ARTIGO DE AUTORIA DE ANA BLUME
“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.”
Eis aí uma dos mais penosos princípios. Se já temos dificuldade em amar e aceitar até mesmo aqueles que nos são mais próximos, se frequentemente nos desentendemos e guardamos rancores (apesar de nossa boa vontade) contra eles, que dizer então dos chamados “inimigos”?
Todos sentimos, em algum ponto de nossas vidas, inimizade por alguém. Por um colega que nos tenta passar para trás, por algum conhecido que insiste em nos destratar, por algum falso amigo. Tentamos evitá-los o máximo possível, sabendo que nosso grau de evolução não nos permitiria qualquer aproximação amigável — mas, se os evitamos, como podemos amá-los?
Bem, em primeiro lugar, é preciso resistir à compulsão de julgá-los, pois não nos cabe. Sim, é difícil — mas não impossível. Não conhecemos o que lhes vai no íntimo, e nem devemos ter a pretensão de saber. Pelo contrário, o melhor a fazer é tentar compreender.
Compreender que estamos todos em níveis de evolução diferentes. Que talvez nós não agiríamos da mesma forma que aqueles por quem temos inimizade, mas que isso não nos coloca em posição de julgar ou de repreender. Ainda temos muito o que aprender, nós também.
Amar nossos inimigos não significa, porém, forçar uma afeição que não sentimos – não seríamos verdadeiros se assim fizéssemos -, mas não ter sentimentos negativos por eles. Não devemos desejar a eles o mal, e nem ficarmos contentes quando algo de mal lhes acontece.
É isto o que significa pagar o Mal com o Bem.
Se desejamos nos tornar pessoas melhores, precisamos agir como pessoas melhores desde já. Ao invés de devolvermos uma ofensa, de combater palavras duras com mais palavras duras, é melhor nos calarmos e tentarmos remover a mágoa de dentro de nós mesmos. E a melhor forma para isso é compreender que nenhuma ofensa é pessoal – ela é apenas o reflexo do desequilíbrio interior daquele que ofende.
Não nos deixemos desequilibrar. Façamos o nosso melhor para manter-nos serenos, dirigindo uma prece àquele por quem temos inimizade, envolvendo-o em luz para que logo em breve, nas próximas encarnações, possamos nos reencontrar, cada vez melhores e na mesma sintonia de benevolência.
Ana Blume é estudante de Sociologia e espírita desde os 7 anos – Idealizadora do blog “O Evangelho Segundo o Espiritismo Simplificado”