Você gosta de receber? Você fica feliz quando ganha alguma coisa? Aprendemos que devemos “dar para receber”, mas o que isso significa? Você sabe o que isso significa, mas vamos apenas lembrar que tudo no universo é equilíbrio. Por que existe a Lei de causa e efeito? Não é para restabelecer o equilíbrio?
Devemos dar sem esperar nada em troca. Não se questiona isso. Pelo contrário. O equilíbrio que rege o universo se encarrega de nos devolver (nem sempre da forma que esperamos) tudo o que damos. Muito se fala, e com razão, em dar. Mas pouco se fala em receber. Há alguma coisa errada em receber? Se a Lei é o equilíbrio, não pode haver nada de errado em receber. Receber amor, receber elogios, receber dinheiro, receber presentes, receber demonstrações de afeto e simpatia, receber o que quer que seja de positivo.
O cristianismo trouxe verdades eternas para a realidade do espírito imortal. O espiritismo faz reviver, com ênfase, essas verdades. A iniciativa de dar, de aprender a dar, é uma verdade que temos que ter interiorizada em nós. Deve fazer parte de nosso espírito imortal. Mas, imperfeitos que somos (por enquanto, pois somos todos perfectíveis), costumamos lembrar somente aquilo que vemos, ouvimos, estudamos constantemente.
Aprendemos que devemos dar. E seguimos aprendendo, tentando praticar o ato de dar. Acabamos, algumas vezes, deturpando o ensinamento. Passamos a achar que receber é feio. Ganhar, lucrar, tudo o que é em nosso benefício visível, direto, passa a ser encarado como culposo, quase desonesto.
Não há nada mais justo do que ser amado, do que ser bem quisto, do que ser reconhecido. É bom e justo ganhar dinheiro, viver em abundância, querer a riqueza. Temos que aprender que uma coisa não exclui a outra. Temos que dar, e dar com alegria, com desprendimento, mas também temos que receber com alegria, com gratidão, com reconhecimento pela Vida, que provê a tudo e a todos. Não é porque há pessoas em piores condições que nós, que devemos nos privar do que recebemos de maneira justa. Você pode ajudar? Ajude. Ajude de boa vontade. Faz parte da reforma íntima. Mas não se culpe por viver em condições melhores nesta reencarnação.
Já deixei de cumprimentar cadeirantes por não saber como lidar com esta sua deficiência específica em relação a mim. Já diminuí o passo quando caminhava perto de algum idoso, pra que não ficasse tão escancarada a minha juventude e o meu vigor em comparação com ele. Claro que isso foi na juventude, e sabe-se lá que culpa atávica andava por minha consciência.
Mas conheço muitas pessoas que têm esse complexo do receber. Sentem-se como se tivessem feito algo de errado por ter saúde, por ter dinheiro, por ter amor, por ter uma vida sem desgraças. Acho que o que falta para você, para mim, para nós todos é o tal do amor incondicional, que um dia vamos conhecer. Às vezes temos alguns vislumbres dele, rápidos, passageiros, mas o suficiente para saber que só o amor traz o equilíbrio tão necessário.
O simples fato de fazermos essa diferença toda entre dar e receber, como se a vida fosse um extrato bancário, já deixa claro que não estamos prontos, estamos engatinhando quando o assunto trata das leis cósmicas.
Receba o que a vida lhe oferece, receba com amor, com gratidão, receba como um estímulo para dar cada vez mais. O universo tem tudo o que você precisa, por mais grandiosa que seja a sua necessidade. E é tudo seu, é tudo nosso. Mais tarde perceberemos com clareza que dar e receber são apenas movimentos para manter o fluxo da riqueza, do amor, da saúde, de tudo o que é bom.