Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

A César o que é de César e a Deus o que é de Deus

 A César o que é de César, a Deus o que é de Deus; à matéria o que é da matéria, ao espírito o que é do espírito. Este é um dos temas do capítulo 20 do Evangelho de Lucas, que estudamos neste vídeo. Outros assuntos tratados neste capítulo são a parábola dos lavradores maus, a ressurreição, e a diferenciação entre o homem Jesus, chamado filho de Davi, e o Cristo. Este é o 25º vídeo de uma série de 30 vídeos em que analisamos e interpretamos o Evangelho de Lucas a partir de um entendimento espírita.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

CAPÍTULO 20

1. E aconteceu num daqueles dias que, estando ele ensinando o povo no templo, e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos,
2. E falaram-lhe, dizendo: Dize-nos, com que autoridade fazes estas coisas? Ou, quem é que te deu esta autoridade?
3. E, respondendo ele, disse-lhes: Também eu vos farei uma pergunta: Dizei-me pois:
4. O batismo de João era do céu ou dos homens?
5. E eles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que o não crestes?
6. E se dissermos: Dos homens; todo o povo nos apedrejará, pois têm por certo que João era profeta.
7. E responderam que não sabiam de onde era.
8. E Jesus lhes disse: Tampouco vos direi com que autoridade faço isto.

Os principais dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, ou seja, os maiores representantes da religião na época, os supostos conhecedores das coisas de Deus, perguntaram a Jesus com que autoridade ele fazia essas coisas, e quem lhe tinha dado essa autoridade. Eles se referiam ao que Jesus havia feito desde sua entrada em Jerusalém. As curas, a aclamação pública, o seu ensino e o anúncio do Evangelho.

Para compreender a autoridade e a origem da autoridade de Jesus é preciso estar livre de preconceitos religiosos. Se não reconheciam a autoridade de João Batista não teriam a mínima condição de compreender o Cristo.

“O batismo de João era do céu ou dos homens?”Batismo quer dizer mergulho. O batismo de João Batista simbolizava o mergulho para dentro de si mesmo, um mergulho de conscientização, um contato com as Leis divinas que estão gravadas em nossa consciência e a conseqüente metanoia, que traduzem como “conversão” ou “arrependimento”, mas que quer dizer mudança de mente, transformação mental – é a conscientização da nossa natureza íntima de filhos de Deus.

João Batista veio preparar o caminho de Jesus, veio ensinar a condição básica para apreender e assimilar o ensinamento de Jesus e o desenvolvimento do Cristo que habita dentro de cada um de nós.

Os que fizeram a pergunta a Jesus não aceitavam João Batista, assim como não aceitavam Jesus, procurando um meio de comprometê-lo perante as autoridades civis e religiosas para tentarem acabar com ele.

Antes de Jesus os homens eram assim e depois de Jesus continuaram sendo assim. A este propósito Jesus nos conta esta parábola:

9. E começou a dizer ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo;
10. E no tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio.
11. E tornou ainda a mandar outro servo; mas eles, espancando também a este, e afrontando-o, mandaram-no vazio.
12. E tornou ainda a mandar um terceiro; mas eles, ferindo também a este, o expulsaram.
13. E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo, o respeitem.
14. Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa.
15. E, lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
16. Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha. E, ouvindo eles isto, disseram: Não seja assim!

O capítulo 15 do Evangelho de João começa com Jesus dizendo: “Eu sou a videira verdadeira, e meu pai é o lavrador”. Deus nos creou à sua imagem e semelhança. Herdamos o poder creador de Deus. Temos a capacidade de sermos instrumentos de Deus, veículos de manifestação de Deus.

Jesus, o espírito mais desenvolvido que conhecemos, é manifestação plena de Deus,

é nosso guia e modelo a ser seguido. Deus, o Creador do universo infinito, concedeu ao espírito cristificado de Jesus a responsabilidade pelo nosso planeta.

O ensino e principalmente a vivência do ensino do Cristo é o que precisamos desenvolver neste planeta para colhermos bons frutos. Todos nós somos lavradores da vinha do Cristo. As Leis de Deus estão gravadas em nossa consciência. Deus nos confiou a sua vinha, que é o Cristo, para que façamos a nossa parte, para que sejamos co-creadores com Deus.

“Certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores…” – A palavra grega que é traduzida como arrendar é exêdoto (εξεδοτο), que quer dizer entregar, deixar. Numa tradução livre equivaleria a dizer “largou de mão”. Deus nos “largou de mão” neste planeta, entregues ao nosso livre-arbítrio, através do qual escolhemos se queremos sintonizar com o Cristo ou se queremos viver nosso orgulho e egoísmo.

Esta parábola de Jesus tem um sentido histórico muito claro, referindo-se aos espíritos iluminados que de tempos em tempos foram enviados à Terra para colherem fruto dos espíritos aqui encarnados, para nos estimularem para o desenvolvimento espiritual. Esses espíritos mais adiantados que nós quase sempre foram muito mal recebidos, assim como Jesus (representado pelo filho do dono da vinha) foi mal recebido, mal interpretado e perseguido.

Mas o significado da parábola se aplica a cada um de nós como individualidades que somos. De tempos em tempos reencarnamos para consolidar nossos aprendizados, para experimentarmos, para desenvolvermos o amor. Nosso campo de trabalho espiritual é o Cristo, a natureza crística que faz parte de cada um, a partícula divina que temos dentro de nós.

Enquanto ainda somos muito apegados à matéria, enquanto achamos que o que importa são as exterioridades, os prazeres e o poder material, recusamos ver e ouvir o Cristo que habita em nós. Praticando o mal, maltratamos a nós mesmos; agredimos a nossa individualidade divina, que é imortal, cuidando apenas da nossa personalidade egoística, que é transitória.

Mesmo cometendo tantos erros, nós progredimos, vagarosamente vamos despertando a consciência, e quanto mais despertos, maior é a dor que experimentamos a cada erro cometido. Quem já tem conhecimento das coisas do espírito e continua errando, erra conscientemente, comete o que Jesus chamou de “pecado contra o santo espírito” (Lucas 12:10). É a luta contra a evidência, é o materialismo pretensamente científico, que nega Deus tentando se apossar da sua herança, como se o universo fosse fruto do acaso.

Essa parábola ilustra perfeitamente a autonomia do homem na Terra. A Terra nos foi cedida para o nosso desenvolvimento. O Mal que existe na Terra, portanto, é obra do próprio homem. O Mal só existe porque nós lhe damos existência com nosso orgulho e egoísmo.

17. Mas ele, olhando para eles, disse: Que é isto, pois, que está escrito? A pedra, que os edificadores reprovaram, Essa foi feita cabeça da esquina.
18. Qualquer que cair sobre aquela pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair será feito em pó.

A pedra angular ou “cabeça da esquina” era a pedra fundamental de uma construção. Como não usavam esquadro, escolhiam uma pedra como esquadro natural a partir da qual erguiam duas paredes.

O ensino do Cristo, rejeitado ainda hoje pelo personalismo egoístico, é a pedra fundamental da construção da nossa própria individualidade divina.

19. E os principais dos sacerdotes e os escribas procuravam lançar mão dele naquela mesma hora; mas temeram o povo; porque entenderam que contra eles dissera esta parábola.
20. E, observando-o, mandaram espias, que se fingissem justos, para o apanharem nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente.

 Todo este capítulo retrata a perseguição que Jesus sofreu e que se intensificou nos últimos dias de sua passagem pela Terra. Lucas diz que os principais dos sacerdotes e os escribas queriam pegar Jesus, mas ainda temiam o povo. Então mandaram espionar Jesus para tentar incriminá-lo.

21. E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus.
22. É-nos lícito dar tributo a César ou não?
23. E, entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais?
24. Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César.
25. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
26. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, maravilhados da sua resposta, calaram-se.

Lembramos que César era o imperador romano. A região em que Jesus vivia, e grande parte do mundo antigo, partes da Europa, África e Ásia eram dominadas pelo Império Romano. Roma exigia o pagamento de impostos por parte dos povos dominados. E os judeus, que se achavam o povo escolhido de Deus, eram particularmente revoltados com o fato de ter que pagar imposto ao inimigo estrangeiro.

No tempo de Jesus havia violentas revoltas contra os romanos. Por isso tentaram encurralar Jesus com uma pergunta difícil, perguntando se deviam pagar o imposto aos romanos ou não.

Se Jesus dissesse que sim, iria se indispor com o povo; e se dissesse que não estaria cometendo um crime contra o império, podendo ser acusado de subversão.

No texto grego a palavra que geralmente é traduzida como “dar”, “dai a César”, é apódote (αποδοτε), imperativo aoristo na voz ativa, segunda pessoa do plural do verbo apodídomi, que tem o sentido de “entregar novamente”, “restaurar”, “devolver”, ou, como preferiu o Haroldo na sua tradução, “restituir”, mas não “dar”.

A moeda que Jesus pediu para ver tinha a imagem de César. A moeda é uma representação da nossa imagem, é o simbolismo da nossa personalidade, da personagem que nós interpretamos, essa imagem transitória, provisória.

César representa aqui a matéria, o mundo material com as suas ocupações e preocupações. Nossa parte material deve ser restituída à matéria. Nosso corpo material se decompõe; nossos bens materiais não nos acompanham; nossos desejos, preconceitos e ilusões materiais devem ser restituídos à matéria, não devem nos acompanhar, pois somos espírito, e o espírito é voltado para Deus. A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

As coisas materiais só servem como instrumento enquanto estamos encarnados. Nos iludimos com posses, com títulos, com honrarias, dedicamos anos preciosos de nossas existências físicas à profissão e ao aprendizado acadêmico, sendo que a maior parte dessas atividades e conhecimentos só tem serventia por pouco tempo, não são valores agregados ao espírito.

O cuidado com a profissão, com o estudo acadêmico, com o progresso material é legítimo, mas não pode, de modo algum, ser prioridade. “Cuidai primeiro das coisas do reino, e o resto vos será dado por acréscimo” (Lucas 12:31). Só o que levaremos como bagagem do espírito é o que se refere às coisas do espírito.

27. E, chegando-se alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, perguntaram-lhe,
28. Dizendo: Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se o irmão de algum falecer, tendo mulher, e não deixar filhos, o irmão dele tome a mulher, e suscite posteridade a seu irmão.
29. Houve, pois, sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem filhos;
30. E tomou-a o segundo por mulher, e ele morreu sem filhos.
31. E tomou-a o terceiro, e igualmente também os sete; e morreram, e não deixaram filhos.
32. E por último, depois de todos, morreu também a mulher.
33. Portanto, na ressurreição, de qual deles será a mulher, pois que os sete por mulher a tiveram?
34. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento;
35. Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento;
36. Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
37. E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
38. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.
39. E, respondendo alguns dos escribas, disseram: Mestre, disseste bem.
40. E não ousavam perguntar-lhe mais coisa alguma.

Esta é a única alusão de Lucas aos saduceus. Os saduceus formavam um grupo político poderoso. Acreditavam apenas na Torá (equivalente ao nosso Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, atribuídos a Moisés). Não acreditavam em anjos, nem em espíritos, nem na imortalidade da alma. Cuidavam apenas dos seus interesses, não se opondo ao Império Romano enquanto mantivessem os seus privilégios. Podemos dizer que eram os materialistas da época.

Essa pergunta que fazem a Jesus era provavelmente um enigma, uma questão que nunca havia sido resolvida. A lei do levirato (ou lei do cunhado) obrigava a viúva a casar com o irmão do falecido, para manter a descendência do mesmo sangue e para que não houvesse uma divisão de bens (Deuteronômio 25:5-6).

Como a mulher era considerada posse do marido, se o irmão morria nada mais natural que a mulher, como se fosse um objeto, passasse a pertencer ao cunhado.

Os saduceus não acreditavam em vida depois da morte, e entendiam que, se houvesse vida após a morte, as relações sociais e familiares continuariam como eram em vida. A mulher, então, continuaria pertencendo ao marido.

No caso em questão, de uma mulher ter pertencido aos sete irmãos em vida, a quem ela pertenceria após a morte?

Jesus demonstra que esse dilema partia de uma falsa premissa, pois, como vimos há pouco, “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, ou seja, as coisas materiais, inclusive as nossas convenções sociais e familiares, ficam por aqui; esses vínculos são transitórios, não são vínculos do espírito.

É neste sentido que Jesus diz que a sua família são aqueles que seguem os seus ensinos (Lucas 8:21), pois a família terrena é passageira, nossos verdadeiros laços são os laços psíquicos, não os laços carnais. Mas, pelo fato de os laços serem psíquicos, muitas vezes essas relações permanecem. Muitos espíritos da Terra continuam ligados por laços de amor e ódio depois da morte, vivendo em condições muito semelhantes às que viviam no plano material.

A Terra abriga espíritos de graus evolutivos diferentes. Grande parte dos espíritos ainda são primitivos, mal começaram a desenvolver a consciência, morrem e nem percebem que morreram, entram num estado de confusão mental sem se darem conta de que estão em outro plano.

Os judeus usavam eufemismos para designar morte e ressurreição. Diziam “deitar-se” para designar a morte e “levantar-se” para designar o despertamento no plano astral ou a reencarnação, a volta ao plano físico.

Esse “levantar-se” quer dizer “sair do sono da morte”, “acordar”, “recobrar a consciência”. Muitos espíritos, hoje ainda, morrem sem saberem que morreram. Não têm a consciência suficientemente desenvolvida para perceberem o seu novo estado. É como se estivessem dormindo. Não acordam para a sua nova realidade, não despertam do sono da morte, não “levantam”.

Mas aqueles que já alcançaram um grau de consciência suficiente para analisar a nova situação, estes percebem que os laços que os prendiam às pessoas no mundo material já não são válidos, pois no plano astral não há necessidade de famílias como no plano material, visto que não há morte, e, se não há morte, não há necessidade de procriação, e, se não há necessidade de procriação, não há a imposição de casar-se.

As uniões no astral são por afinidade, por sentimento, e não por necessidade biológica. Os saduceus acreditavam em Deus, mas não acreditavam na imortalidade do espírito. Se não existia vida após a morte, os mortos não existiam; Deus, para eles, era um Deus de vivos.

O Deus da Torá apresentava-se como sendo o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, os patriarcas do povo judeu. Mas Abraão, Isaque e Jacó haviam morrido há muitos séculos. Como, então, Deus seria um Deus de vivos, como sustentavam os saduceus, se ele era Deus de Abraão, Isaque e Jacó? É neste sentido a resposta de Jesus.

41. E ele lhes disse: Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
42. Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
43. Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
44. Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?

45. E, ouvindo-o todo o povo, disse Jesus aos seus discípulos:
46. Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes;
47. Que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação.

 Os judeus acreditavam, há séculos, que Deus enviaria a eles o Messias, o enviado de Deus para restabelecer a glória de Israel. O período de glória do povo israelita foi com Davi, mais ou menos mil anos antes de Cristo, e com seu filho Salomão. Depois veio a decadência.

Então acreditavam, baseados em profecias, ou em pretensas profecias, que Deus enviaria o Messias e que o Messias seria da linhagem de Davi, ou seja, “filho de Davi”, descendente de Davi. Quando Jesus chegou a Jerusalém foi aclamado como o “filho de Davi”.

Agora uma observação muito importante. Jesus está aqui fazendo distinção entre o homem Jesus e o Cristo. O Cristo é a nossa herança divina, é a partícula divina em nós. Todos temos o Cristo dentro de nós, esperando ser desenvolvido. Jesus, o espírito que encarnou como Jesus, desenvolveu plenamente o seu Cristo, o Cristo interno. Por isso o chamamos de Jesus Cristo, ou Jesus o Cristo.

O Cristo é uma qualidade ou natureza desenvolvida plenamente por Jesus. Quando Jesus diz “eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6), não está se referindo a ele como pessoa, como o Jesus histórico. É evidente que não é necessário aceitar Jesus para ser salvo. Se fosse assim todos os que viveram antes dele estariam perdidos e todos os que vivem em povos onde predominam outras religiões estariam perdidos.

O Cristo é uma qualidade intrínseca a todos nós, filhos de Deus, creados à imagem e semelhança de Deus. O ensinamento que Jesus nos deixou é cósmico, é válido em qualquer lugar e em qualquer tempo. Qualquer espírito, ao longo de inúmeras existências, desenvolve o Cristo dentro de si. O Cristo é o caminho, a verdade e a vida.

Jesus aqui está chamando a atenção para o fato de que o Cristo não é descendente de Davi. Ele, Jesus, o homem Jesus era descendente de Davi. Mas o Cristo não, o espírito plenamente cristificado, como era Jesus, não tinha nada a ver com Davi. A ligação de Jesus com Davi era apenas carnal, Jesus tinha o sangue de Davi. Mas espiritualmente não tinham nenhuma ligação especial.

No Evangelho de Mateus, ao narrar esta mesma passagem, Jesus pergunta: “Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor?” (Mateus 22:43)

Davi em espírito. Espiritualmente o Cristo é senhor de Davi, como diz a citação que Jesus faz do salmo 101: “Disse o Senhor ao meu Senhor”. Este salmo é de Davi. Davi está dizendo: “disse o senhor ao meu senhor”, ou seja, “disse Deus ao Cristo, meu senhor”.

Davi está reconhecendo que há um senhor, além de Deus, que é espiritualmente superior a ele, e este espiritualmente superior é o Cristo em Jesus.

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