Esta é a sexta petição formulada por Jesus na oração que ele nos ensinou, o Pai Nosso, de acordo com o Evangelho de Mateus.
Esse texto é parte integrante do nosso livro Evangelho sem Mistérios, que você pode ler clicando sobre o título.
“E não nos conduzas à tentação”.
Quase todas as traduções que consultamos trazem “não nos induzas em tentação” ou “não nos introduzas em tentação” ou “não nos conduzas em tentação”.
Rohden defende ardorosamente que há erro de escolha do verbo por parte de quem escreveu o Evangelho por não admitir que Deus induza alguém em tentação ou provação.
Lembramos que Jesus foi tentado no deserto, mas essa tentação tem o sentido de provação.
Todos nós somos submetidos a provas, e neste sentido seria estranho pedir a Deus que não nos submeta a provas, pois sabemos que precisamos passar por provas para progredirmos.
Estamos num planeta de provas. Desde a infância somos submetidos a provas na escola, precisamos superar provas para passarmos de nível, e assim em todos os aspectos de nossas vidas, durante toda a nossa vida, como encarnados ou desencarnados.
O Haroldo Dutra Dias, se referindo à expressão “não nos introduzas” diz que se trata de um semitismo, uma característica da linguagem do povo de Jesus que, embora se utilize de um verbo com a aparência de causa, o seu sentido é de permissão – não permita que eu entre, que eu me torne vítima, que eu esteja em poder da tentação.
Essa interpretação do Haroldo é sustentada pela Bíblia de Jerusalém. Fiquemos, então, com eles: “não nos deixeis cair em tentação”.
Não nos deixeis cair quando estivermos em tentação. As tentações são as provas a que estamos submetidos. Somos constantemente submetidos a provações de toda espécie. É por meio delas que forjamos o nosso caráter, é superando as provas que nos fortalecemos.
“Não nos deixeis cair em tentação”, ou seja, que não caiamos quando estivermos sendo submetidos a provas, que aguentemos firme as provas da vida, que saibamos usar de nossas forças para superarmos os períodos de provações mais duras.
Sabendo que as provas são inevitáveis, que os problemas fazem parte do cotidiano dos habitantes deste planeta, Jesus nos ensinou a pedir especialmente isso: que nossas forças internas sejam suficientemente mobilizadas a ponto de nos sustentarmos de pé durante as provações, de não cairmos, de superarmos os momentos de adversidades sem nos rebaixarmos.
Esse pedido é, ao mesmo tempo, implicitamente, uma súplica a Deus para que não nos mande provas muito duras, difíceis demais de suportar. Que os problemas, que são inevitáveis e fazem parte da estrutura da vida na Terra, não sejam esmagadores, que não venham todos de uma vez só, para que tenhamos condições físicas, morais e intelectuais para solucioná-los.
Para ler nosso comentário sobre a quinta petição a Deus contida no Pai Nosso, clique sobre o título: Perdoa-nos as nossas dívidas…