Jesus não nos impôs um monte de obrigações materiais. Não pediu que alterássemos radicalmente nossos hábitos. Pediu para cada um amar o seu próximo como a si mesmo…
Durante mais de mil anos o nosso mundo ocidental viveu debaixo de uma única denominação religiosa. O catolicismo reinou absoluto praticamente até a Renascença. Com a Reforma Protestante novas Igrejas se formaram, muitas delas subdividindo-se e dando origem a outras. Hoje não é exagero afirmar que existem mais de mil seitas cristãs.
E todos querem ter razão, todos interpretam os evangelhos à sua maneira. Alguns fazem das palavras de Jesus o que melhor lhes convém.
Costumo dizer que não sou religioso. E não vejo o espiritismo como religião. O espiritismo adquiriu conotação religiosa, mesmo, foi aqui no Brasil. Na Europa praticamente não existe espiritismo, apesar de seu início na França.
Os espíritos que orientaram a codificação de Allan Kardec introduziram, junto com explicações filosóficas e científicas, o ensinamento de Jesus. O espiritismo seria o cristianismo redivivo em sua pureza original. Isso faz do espiritismo uma religião? Pra mim, não.
Não tenho nada contra os espíritas religiosos, pelo contrário. Quem tem a pretensão de ser essencialmente cientista quase sempre recai num materialismo disfarçado. Quando digo que não acho que o espiritismo seja religioso é porque não me parece que o ensino de Jesus seja religioso.
Jesus não nos ensinou nenhuma religião. Não nos orientou a isso. O próprio cristianismo primitivo foi ideia de seus apóstolos e seguidores, após o seu desencarne. Jesus nos revelou verdades universais, Leis cósmicas de veracidade e eficácia inegáveis.
Ame o seu próximo como a você mesmo. Mesmo que ele tivesse ensinado apenas isso, já seria o suficiente para promover a paz no mundo. Se fosse praticado, é claro. Onde quer que seja que alguém viver esse ensinamento, esse alguém espalhará a paz e a harmonia por onde for, onde estiver. A tão sonhada e esperada paz no mundo, pela qual todos ansiamos, seria facilmente atingida se nós seguíssemos esse ensinamento.
O ensino de Jesus não envelhece, não perde a validade em qualquer tempo ou espaço. Quaisquer códigos ou doutrinas religiosas, por mais avançadas que sejam, são eficientes para determinada época e lugar. Fora de seu contexto original, começam pouco a pouco a se desatualizarem até virarem lenda.
Não é o que acontece com o ensino de Jesus. A Lei do amor congrega, a Lei do perdão liberta. Isso pode ser visto como matéria religiosa, mas também pode traduzir-se em Leis cósmicas de redenção espiritual.
Nesses últimos dois mil anos aprendemos uma série de coisas, estamos bem mais civilizados. Não há dúvida de que progredimos. Mas não progredimos a ponto de praticar o ensinamento fundamental de Jesus. Não conseguimos, ainda, nos amar uns aos outros. E só isso já seria o suficiente para uma incrível ascensão espiritual em nosso planeta.
Jesus não nos pediu grandes sacrifícios, não nos pediu que escalássemos uma montanha ou que atravessássemos um rio a nado. Só pediu que nos amássemos uns aos outros. O que você acha mais difícil? Amar esse seu próximo de quem você vive se queixando ou escalar o Everest? Amar o seu próximo, que lhe dá trabalho e desgosto, ou atravessar o Amazonas a nado?
Jesus não nos impôs um monte de obrigações materiais. Não pediu que alterássemos radicalmente nossos hábitos, ou que decorássemos a Enciclopédia Britânica pra ficarmos mais inteligentes. Só pediu uma mudança de pensamento! Amar o próximo. Só isso. Chega a ser inacreditável!