Você sabe que nós somos seres imortais. Nós temos uma vida – pois somos um ser multimilenar, mas nós experimentamos muitas existências. Atualmente, eu estou experimentando uma existência como Morel Felipe Wilkon. Mas eu sou um ser imortal, já vivi muitas outras existências, outras reencarnações. O mesmo acontece com você. E assim como hoje você tem seus afetos e desafetos (é possível que você não tenha inimigos de verdade, mas algum desafeto você fez), em outras existências você também fez afetos e desafetos.
É provável que essa seja a sua melhor reencarnação, pelo menos em termos morais. Como nós sempre aprendemos alguma coisa em cada existência, provavelmente a sua existência atual é o melhor de você.
Eu digo provavelmente – você já pode ter sido melhor no passado. No final do texto eu vou acrescentar maior explicações a respeito desse assunto: afinal; o espírito retrograda ou não retrograda?
Mas o certo é que em existências anteriores você fez afetos e desafetos. Todos eles estão espalhados por aí, encarnados ou desencarnados. Nós podemos reencarnar junto com alguns deles; outros estão encarnados em outros meios; mas tem aqueles que estão desencarnados nesse momento.
E esse é o tipo mais comum de obsessão: a obsessão de desencarnado para encarnado. Podemos definir a obsessão como a ação maléfica e reiterada – ou seja, contínua, insistente – de um espírito sobre outro.
Temos que diferenciar o obsessor do encosto. O encosto é aquele espírito que é atraído por você. Ele não tem a intenção de lhe fazer mal, apenas sente-se bem na sua companhia e passa a prejudicar você pela troca de influências. A proximidade entre vocês faz com que ele sinta um pouco do que você sente e que você sinta um pouco do que ele sente. Mas isso é assunto para outra ocasião.
As dicas que eu vou dar servem para o encosto também – apenas temos que saber que as causas da obsessão e do encosto são diferentes. O obsessor age quase sempre por vingança. Você o prejudicou no passado, ele não perdoa, não se conforma, e quer ver você numa ruim…
Isso é uma coisa curiosa – lamentável e curiosa.
Para nós vermos como agem os mecanismos da Lei: você pode ter prejudicado ele no passado – em tese, então, você é o culpado e ele é a vítima. Nós temos a tendência de ver a vítima como o coitadinho e o culpado como aquele que deve ser castigado.
Mas não é bem assim. Se você se arrependeu do seu erro e tomou o firme propósito de reparar de alguma forma o mal que você fez, você está bem. Ele, no entanto, só tinha que perdoar e tocar a vida. Mas não – ele ficou vibrando no ódio e só pensa em se vingar de você.
Quem está mal, então, na verdade, é ele! Quem precisa de tratamento, realmente, é ele! Você, bem ou mal, tem a sua vida, os seus compromissos, tem outras coisas com que se ocupar.
Mas vamos lá!
– 1º dica: leitura edificante. Se você gosta de ler, tem o hábito da leitura e sente aquilo que está lendo, é altamente recomendável que você leia livros espíritas ou espiritualistas. Livro de auto-ajuda também é bom – desde que não seja voltado para coisas materiais.
Quando você está lendo coisas boas você está sintonizado com uma faixa de frequência elevada. Nenhum espírito que esteja numa vibração baixa pode ter acesso a você se você está numa vibração alta – isso é física, não tem nada de místico ou sobrenatural. Tudo no Universo vibra, inclusive as nossas mentes. Nossa mente emite e capta sinais o tempo todo. Se estamos emitindo uma baixa vibração, iremos captar vibrações baixas; se emitimos alta vibração, iremos captar vibrações altas.
O hábito da boa leitura nos ajuda a manter uma boa vibração não só enquanto estamos lendo, mas mesmo depois, quando refletimos sobre o que foi lido e permanecemos sob a influência da leitura.
Mas atenção! Quando eu falo de livros espíritas, estou falando de obras que contenham uma boa mensagem, uma leitura não muito pesada. Não vá ler sobre dragões, aventuras de magos negros, não é por aí. Essas leituras podem ser proveitosas para os trabalhadores dos centros espíritas experimentados no trabalho de desobsessão, mas não é indicada para o público em geral.
– 2º dica: oração. A oração tem o poder de nos elevar rapidamente. Se você não sabe como orar ou quer conhecer uma maneira de orar que seja mais eficaz, leia o meu artigo Como orar e ser atendido.
A sua oração deve ser sentida, não apenas formulada em palavras. Se você sente que é vítima de obsessão, sugiro que ore todos os dias no mesmo horário. Se possível mais de uma vez por dia. Em oração, você deve perdoar e pedir perdão a todos os seres do Universo, por todo e qualquer mal, proposital ou não, em qualquer tempo.
Você pode orar assim:
Eu (seu nome) perdoo todos os seres em todos os mundos que tenham me prejudicado de qualquer forma, de maneira proposital ou não, em qualquer tempo e em qualquer espaço. Eu também peço perdão a todos os seres em todos os mundos a quem eu tenha prejudicado, de maneira proposital ou não, em qualquer tempo e em qualquer espaço. Desejo que todos os seres em todos os mundos sejam felizes e bem aventurados. Que a paz e a harmonia reine sobre todos nós.
Você não precisa dizer muitas palavras, o importante é sentir. Para que você consiga sentir a sua oração é preciso algum preparo. Por isso sugiro novamente que leia o meu artigo Como orar e ser atendido.
A oração sincera pode ajudar o obsessor a compreender a sua nova situação (já que ele está parado no tempo, vibrando no antigo ódio) e perdoar. Se for um espírito muito endurecido, mesmo assim a oração eleva você. E, elevando você, protege você do assédio.
– 3º dica: A prática regular da caridade. Nós sabemos que a caridade pode ser feita das mais diversas formas, mas aqui eu me refiro a algo mais específico e regular. O ideal é fazer algum tipo de trabalho voluntário em que você se sinta bem. Isso, evidentemente, deve custar a você algum esforço e investimento de tempo. Reunir-se com amigos uma vez por semana para atender uma entidade qualquer pode não ser o mais indicado: não que isso não tenha valor; claro que tem. Mas o importante é que o trabalho exija esforço de você e que ocupe seu tempo, ou seja, que esteja bastante presente em sua vida. Uma horinha por semana é muito pouco.
De que modo a caridade pode ajudar você a se livrar do espírito obsessor?
De duas maneiras. Em primeiro lugar, quando nós fazemos o bem nós estamos nos tornando um pouco melhores, pois estamos desenvolvendo características nossas que permanecem dentro de nós. Imagine que você seja um programa de computador. Ao fazer o bem, você está programando coisas boas em você mesmo. Isso o protege naturalmente contra qualquer assédio.
Em segundo lugar, quando fazemos o bem de maneira metódica, regular, nós não estamos trabalhando sozinhos: sempre contamos com a participação de um ou mais espíritos interessados naquele tipo de trabalho ou mesmo naquela situação específica. Passamos a contar, então, com a parceria desses espíritos, o que também nos oferece alguma proteção.
– 4º dica: desobsessão. Sem dúvida alguma é o meio mais direto. A desobsessão praticada em centros espíritas ou centros de Umbanda sérios é bastante eficaz.
Como reconhecer que um lugar é sério?
Esse lugar não pode cobrar por esse tipo de atendimento; a casa deve dar importância ao estudo, tanto em relação aos frequentadores quanto em relação aos trabalhadores; a casa deve ter bastante procura; você deve sentir-se seguro nesse lugar.
Existe um método de atendimento espiritual muito eficaz para aqueles casos mais complexos, que é a Apometria.
A Apometria, quando exercida com amor, conhecimento e responsabilidade, é capaz de oferecer ótimas soluções.
Mas atenção: a desobsessão afasta o espírito de você e o encaminha para um lugar adequado para ele; geralmente um hospital numa colônia espiritual. Mas você precisa se ajudar. Você precisa colocar em prática alguma das dicas anteriores que eu citei – de preferência mais de uma. Se você permanece da mesma vibração baixa ou o obsessor volta, ou vem outro.
O atendimento espiritual é uma oportunidade de ouro para o encarnado e para o desencarnado: é um divisor de águas. É um momento de mudar a vida, de dar novo rumo para a vida. Se continuar com os mesmos hábitos, com o mesmo pessimismo, o mesmo azedume, mágoa, rancor – a oportunidade é desperdiçada.
O ideal, se você não tem muito conhecimento das coisas do espírito, é você procurar um centro espírita e participar de um grupo de estudos. Se você não se sente bem em centro espírita, vá a uma igreja – mas um lugar que ensine o bem, que faça você sair de lá leve, com vontade de fazer o bem.
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Afinal, o espírito retrograda ou não retrograda?
Pode ser que essa não seja a sua melhor reencarnação. A questão 118 de O Livro dos Espíritos diz que o espírito pode permanecer estacionário, mas jamais retrograda.
Essa questão deve ser bem compreendida. A tendência entre os espíritas é achar que a cada existência nós somos necessariamente melhores, ou, pelo menos, que somos iguais à nossa mais recente existência antes dessa.
Não é bem assim.
Tudo o que nós aprendemos fica gravado em nós, não há dúvida em relação a isso. Mas o conjunto de circunstâncias em que você reencarna influencia – e muito – naquilo que você vai desenvolver.
Por exemplo: você pode ter tido três existências seguidas como um religioso pacato com uma vida tranquila. Em cada uma dessas três existências, você aprendeu um pouco, você se melhorou um pouco. Mas é preciso considerar que nessas três existências você não enfrentou grandes desafios: teve uma família honesta e conviveu num meio em que preponderaram as boas influências.
Na sua existência posterior, então, você reencarna numa grande cidade, numa família muito pobre. Os seus pais são espíritos com quem você teve sérias divergências no passado mais distante – talvez tenham se envolvido em grandes crimes ou com práticas de magia negra.
Magia negra numa visão espírita
As influências que você irá sofrer nessa existência farão com que venham à tona suas qualidades negativas que ainda não foram superadas. Você terá que saber usar as qualidades positivas que desenvolveu em suas três existências como religioso pacato para tentar superar as adversidades e as más influências que agirão sobre você. Se você for suficientemente forte, terá avançado um degrau importante. Caso sucumba, poderá agravar a sua situação íntima voltando a cometer erros graves.
Essa informação não deve ser vista como algo desalentador, pelo contrário. Se é verdade que existem qualidades negativas adormecidas em você que poderão se manifestar no futuro, também é verdade que você pode ter conhecido um nível de felicidade que nem sonha atualmente, e que já fez bondades de que nem desconfia atualmente.
Somos espíritos experientes, não há dúvida. Temos que vencer a teimosia em aceitar a Lei e vencer a preguiça de fazer o que sabemos que deve ser feito.
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Você é daqueles espíritas que consideram a Umbanda uma religião inferior?
O Jorge Hessen chega a dizer, numa palestra sua, dentro de um centro espírita, que nós, espíritas, não temos nada a aprender com os umbandistas. Além de preconceituosa, essa declaração é ridícula por sua infantilidade. Sempre temos algo a aprender com quem quer que seja, desde que estejamos dispostos a isso. Eu já aprendi muito com pastores evangélicos, por exemplo – mesmo não tendo simpatia por seu sistema de crenças.
Assim que desencarnarmos, perceberemos claramente que esses rótulos são absurdos. Existe uma necessidade de harmonia entre os habitantes deste planeta. Alguns desses habitantes tentam, de alguma forma, promover a rearmonização entre aqueles que se desentenderam ao longo do tempo e levar esclarecimento sobre o sentido maior da vida.
Fazem isso de diversas formas. Nenhum deles está totalmente certo. Na verdade, todas as nossas Doutrinas e supostos grandes conhecimentos ainda são pálidas tentativas de compreensão do que seja, realmente, a vida.
Ficar brigando para ver quem está mais adiantado é o cúmulo do ridículo.
Eu tive uma infância pobre. Mas lembro de um dia, na primeira série, aos seis anos de idade, em que levei um sanduíche (com pão de sanduíche ou “pão de forma”) de queijo e mortadela. Fiquei cheio de soberba com a minha merenda de rico. Um colega, o Luciano, também tinha um sanduíche, com o mesmo tipo de pão – mas o dele não tinha queijo e mortadela, tinha uma gema de ovo. Ele olhou para o meu sanduíche, seus olhos brilharam e ele disse, num sorriso:
– Oh! São iguais!
Não eram iguais. O meu era superior, e eu precisava deixar isso claro. Semicerrei os olhos, fiz cara de desdém e respondi:
– Não. O teu é uma gema de ovo, o meu é de queijo e mortadela. – Enchi a boca pra dizer queijo e mortadela:
– Queeeijjo e mortadeeellla!
Espíritas como o Jorge Hessen agem com a Umbanda como crianças comparando a merenda. Como diria Boris Casoy:
– Isso é uma ver-go-nha!
É sempre melhor não falar sobre aquilo que não se conhece. Por isso evito tratar de temas que não domino, apesar de inúmeros pedidos que recebo para tratar dos mais diversos assuntos.
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A Apometria é anti-doutrinária?
Muitos espíritas acusam a Apometria de ser anti-doutrinária. Ou dizem simplesmente que “Apometria não é Espiritismo”.
Outra bobagem. Falta de estudo e pressa em marcar posição. Sabe aqueles pessoas que sentem necessidade de ter opinião formada sobre tudo? Pois é.
Defender a Apometria não está entre as minhas prioridades, por isso não tenho certeza se o farei. Mas, se o fizer, irei demonstrar, com bastante facilidade, que a Apometria está profundamente alicerçada na Doutrina espírita.