Comportamento, Reforma íntima

Antes compreender que ser compreendido…

compreensao

Artigo publicado originalmente em 09/11/2012

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Você não pode cobrar do outro que seja como você, que o outro pense, fale e aja como você. Antes compreender que ser compreendido…

Você respeita as diferenças entre as pessoas? Você sabe valorizar quem é diferente de você? Você sabe que todos somos espíritos imortais, com milênios de experiência. Na sua vida atual, você teve uma determinada educação, tem as suas experiências profissionais e amorosas, entre outros muitos fatores que influenciam o seu modo de pensar, falar e agir. Assim é com todo mundo.

Você sabe que é das diferenças que surgem novos aprendizados e outros pontos de vista. Se você convivesse só com pessoas muito semelhantes a você, com os mesmos gostos, as mesmas ideias, os mesmos objetivos e o mesmo modo de olhar o mundo, suas oportunidades de aprendizado seriam muito menores. Acho que você concorda com tudo isso.

menina e menino se abracando
Compreender e ser compreendido

Mas será que você tem maturidade suficiente pra saber lidar com as diferenças? Eu, particularmente, às vezes deixo a desejar. Você consegue conviver em harmonia em casa, no trabalho, no grupo de estudos? O mínimo que se espera do convívio humano é o respeito um pelo outro. Em qualquer grupo social de que você faça parte, você está sujeito a conviver com pessoas infelizes, revoltadas, rabugentas. E você sabe que em qualquer convívio um pouco mais próximo há troca de energias. Ao lidar com essas pessoas negativas, você pode ser afetado por suas emoções desequilibradas.

Pra quem se esforça pra melhorar a si mesmo, pra quem procura desenvolver suas virtudes, pra quem está buscando a sua reforma íntima, a dificuldade de lidar com pessoas muito diferentes pode causar sentimento de culpa. Culpa por não aceitar as diferenças como gostaria, culpa por não ter a paciência, a tolerância, a indulgência necessárias para lidar com essas situações.

Se for o seu caso, por favor, não se culpe! O sentimento de culpa não resolve nada; só atrapalha. Você não pode cobrar do outro que seja como você, que o outro pense, fale e aja como você. Mas você também não pode cobrar de si por não gostar de algumas atitudes e comportamentos do outro. Você não tem culpa se ele se desentendeu com a esposa, se ele está endividado, se ele acordou de mau humor ou se o cachorro fez xixi no sapato dele.

Não se culpe. Não culpe ele. Esqueça esse negócio se culpa. Se você sempre prestar atenção às coisas que você gosta, não irá se incomodar com as coisas de que você não gosta. Não se preocupe com o que o outro pensa e sente a respeito de você. O que importa é o que você pensa e sente a respeito de si mesmo. Se você se importar com a opinião alheia num momento mais difícil, não conseguirá ser compreensivo.

Compreensão é algo raro no convívio humano. E precisamos muito compreender e sermos compreendidos. Em vez de tentar compreender, estamos sempre prontos pra julgar, condenar e punir. Temos na cabeça uma lista enorme de críticas só esperando aparecer uma vítima para despejá-las sobre a sua cabeça. É bom não esquecer que a vida costuma nos surpreender, e pode ser que aqueles que hoje nos dão mais trabalho poderão estar ao nosso lado em momentos difíceis e nos dar alegrias.

Em vez de se incomodar com pessoas diferentes de você, concentre-se no objetivo que une vocês (estou olhando no espelho à minha frente e aconselhando a mim mesmo; mas acho que você pode tirar proveito e refletir…). A troca de ideias e opiniões é saudável, as diferenças enriquecem, o que nunca é saudável é a agressividade e o radicalismo.

Será que às vezes não é mais produtivo abrir mão de seus posicionamentos e achismos em benefício da tranquilidade dos demais? Será que é realmente necessário fazer prevalecer o seu ponto de vista? Você já notou como é cansativo e desgastante alguém que sempre contesta? A atitude de contestação, de inconformismo e rebeldia se presta bem a adolescentes. Chega a ser ridículo esse comportamento numa pessoa madura. De uma pessoa madura se espera maturidade, não a ânsia de aparecer. Sou da opinião de que discussão boa é discussão evitada. Na esmagadora maioria dos casos, a discussão se presta exclusivamente à defesa da vaidade, gerando posições inflexíveis e deturpadas.

Por tudo isso é melhor aprender a ceder, a calar, a evitar a discórdia, desde que isso não fira os princípios que o seu ambiente de convívio defende. 

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