Em nosso estágio evolutivo, somos escravos dos nossos hábitos. Se queremos mudanças efetivas em nossa vida, precisamos mudar os nossos hábitos. Não é possível simplesmente abandonar um mau hábito – precisamos substituir os nossos maus hábitos por bons hábitos.
Este é o tema deste vídeo de 10 minutos, que eu convido você a assistir. Se preferir, leia o texto logo abaixo.
Uma das tarefas que eu me imponho quase todos os dias é responder as perguntas que me fazem através do meu site Espírito Imortal ou por e-mail.
Muitas dessas perguntas não precisariam ser respondidas (pelo menos no site) se as pessoas se dessem ao trabalho de ler os comentários anteriores – as perguntas anteriores e as respostas que eu dou a essas perguntas – porque as perguntas são quase sempre as mesmas e as respostas são quase sempre as mesmas.
Por quê? Porque nossos problemas são quase sempre os mesmos, de mesma natureza.
Então tem milhares de pessoas que querem se livrar de algum problema, e sendo esse problema um problema recorrente, um problema crônico, ele é na verdade um vício. Um mal hábito é um vício. Um hábito recorrente, uma coisa que nos prejudica, que nós percebemos que estamos nos prejudicando e mesmo assim continuamos alimentando, vivendo esse hábito – é um vício.
Esse vício pode se caracterizar facilmente como vício – no caso do álcool, das drogas, da pornografia – mas ele pode não ser visto, não ser caracterizado assim tão facilmente como um vício: é o caso, por exemplo, da preguiça, do medo de mudança, da mania de doenças. Tudo isso são vícios, são vícios mentais, são maus hábitos mentais que acabam se transferindo para nossa vida material, para nossa vida cotidiana, para o nosso dia-a-dia.
Nós há muito tempo temos a informação de que todas as nossas ações, antes de serem ações, são pensamentos. Tudo começa pelo pensamento. Então os nossos vícios, os maus hábitos que nós expressamos na vida física – a sua origem é o pensamento, ou seja, se não mudarmos o pensamento, se não modificarmos o nosso padrão de pensamentos e sentimentos, dificilmente os nossos hábitos serão modificados, dificilmente os nossos atos terão alguma alteração.
Jesus, no Sermão da Montanha, reforma algumas leis de Moisés. A lei Mosaica tinha uma série de proibições; entre essas proibições podemos dizer “não matarás e não cometerás adultério”, que estão lá nos dez mandamentos.
O que era proibido eram os atos. Jesus vem nos alertar, vem ampliar o nosso entendimento nos esclarecendo que os atos são apenas consequência dos nossos pensamentos e sentimentos, ou seja, a origem de tudo são nossos pensamentos e sentimentos – só depois é que eles são exteriorizados em forma de atos físicos.
Em Mateus 5:21, por exemplo:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: não matarás”.
E Jesus complementa esse mandamento dizendo que não podemos nem nos encolerizar contra o nosso irmão e nem o ofender de qualquer forma.
E logo depois, no versículo 27, a mesma coisa em relação ao adultério:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: não cometerás adultério. Eu, porém voz digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”.
Jesus está citando dois pontos da lei antiga, dois pontos específicos – o assassinato e o adultério – apenas como exemplo, são exemplos facilmente compreendidos. Mas isso vale para tudo, a origem de tudo é o pensamento.
Nós vimos, então, que existem três níveis de realização: pensamento, palavra e ação.
Eu posso ter vontade de matar alguém – é o pensamento. Eu posso expressar a vontade de matar alguém – é a palavra. E eu posso matar alguém – é a ação.
Então é claro que em termos práticos a ação é mais grave. Se eu tiver vontade de matar alguém, vontade de acabar com a vida de alguém e conseguir segurar esse ímpeto, já é alguma vitória.
No caso do adultério, eu posso desejar a mulher do próximo, eu posso expressar o meu desejo por ela, e eu posso me envolver sexualmente com ela. São sempre os mesmos três possíveis níveis de realização. É claro que no caso do adultério muitas vezes o ato não é levado às últimas consequências por medo ou por falta de oportunidade.
Então, em ralação a todos os atos negativos, a tudo aquilo que nós sabemos que é melhor não fazermos, ou em relação a tudo aquilo que vem nos atrapalhando, nos prejudicando de alguma forma – é o caso dos vícios – como mudar essa situação?
Uma coisa é muito evidente: se nós estamos há anos com os mesmos hábitos, descontentes com o resultado desses hábitos, então estamos descontentes com a nossa vida. Gostaríamos que fosse diferente, gostaríamos de mudar e nada muda – ou pelo contrário, se agrava cada vez mais – não é fazendo as mesmas coisas, continuando a fazer as mesmas coisas que vai ocorrer uma mudança positiva.
Se estamos fazendo do mesmo jeito, ano após ano, e nada muda, nada resolve, evidentemente não é por esse caminho que as coisas irão melhorar. Então, para esses problemas crônicos das nossas vidas, para esses vícios mentais, a solução é uma mudança radical dos nossos hábitos.
Em nosso nível evolutivo, em nosso estágio evolutivo, nós somos escravos dos nossos hábitos. Nós temos a tendência de repetir indefinidamente o mesmo padrão: um padrão de pensamentos, um padrão de palavras e um padrão de ações. E assim como na natureza nada se perde, tudo se transforma, do mesmo modo em relação aos nossos hábitos – nós não podemos simplesmente abandoná-los, nós precisamos substituir um mau hábito por um bom hábito.
Então, para uma mudança em nossa vida, para abandonarmos esses vícios mentais, muitas vezes já exteriorizados em vícios físicos, nós precisamos de uma mudança radical, de uma mudança profunda tanto nos nossos hábitos físicos, nas nossas ocupações diárias (aquelas coisas que fazemos no dia-a-dia), quanto no nosso modo de falar, no nosso modo de nos expressar, evitando o queixume, as reclamações, as palavras negativas, quanto (e principalmente) no pensamento – mudar o nosso padrão de pensamentos.
É fácil?
Se fosse fácil não estaríamos aqui – mas, se a vida não está muito boa, se nós queremos realmente mudanças, isso exige esforço. Sem esforço não vamos a lugar nenhum.
E muitas pessoas, tentando driblar o esforço, tentando evitar a fadiga, passam anos e anos enfrentando o mesmo problema sem jamais sequer vislumbrar uma solução.
Um aspecto fundamental na mudança é a espiritualização. Sem nos fortalecemos espiritualmente dificilmente teremos condições de efetuar uma mudança profunda.
Então a frequência a um centro espírita (ou a uma igreja, para quem não gosta de centro espírita); a leitura de bons livros espíritas ou espiritualistas; a prática de exercícios físicos; o contato com a natureza, para quem tem essa possibilidade; o convívio com pessoas mais positivas, mais harmoniosas; o hábito da oração – é necessário nós orarmos, vigiarmos nossos pensamentos e orarmos, nos conectarmos com o mais alto através da oração.
É comum as pessoas se queixarem de que não têm tempo para orar, de que não têm tempo para se recolherem, para meditar, para buscar contato com Deus, isso exige tempo e elas não têm tempo – mas têm tempo para o futebol, para novela.
Vamos proibir o futebol e a novela, então?
Não. Mas são prioridades. Se o futebol e a novela são imprescindíveis, se elas vêm antes da oração, da meditação, do recolhimento, então já está resolvido; é uma questão de escolha.
Não existem soluções fáceis, não existem truques, não existem fórmulas mágicas. Sem esforço não vamos a lugar algum.
Eu comentei há pouco daquelas pessoas que fazem perguntas sem se darem o trabalho de ler as respostas às perguntas que foram feitas anteriormente. E é claro que é compreensível que às vezes a pessoa nem se dá conta, nem percebe que ali já tem outras perguntas e respostas.
Mas não podemos negar que isso já dá uma demonstração do tipo de problema que a pessoa enfrenta. Se ela não se dá ao trabalho de ler o que já foi perguntado e o que já foi respondido, ela já quer poupar esforço, já quer evitar a fadiga; ou, se ela dá uma lida rápida, superficial, dá uma olhada por cima e acha que merece uma resposta especial (porque, afinal de contas, o seu problema é um problema especial, porque ela é uma pessoa especial), isso também é uma amostra de uma das nossas principais características negativas, que é achar que os nossos problemas são maiores do que os problemas dos outros, ou que nós merecemos uma atenção especial, uma atenção mais individualizada, mais particular.
Nós somos todos de mesma natureza, então os nossos problemas são muito semelhantes. E o que nos diferencia efetivamente uns dos outros é o nosso maior ou menor esforço em resolver os nossos problemas.
Quando nós vemos um espírito que se destaca pela sua bondade, pela sua doação para o próximo, como é o caso de Chico Xavier, por exemplo – ele não é um privilegiado, ele não é um ser especial, ele apenas se esforçou mais. É claro que esse esforço não vem apenas dessa existência, é uma construção através de inúmeras existências. Mas sempre está na frente, está acima, aquele que mais se esforçou.
É possível mudar. Quando nós olhamos esses espíritos um pouco mais elevados que nós, percebemos que se eles chegaram lá e que é possível nós chegarmos também, e para isso é preciso mudar os nossos hábitos.