Este é o último vídeo de uma série de 30 vídeos sobre o Evangelho de Lucas. Neste 30 vídeos ofereci a minha análise e interpretação, baseada no conhecimento do Espiritismo, sobre os ensinamentos de Jesus contidos neste Evangelho.
Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.
CAPÍTULO 24
1. E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
2. E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
3. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
4. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.
5. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
6. Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,
7. Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
8. E lembraram-se das suas palavras.
9. E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
10. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos.
11. E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.
12. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.
13. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
14. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
15. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles.
16. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem.
17. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes?
18. E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?
19. E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
20. E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram.
21. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
22. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;
23. E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.
24. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram.
25. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
26. Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?
27. E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
28. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe.
29. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
30. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu.
31. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes.
32. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
33. E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles,
34. Os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão.
35. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.
36. E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
37. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
38. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações?
39. Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.
40. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.
41. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?
42. Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel;
43. O que ele tomou, e comeu diante deles.
44. E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.
45. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.
46. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
47. E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.
48. E destas coisas sois vós testemunhas.
49. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.
50. E levou-os fora, até betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou.
51. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu.
52. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém.
53. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém.
Não vamos analisar este capítulo porque nele já não encontramos os grandes ensinamentos e os simbolismos presentes ao longo do Evangelho. Neste capítulo é relatada a ressurreição ou aparecimento de Jesus aos seus discípulos, as reações dos discípulos e as últimas recomendações de Jesus. Há vários aspectos mediúnicos presentes neste capítulo que poderão ser analisados oportunamente, mas este não é o nosso foco de estudo.
Tudo o que sabemos de Jesus está nos Evangelhos. Os Evangelhos foram escritos por homens, por homens falíveis como nós. Por maior que tenha sido a inspiração espiritual durante a escrita dos Evangelhos, temos que lembrar que seus autores tinham suas limitações, suas idéias próprias e seus preconceitos.
Paulo começou a escrever as suas epístolas antes de os Evangelhos serem escritos. E Lucas foi, em maior ou menor grau, influenciado por Paulo. Por isso o mais importante é o ensino de Jesus, as suas próprias palavras citadas pelo evangelista.
Além das palavras de Jesus, acreditamos que os atos da vida de Jesus foram planejados por ele, provocados por meio de imagens fortes e símbolos facilmente perceptíveis, de modo a serem percebidos por espíritos atentos ao longo dos milênios.
Esse é o motivo de Jesus se expressar constantemente através de parábolas. Se Jesus usasse uma linguagem coloquial, convencional, sua fala ficaria restrita a assuntos bem delimitados e o seu ensino correria um risco maior de ser deturpado ao longo do tempo. Mas o ensino por meio de parábolas e de imagens e simbolismos atravessa o tempo.
Cada pessoa percebe neles o ensinamento que o seu grau de espiritualização é capaz de atingir. Há pessoas que ainda levam o ensino de Jesus ao pé da letra. Outros, por não compreenderem o seu sentido oculto, o distorcem. Temos plena consciência de que um dia, no futuro, as percepções que nós temos hoje a respeito do Evangelho parecerão primárias. Nós progredimos e progride a percepção do ensinamento cósmico e eterno de Jesus.
Com este estudo de Lucas não temos a pretensão, de modo algum, de esgotar o assunto. É um projeto a ser revisto e aperfeiçoado constantemente. Certamente perceberemos pontos a serem revistos, tanto de informações concretas quanto de interpretação.
Muito mais coisas podem ser vistas no Evangelho de Lucas. Muitos aspectos nos passaram despercebidos ou não foram abordados por exigirem uma série de outras informações que tornariam este estudo muito denso.
Tudo o que precisamos saber para o nosso progresso espiritual está contido nos Evangelhos. Mas para a sua compreensão precisamos de muitas outras informações, anteriores e posteriores ao ensinamento de Jesus. Não há como compreender a linguagem e os termos utilizados nos Evangelhos sinóticos sem conhecermos o Antigo Testamento. Não há como compreender a linguagem e os termos utilizados no Evangelho de João sem conhecermos a cultura grega.
Por outro lado, não há como assimilar completamente o ensino de Jesus sem considerarmos conceitos esclarecidos pelo Espiritismo, como a reencarnação, a Lei de causa e efeito e os fenômenos mediúnicos. Sem considerar estes fatores, o Evangelho fica capenga. Ou pendemos para uma análise paulina superficial, que privilegia a fé em detrimento das obras, e assim todo o ensino moral de Jesus se torna secundário, inclusive o Sermão da Montanha, o maior documento espiritual da Terra, ou transformamos Jesus em Deus e fazemos do Evangelho um manual de cultos, sacramentos e mistérios voltados para fora de nós, quando Jesus nos disse que o reino de Deus está dentro de nós e compete a cada um de nós, pelo nosso próprio esforço, desenvolvê-lo.
A única observação que fazemos sobre o capítulo 24 de Lucas é que a última recomendação de Jesus repete o começo deste Evangelho. O primeiro ensino prático do Evangelho de Lucas está em 3:3, quando é dito que João Batista pregava o batismo de arrependimento para o perdão dos pecados – ou batismo de conversão para o perdão dos pecados. Agora, no último capítulo, no versículo 47, Jesus recomenda que se pregue “o arrependimento e a remissão dos pecados” – ou o perdão dos pecados.
O Evangelho de Lucas começa e termina com essa mesma recomendação. Tudo o que está contido no Evangelho é decorrência natural, para todos nós, da prática desta recomendação que abre e fecha o ensino prático do Evangelho de Lucas. Temos que mudar a nossa mentalidade, pois a palavra grega metanoia, que é traduzida como “conversão” ou “arrependimento”, quer dizer “mudança de mente”, “transformação mental” – e deixar os erros para trás, abandonar os erros, nos libertarmos dos erros, pois o “perdão dos pecados” é isso: a libertação dos erros.
Como fazer isso? Quando fazer isso? Onde fazer isso? Para quê fazer isso?
Essas respostas estão contidas ao longo do Evangelho. Mas é isso que temos que fazer. É isso que é recomendado no início e no fim do Evangelho de Lucas. Esse é o caminho da libertação, da espiritualização.
Força e paz!
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