualquer pessoa com um mínimo de poder de observação sabe que a Lei de atração é uma lei tão digna de credibilidade e passível de ser comprovada quanto a Lei de causa e efeito. Atraímos aquilo que ocupa o nosso pensamento como um padrão. Somos o que pensamos. Se vivermos bendizendo a dor, é lógico que atrairemos mais e mais dor. Isso pode até ser positivo para o nosso desenvolvimento, para a nossa reforma íntima. Se estivermos preparados para aprender e tirar proveito de todas as situações de dor, quanto mais dor, mais oportunidades.
Mas pra isso é preciso estar preparado, é preciso não só saber, mas sentir a condição positiva da dor. Isso acontece quando nos comprometemos, através do trabalho, com a espiritualidade. Por nossos pensamentos, palavras e ações, nos tornamos merecedores eventuais dos seus préstimos. Esses favores dos amigos espirituais se apresentam de maneira bem diversa do que esperaríamos. São aquelas coisas que aparentemente “dão errado” sem que entendamos os motivos. São maneiras que a espiritualidade encontra de “acomodar” as coisas para que nos preparemos para novas provas. Se estamos empenhados em nossa reforma íntima, e ansiamos por chances de melhoramento interno, nada mais natural que conquistarmos novas provas para nosso aprendizado e vitória pessoal.
De qualquer modo, é um erro pensar que a dor é necessária. Podemos trabalhar com amor,com boa vontade, sem precisar do estímulo da dor. E esse negócio de bendizer a dor e agradecer pela dor me parece uma distorção. Que sejamos corajosos quando ela se apresente, que a aceitemos e a superemos com firmeza. Mas sem criar muita intimidade com ela…