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Como colocar em prática o que Jesus nos ensinou

batismo de Jesus

O ensinamento de Jesus está à nossa disposição há quase dois mil anos. Como colocar em prática o que Jesus nos ensinou? Este tem sido o nosso grande desafio. Neste vídeo, falo a respeito do batismo de João Batista, que simboliza justamente os primeiros passos para que estejamos preparados para passar da teoria para a prática. O que João Batista propõe é a conscientização. Sem nos conscientizarmos de nossa natureza espiritual e da responsabilidade que temos sobre nós mesmos, qualquer tentativa de reforma íntima será mais complicada.

Como seguir os ensinamentos de Jesus?

Jesus nos deixou seu ensinamento há quase dois mil anos, muitos de nós nos dizemos cristãos, e no entanto ainda temos alguma dificuldade de compreender a profundidade do seu ensinamento e principalmente de colocar em prática aquilo que ele nos ensinou: amar incondicionalmente, perdoar sempre, fazer o bem aos que nos fazem mal, desenvolver a fé, fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que nos fizessem. Não é vergonha nenhuma confessarmos que nem sempre conseguimos fazer isso. Na verdade fazemos ainda muito pouco.

Eu tenho gravado uma série de trinta vídeos analisando, interpretando o Evangelho segundo Lucas, e no estudo do Evangelho algumas lições se sobressaem, dependendo do nosso momento. Cada um de nós desperta para uma coisa de cada vez, mas tem uma lição em particular que tem me chamado muito a atenção.

Se nós acreditamos na importância de Jesus (para a maioria dos espíritas Jesus é o governador do planeta Terra, é o responsável maior pelos espíritos da Terra), então nós devemos imaginar que para que Jesus viesse ao nosso plano material foi necessário um longo caminho de preparação; foram milênios de preparação para que quando ele encarnasse houvesse em seu meio as pessoas certas, ou os espíritos certos, nos momentos certos, nos lugares certos, nas situações mais adequadas – isso para que o seu ensinamento chegasse até nós, para que o seu ensinamento atravessasse os séculos como tem atravessado, de maneira que nós, hoje, um pouco mais esclarecidos do que há dois mil anos atrás, quando ele esteve aqui, pudéssemos então compreender (ou começarmos a compreender) a profundidade do seu ensinamento, e isso explica o porquê de Jesus nos falar quase sempre por meio de parábolas, pois essas parábolas podiam ser compreendidas naquele tempo ao pé da letra (como são ainda por muitas pessoas hoje, levadas ao pé da letra), mas, conforme o nosso grau de entendimento, conforme o nosso tipo de crença, nosso tipo de pensamento, podemos encontrar por trás dessas parábolas os mais diversos ensinamentos – e isso não se refere apenas às parábolas.

Eu particularmente acredito que todo o Evangelho (os quatro Evangelhos que são seguidos por nós: Mateus, Marcos, Lucas e João) obedeça a uma programação espiritual superior, e que todos os fatos, todos os atos da vida de Jesus e as palavras de Jesus que chegaram até nós tenham um sentido muito profundo – e isso se aplica até mesmo à forma e a ordenação dos fatos da vida de Jesus da maneira como são colocados nos Evangelhos.

E nós vemos nos Evangelhos de Mateus e de Lucas que antes de abordarem a vida de Jesus, os ensinamentos de Jesus, antes de começarem a tratar da missão de Jesus e do ensinamento que ele deixou até nós, estes Evangelhos falam da pregação de João Batista.

Nós sabemos que João Batista era primo de Jesus, apenas cinco meses mais velho que Jesus. Quando Maria, mãe de Jesus, estava grávida, Isabel, mãe de Batista, também estava grávida, e é contado no Evangelho de Lucas que dentro dos ventres das suas respectivas mães, os espíritos se reconheceram. João Batista tomou para si desde cedo o encargo de preparar o caminho para a missão de Jesus.

João Batista é a reencarnação de Elias, e a sua missão, conforme era profetizada já há vários séculos, era justamente de preparar o caminho do Cristo.

Mas por que que nestes Evangelhos de Mateus e Lucas –  e vamos nos prender aqui especificamente ao Evangelho de Lucas, que é o que estamos estudando – João Batista vem antes de Jesus?

Hoje eu percebo claramente que pela complexidade, pela profundidade do ensinamento de Jesus é preciso antes um preparo. Isso não quer dizer de maneira alguma (precisamos deixar isso bem claro) que nós precisemos de condições especiais para então colocarmos em prática o ensinamento de Jesus, ou que nós devemos primeiro preparar determinadas coisas em nossa vida, em nosso pensamento, para depois colocarmos em prática o ensinamento de Jesus – não é isso.

Mas existe uma razão, e uma razão forte, para que a pregação de João Batista esteja no Evangelho antes do relato do início da missão de Jesus.

Nós vemos no Evangelho de Lucas que João Batista pregava o batismo de arrependimento para o perdão dos pecados – ou batismo de conversão para o perdão dos pecados, ou, em outras traduções, em vez do perdão dos pecados, remissão dos pecados. Vamos trabalhar com estas quatro palavras: batismo; arrependimento ou conversão; perdão ou remissão; e pecado.

Batismo é uma palavra grega que quer dizer mergulho, nada mais do que isso. Hoje, depois de muitos séculos de tradição religiosa, quando se fala em batismo nós temos a ideia de um rito, de um sacramento, de algo praticado por determinadas religiões nas igrejas, quando se batiza em nome do pai, do filho e do espírito santo – mas nada disso existia quando este texto foi escrito.

Quando o evangelho foi escrito, batismo representava apenas mergulho, essa é a acepção original da palavra, esse é o significado da palavra. Batismo é mergulho. João Batista mergulhava as pessoas no rio Jordão como um simbolismo de renascimento. É claro que esse mergulho pode simbolizar a reencarnação, mas não é disso que vamos tratar.

O simbolismo maior do batismo (ou do mergulho) é na verdade a possibilidade de um recomeço, é um renascimento, e este mergulho é um mergulho para dentro de si mesmo, é um mergulho para o seu íntimo, um mergulho na sua própria consciência. João Batista fazia um mergulho de conversão ou de arrependimento.

A palavra grega que é traduzida como conversão ou como arrependimento é metanoia. Meta quer dizer mudança, transformação, e noia é mente. Então é uma mudança de mente, uma transformação da mente, uma reforma mental.

Poderíamos entender como o que espíritas chamam de reforma íntima – mas é uma reforma mental, uma reforma dentro de si mesmo, é a conscientização: um mergulho de conscientização dentro de si mesmo, um mergulho no seu íntimo, um mergulho nas profundezas do seu ser que leva à conscientização.

Esse mergulho, ou batismo, é para o perdão dos pecados, ou remissão dos pecados. A palavra grega que é traduzida como pecado quer dizer erro, nada mais do que isso.

Nós aprendemos com Champlin, que é um pastor protestante, erudito, que a palavra grega que é traduzida como pecado tinha originalmente o sentido de erro, mas não qualquer erro: se referia mais especificamente à tentativa frustrada de acertar o alvo com o arco e flecha.

Quando se tentava atingir o alvo com o arco e flecha e se errava, a palavra que se usava para designar este ato é que foi traduzida como pecado. Então, quando nós lemos “pecado” no Novo Testamento, que é escrito em grego originalmente (o idioma do Novo Testamento é o grego), pecado quer dizer erro, a tentativa frustrada de acertar – porque todos os nossos erros, todos os erros que nós cometemos, por mais absurdos que sejam, na ocasião em que nós os cometemos eles parecem a saída mais plausível, eles nos parecem a coisa mais acertada.

É verdade que muitas vezes nós já cometemos erros sabendo que estávamos errando, nós já erramos deliberadamente muitas vezes, mas mesmo nessas ocasiões, nessas oportunidades esses atos errados que nós cometemos pareceram a melhor saída, pareceram a melhor alternativa. Foram, no fundo, tentativas de acerto.

Então a palavra pecado, com esse sentido religioso que nos leva à ideia de pecado original, pecado de Adão e Eva, ou dos sete pecados capitais, isso foi trazido depois pelos Pais da Igreja, principalmente por Santo Agostinho, mas não traduzem de maneira alguma o sentido original da palavra erro que é o que está nos textos gregos.

Então seria o “batismo de conversão para o perdão dos pecados”, ou o “batismo de arrependimento para o perdão dos pecados” – perdão dos pecados ou remissão dos pecados.

A palavra que era traduzida como perdão ou remissão é áfese; esta palavra pode ser traduzida como remissão, como perdão, como libertação, como liberação – a tradução mais comum é perdão. Perdão vem do latim perdonare, que quer dizer doar totalmente.

Esta palavra grega áfese era usada muitas vezes no sentido de libertação dos escravos, libertação da escravidão, libertação dos cativos – a libertação dos escravos ou dos cativos por haverem doado totalmente, por haverem resgatado a dívida através do qual haviam sido escravizados.

Lembramos que a escravidão naquele tempo tinha um sentido bem diferente da escravidão que nós conhecemos, que foi essa coisa vergonhosa que ocorreu durante séculos aqui no Brasil. A escravidão nos povos antigos era uma coisa comum, estamos tratando de dois mil anos atrás. E as duas maneiras mais comuns de alguém se tornar escravo era quando seu povo era vencido numa guerra, numa batalha, em que ele se tornava escravo daqueles que haviam sido vencedores, ou pelo cumprimento da lei – a lei dizia (e isso era válido para quase todos os povos antigos, até em alguns livros da Bíblia isso era regulamentado) que aquele que se endividasse e não houvesse como pagar a sua dívida, se tornava escravo do seu credor até que a sua dívida fosse remida, até que ele pagasse totalmente a sua dívida, até que ele se doasse totalmente, doasse do seu trabalho, da sua força de trabalho – por isso doar totalmente, que traduzido para o latim é perdonare, que chegou até nós como “perdão”.

Estamos tratando, então, do resgate da sua liberdade. O escravo, ou o cativo que perdeu a sua liberdade por causa de dívida, decorrido o tempo necessário para que ele saudasse a sua dívida, ou seja, quando ele se doou totalmente para quitar essa dívida, ele resgatou o preço da sua liberdade. O que normalmente é traduzido, então, como o perdão dos pecados ou remissão dos pecados quer dizer, na verdade, resgatar os erros.

Estamos tratando aqui do sentido das palavras que elas tinham quando foram escritas – os Evangelhos foram escritos há quase dois mil anos. Os sentidos que as palavras gregas utilizadas para escrever os Evangelhos tinham naquela época não é o sentido que nós damos a elas hoje.

Batismo de igreja não existia, batismo era mergulho; pecado não existia, a noção de pecado que nós temos hoje não existia, o que existia era erro; e a noção de perdão como nós temos hoje, embora já existisse, não se encontra nesses textos nem se referindo ao resultado do batismo ou mergulho, nem se referindo às ações de Jesus.

Se nós acharmos que Jesus perdoa, ou que Deus perdoa, muitas vezes eles estariam sendo injustos por perdoar alguns e não perdoar a outros. Se todos são filhos de Deus, todos devem ser perdoados. Se nós que somos humanos perdoamos os erros de nossos filhos, Deus que é pai de todos, infinitamente bom e misericordioso certamente perdoa a todos.

Aliás, falar em perdão em relação a Deus é errado, porque perdoa aquele que se ofende, e Deus certamente não se ofende; Deus não é homem, Deus não é um espírito falível como nós, então não se ofende. O que nós temos de Deus, sempre, é a sua misericórdia. A misericórdia de Deus é infinita, e isso se manifesta através da reencarnação: cada reencarnação é uma nova oportunidade, é um recomeço, é uma prova da misericórdia de Deus.

E outra demonstração da misericórdia de Deus são os dias e as noites. Nós temos pequenos ciclos em nossa vida que nos permitem que cada vez que o Sol nasça novamente, cada vez que o Sol desponte no horizonte nós tenhamos uma nova oportunidade de fazer o certo, então cada dia é uma nova chance, é uma nova oportunidade, é uma nova prova da infinita misericórdia de Deus, mas Jesus não nos perdoa. Jesus não veio até nós para nos perdoar, Jesus veio nos ensinar o caminho para nós nos libertarmos com nossas próprias forças, nos libertarmos de nosso próprio egoísmo, do nosso próprio orgulho – Jesus nos ensina o caminho reto que nos leva a Deus.

E para seguirmos o ensinamento de Jesus, para que tenhamos plenas condições de colocar em prática o ensinamento de Jesus é que nós devemos prestar atenção a esse ato de João Batista, que é o mergulho para dentro de si mesmo, um mergulho de conscientização para o resgate dos erros.

Então não tem nada de perdão dos pecados. Não existe pecado para ser perdoado – o que existem são erros, e os erros nós os resgatamos. Ninguém foge da Lei de causa e efeito.

Os Evangelhos estão repletos de ensinamentos de Jesus nesse sentido, falando sobre a Lei de causa e efeito – aliás, na Bíblia toda tem muitas menções à Lei de causa e efeito; é possível fazer um vídeo tratando exclusivamente de citações bíblicas a respeito da Lei de causa e efeito.

Nós somos responsáveis pelos nossos atos: a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória. Colhemos sempre o que nós plantamos, então João Batista propõe que nós mergulhemos para dentro de nós mesmos, que nós nos conscientizemos, porque o que nós precisamos em nosso estágio evolutivo é conscientização, é nos darmos conta de que nós colhemos o que nós plantamos, é tomarmos consciência de que o que nos acontece se deve a nós mesmos e fomos nós mesmos que causamos os problemas que temos hoje, e o que não percebemos no passado desta própria existência se encontra em existências anteriores. É para isso, então, que nós devemos resgatar os nossos erros.

Como resgatar os erros?

Todos nós estamos sujeitos à Lei de causa e efeito, ninguém foge disso, o próprio João Batista é um exemplo disso. João Batista é a reencarnação de Elias, este espírito que animou Elias e João Batista, quando foi Elias, mandou decapitar quatrocentos e cinquenta profetas de Baal; quando esteve reencarnado como João Batista, teve a sua cabeça decapitada por ordem do rei Herodes. Quando foi Elias, mandou matar pela espada; quando foi João Batista, foi morto pela espada. E Jesus mesmo nos disse que quem matar pela espada, pela espada perecerá. Impossível alguém querer um ensinamento mais claro, mais evidente do que este.

A Lei de causa e efeito age sempre. O que nós devemos fazer para criar condições para nós mesmos de seguir os ensinamentos de Jesus com mais naturalidade, com mais facilidade, é nos anteciparmos à Lei de causa e efeito, é não esperarmos que a vida nos apresente o resultado de nossos erros passados, e o meio de nós resgatarmos os nossos erros conscientemente, propositadamente, é fazendo o bem, é praticando a caridade – caridade que nos Evangelhos é uma palavra grega, ágape, que quer dizer amor, mas o amor em ação.

No grego existem três palavras para designar o amor – mas o amor em ação, que é a caridade, é ágape. Nós precisamos é de obras, nós precisamos de ação, precisamos fazer o bem, precisamos nos antecipar à Lei de causa e efeito reparando erros nossos cometidos no passado, concertando erros possíveis de serem concertados, dessas ou de outras existências, e aqui cabe lembrar que muitas das pessoas, muitos dos espíritos a quem nós prejudicamos em existências passadas reencarnaram próximos de nós como nossos familiares ou pessoas próximas justamente para que nós tenhamos a possibilidade de reajuste, a possibilidade de rearmonização com nós mesmos e com estes espíritos que estão agora reencarnados próximos de nós – e o que não for possível concertar, que nós compensemos: podemos compensar o mal causado praticando o bem.

Se imaginarmos a vida e os mecanismos da Lei de causa e efeito como uma conta bancária, nós estamos no vermelho, nós estamos devedores. Para sairmos do vermelho, para diminuirmos nosso débito, precisamos fazer crédito – e isso nós conseguimos trabalhando, agindo, com obras, fazendo o bem, praticando a caridade.

Se nós nos anteciparmos aos mecanismos da Lei de causa e efeito resgatando conscientemente os nossos erros passados, as condições para começarmos a colocar efetivamente em prática o ensinamento de Cristo aumentam muito.

Jesus nos disse que se tivermos a fé do tamanho de um grão de mostarda poderemos mover montanhas. Fé não é apenas crença, fé é fidelidade, fé é lealdade, fidelidade às Leis de Deus, lealdade ao que Jesus nos ensinou, ou seja, colocar em prática os ensinamentos que Jesus nos ensinou. Por menor que seja a nossa fé (ou por menor que seja o resultado das nossas obras, pelo menos no começo), o nosso esforço, a nossa boa vontade é potencializada pelo auxílio dos bons espíritos e nós seremos capazes de transportar montanhas. Montanhas de obstáculos, montanhas de dificuldades para os quais não víamos solução até há pouco tempo, vão sendo afastadas conforme nós avançamos pelo caminho. E cabe lembrar aqui o que Jesus nos disse a respeito da caridade: que não veja a nossa mão esquerda o que faz a nossa mão direita – então não adianta fazer uma ou duas coisinhas e sair alardeando para todo mundo.

Façamos o bem, trabalhemos em nosso benefício, em benefício do próximo, nos melhoremos intimamente e Deus, através da nossa consciência, perceberá a nossa sincera vontade de mudança.

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