Há uma grande preocupação com a obsessão no meio espírita. No entanto, a influência dos espíritos uns sobre os outros é fato comum, atinge a quase totalidade da humanidade. Há que ser muito superior moralmente para estar livre de assédio espiritual.
A obsessão só ocorre através da sintonia que há entre os espíritos envolvidos. A obsessão mais comum, de desencarnado sobre encarnado, só ocorre porque há afinidade entre os pensamentos, ideias ou desejos das duas partes. O espírito obsessor não torna o encarnado viciado, ou vingativo, ou rancoroso, ou deliberadamente mau. O espírito obsessor apenas se aproveita dessas fraquezas de caráter do encarnado, que ele também tem, e as potencializa.
A obsessão não causa os males do obsidiado, mas os multiplica. Por isso a importância do controle sobre si mesmo, sobre os seus pensamentos e sentimentos. Se a obsessão nos tornasse maus, seríamos inocentes, estaríamos sofrendo injustamente. Se a obsessão fosse apenas a companhia de espíritos afins, sem maiores sequelas, não haveria porque preocupar-se com ela. Mas a obsessão dilata os nossos males, fermenta as nossas falhas de caráter e aumenta o nosso sofrimento.
Há tratamento para a obsessão. Mas nenhum tratamento em centro espírita será plenamente eficaz se não houver o comprometimento do obsediado. Só com a sua autocolaboração a obsessão é resolvida definitivamente. É preciso promover uma ampla reforma moral, íntima, profunda. É preciso modificar hábitos e posturas, é preciso alterar atitudes e comportamentos.
Quando há o firme propósito de mudar, de melhorar-se, de evoluir, a cura acontece e o progresso reinicia. Quando há a mudança resoluta por parte do obsediado, os obsessores, muitas vezes antigos desafetos de muitas caminhadas, podem seguir o exemplo da sua vítima de há pouco e transformarem-se em poderosos aliados graças à afinidade que os mantém ligados.
Se houve obsessão é porque há afinidade. E se há afinidade, havendo a conversão de um lado, o outro lado ou o abandona ou converte-se também.
Na verdade, nunca mudamos sozinhos. Formamos um emaranhado de inteligências influenciando-se umas às outras, em constante movimento. Quando tomamos uma resolução e a colocamos em prática, há uma mudança energética, e isso interfere nos que nos circundam, encarnados e desencarnados. A chance de influenciarmos espíritos que normalmente nos acompanham é grande.
A simples troca de hábitos gera grandes mudanças nos espíritos que nos acompanham. Se não se tratar de obsessor renitente, o hábito da leitura edificante, a frequência ao centro espírita, o hábito da oração já afastam os espíritos que não se afinizam com estas atividades. Não suportam as energias geradas, perdem a sintonia, que é quebrada com a leitura séria ou com a oração sentida.
Nós somos os responsáveis pelas nossas companhias, encarnadas e desencarnadas. E podemos ser responsáveis pela mudança de rota em seus caminhos. Há grande chance de nosso exemplo ser seguido. Nenhuma lição é melhor do que o exemplo.