Você é uma pessoa boa e sensível, tenho certeza. Mas como anda a sua tolerância? Como você lida com os erros e imperfeiçoes alheias?
É difícil desfazer um erro, às vezes impossível. E magoar ou aborrecer alguém não deixa de ser um erro. No entanto, são erros que cometemos mais vezes do que imaginamos. Você não? Você mantém a paciência em casa, com os filhos, cônjuge, pais, irmãos? Com a louça suja, as roupas espalhadas, a bagunça, a sujeira, o xixi fora do vaso (existe uma mulher que não odeie isso?), os riscos na pintura da parede, o desperdício, o lixo misturado, você aguenta no osso? Que bom, parabéns!
Mas e na rua? Você mantém a calma no trânsito, compreende que não adianta buzinar e lembra que xingar é feio? No restaurante, quando servem algo diferente do que você pediu, você é complacente, deixa assim mesmo, ou, quem sabe, reitera educadamente o pedido e aguarda paciencioso e sorridente?
Alguns dos lugares onde os funcionários são mais atormentados são supermercados e bancos (falar de hospital não vale). Quantas vezes você já viu essa cena: a guria do caixa do supermercado com cara de fome e uma velha (tá bem, senhora idosa) gastando o verbo na pobre? Banco, então, chega a ser estressante. Aquele monte de gente irritada descontando em quem estiver atrás de uma mesa ou balcão.
Temos que defender nossos direitos. Não somos obrigados a engolir sapos. Não devemos nos deixar enganar. Não temos nada com os problemas dos outros. Peraí! Também não é bem assim! E a empatia, onde é que fica? É importante saber se colocar no lugar do outro, avaliar-se hipoteticamente na situação do outro. Você já se deu conta de que muitas vezes tratamos essas pessoas como meras peças do sistema? São pessoas, têm problemas, tem família, têm sentimentos, têm anseios, e muito provavelmente ganham menos que você e trabalham mais horas que você.
Não estou justificando falhas alheias ou fazendo apologia altruístico-social. Estou lembrando que devemos nos focar nas coisas boas, nos aspectos positivos de tudo, no lado bom da vida, do sistema e das pessoas. E a outra face da moeda? Quando você é bem atendido, elogia? Quando é cumprimentado com um sorriso no supermercado ou no banco, você retribui com vontade? Ou fica se achando muito ocupado pra forçar sorrisos?
Gentilezas acontecem, todos os dias, em toda parte. Preste atenção nelas. Agradeça a boa educação no trânsito, agradeça ao garçom quando for bem atendido; se a comida estiver excepcionalmente boa, peça que agradeça ao cozinheiro. Parabenize o funcionário do banco que lhe atender com solicitude e competência. Principalmente, valorize aqueles com quem compartilha o seu pedaço mais importante do universo, a sua casa. Difícil? Temos que tentar; queremos crescer, não queremos?
Não temos o direito de magoar as pessoas. Não me fale em justiça, em certo e errado, não é disso que se trata. Você ainda não percebeu que criticar não adianta? A crítica não resolve, nunca resolveu. O máximo que se consegue é gerar antipatia e talvez alguma inimizadezinha básica. Ninguém gosta de ser criticado. Ninguém! Você gosta? Então?! No entanto todos têm coisas boas. Todos os dias você se depara com um monte de coisas boas e não as elogia, está viciado em resmungar e criticar.
Pense nas pessoas que você mais gosta.
Pensou? O que você lembra de melhor nessas pessoas? Não são os elogios que recebeu, mesmo que sem palavras? Quantas vezes você já ouviu elogios de pessoas não muito próximas ou mesmo desconhecidas e nunca mais esqueceu delas? Não são boas essas lembranças? Comece a elogiar mais e criticar menos, de preferência nunca mais critique ninguém. Não vai resolver nada, é só o luxo do desabafo. E você vai magoar alguém que é uma pessoa, assim como eu, assim como você.