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Divaldo Franco e os pretos velhos

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Tem um vídeo do Divaldo Franco – na verdade não é um vídeo, é um áudio, que você pode ver clicando AQUI – em que ele tece comentários sobre a figura dos pretos-velhos. Eu já publiquei uma vez no meu site Espírito Imortal uma resposta de dois umbandistas a essa declaração do Divaldo: Espiritismo, Umbanda, pretos-velhos, Divaldo Franco e Jorge Hessen
 
Eu volto ao tema porque, sendo o Divaldo uma pessoa muito conhecida, uma autoridade no meio espírita, as suas opiniões passam a ter como que uma conotação de “palavra oficial” do Espiritismo – e não é assim.
 
Ninguém pode negar o valor do Divaldo. A sua obra está aí para quem quiser ver. Mais de 200 livros, o maior conferencista espírita de todos os tempos e uma obra assistencial admirável.
 
Mas isso não faz dele um ser infalível, ele continua sendo um espírito encarnado como eu e você.
 
E muitos irmãos umbandistas tomam conhecimento dessa declaração do Divaldo e tomam isso como sendo a opinião dos espíritas de um modo geral.
 
Divaldo chama a cultura dos pretos-velhos de “pieguista”. Ele critica o fato de esses espíritos se apresentarem na forma de pretos-velhos, com cacoetes, falando errado, às vezes mancando, com as mesmas características físicas que tinham quando encarnado.
 
E ele diz que quem leu O Livro dos Médiuns sabe que a entidade que mantém determinadas características do mundo físico é porque se trata de um espírito atrasado. Eu até entendo o que o Divaldo quer dizer, mas, por desconhecer a Umbanda, ele se expressou muito mal.
 
Se uma entidade que mantém determinadas características do mundo físico é um espírito atrasado, então a sua mentora, Joanna de Ângelis, é um espírito atrasado, porque ela ainda se apresenta com vestimentas de religiosa católica.
 
O que o Divaldo está criticando, então, não é manutenção de características do plano físico, são as características do preto-velho. Ele acha que o preto-velho tem que ser esclarecido de que ele não precisa mais apresentar-se daquela maneira. Ele diz que quando o espírito desencarna, e toma conhecimento das suas múltiplas reencarnações anteriores, ele pode apresentar-se como melhor lhe aprouver.
 
Aqui nós temos dois problemas: O primeiro é que são raros os espíritos que tomam conhecimento das suas múltiplas reencarnações anteriores quando desencarnam – nós não temos essa capacidade ainda; o segundo é que, se o espírito pode se apresentar como lhe aprouver, qual é o problema em se apresentar como preto-velho?
 
Nós não podemos cair na simplificação de acusar o Divaldo de preconceituoso, não tem nada disso. O único problema é o fato dele falar de algo que desconhece. Uma pessoa qualquer pode fazer isso, mas uma pessoa da envergadura do Divaldo deve ter mais cuidado em suas manifestações.
 
O preto-velho, assim como o caboclo, na Umbanda, forma ordens de trabalho. Existe, por exemplo, uma ordem de trabalho em que os seus componentes, os espíritos que compõe essa ordem de trabalho, se apresentam como preto-velho Pai José.
 
São centenas, talvez milhares de espíritos que se apresentam com este nome. Então, antes de mais nada, nós vemos a abnegação dessas entidades, que abrem mão do seu nome, abrem mão da sua personalidade em nome de uma causa – e essa causa é o trabalho em benefício do próximo.
Há espíritos de vários níveis evolutivos que se apresentam como pretos-velhos. Há espíritos em que predomina a boa vontade, mas não tem grande adiantamento intelectual ou mesmo moral. Mas também há espíritos já bastante adiantados, que viveram como escravos cumprindo uma tarefa de conduzir os seus próximos à espiritualização, que tiveram outras existências nos mais diversos papéis e lugares. É comum esses espíritos se apresentarem no centro espírita com um nome qualquer, como um médico, por exemplo, e na Umbanda se apresentarem como preto-velho. O espírito é o mesmo, e se utiliza de determinadas características, desenvolvidas em diferentes existências, para se apresentar a públicos diferentes.
 
Por que se apresentar como preto-velho? Por que todos nós somos diferentes, cada um de nós se sente mais à vontade com um determinado tipo de pessoa. É muito importante um espírito que se apresenta numa roupagem de muita cultura, mas nem sempre nós nos sentimos à vontade para tratar com um espírito assim.
 
Quem passa por um momento de crise, por exemplo, quem enfrenta grandes desafios na área sentimental, emocional, vai se sentir muito mais acolhido, mais compreendido por um preto-velho humilde, experiente, calejado no sofrimento, do que com um doutor-alguma-coisa.
 
Todos são importantes. E o Divaldo é importantíssimo. Mas… é humano e não acerta todas.

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