Artigo publicado originalmente em 28/09/2012
Você lembra como Jesus resumiu os mandamentos? “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo“. Existem dezenas, centenas, milhares de livros tratando dos mesmos temas sob os mais variados pontos de vista. Páginas e mais páginas pra desenvolver raciocínios e conclusões as mais diversas. E todas acabam se resumindo nos mesmos pontos. É que as coisas aparentemente mais simples são as mais difíceis de se colocar em prática.
– Amar a Deus sobre todas as coisas: Você ama? Mas como amar o que não conhecemos? Não adianta dizer que Deus é infinitamente Bom e Justo, e infinitamente Misericordioso, e outros tantos infinitos. Isto é o conceito máximo que fazemos de Deus. Deus é a maior ideia que o homem pode conceber. Mas amar a isso é amar conceitos, e é mais ou menos isso que nós fazemos ou nos esforçamos pra fazer.
Amamos as manifestações de Deus: a Vida, a Natureza, o Amor. Deus, mesmo, não conhecemos; e, quando em momentos mais elevados, O pressentimos, não sabemos descrevê-lo, pois ele simplesmente “É”. Podemos dizer que O amamos acima de todas as coisas. Como um exercício de afirmação, isto é válido e necessário. Mas desconfio de quem acha fácil amar a Deus sobre todas as coisas.
– Amar o próximo como a si mesmo: Isso já parece mais fácil, pelo menos não depende de qualquer questão conceitual. Ou se ama ou não se ama. Mas será que é assim tão simples? Porque como consequência vem a ação desta máxima, que é fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem. Parece um parâmetro perfeito, e provavelmente seja. Mas como fica quando tratamos o próximo da maneira que gostaríamos de ser tratados?
Por exemplo: se eu não gosto de conversar e o meu próximo gosta? Eu parto do princípio de que não sei se ele gosta ou não de conversar. Se eu fizer como gostaria que fosse feito a mim, fico calado, não converso com ele.
Outro exemplo: se eu tenho por princípio que sempre que preciso de ajuda eu peço, mas antes de pedir tento me virar sozinho. Vou agir para com o meu próximo de acordo com o que eu considero certo. Mas ele, talvez, seja do tipo que espera por pessoas prestativas, solícitas, que oferecem ajuda.
Na verdade, isso é um falso paradoxo. Na verdade, se trata apenas de ouvir a consciência. Esta parece que não falha. Às vezes não gostamos de prestar atenção a ela. Quando eu comecei a fumar, aos quinze anos, sabia que era errado. Fui influenciado pela mídia, é verdade. Ainda existia propaganda de cigarros na televisão, os atores das novelas e filmes fumavam, todo mundo fumava. Não interessa, isso não serve como desculpa. Eu sabia que era errado. A consciência dizia, lá no fundo, que eu estava dando um passo errado.
Para ouvirmos a consciência, precisamos nos despir de preconceitos, abandonar opiniões que podem ter sido úteis um dia, mas que hoje são entulho, embora nos sejam tão caras… Há opiniões e conceitos arcaicos aos quais somos tão arraigados que nem parecem abstrações, parecem coisas concretas, parecem objetos de grande estima. Você tem atualizado os seus conceitos?