A palavra tem poder. As palavras negativas não merecem ser pronunciadas. Uma ótica espírita sobre a palavra e suas consequências.
A realização acontece em três etapas: Pensamento, palavra e ação. A origem de tudo é o pensamento. Ainda não temos as melhores condições de domínio sobre os pensamentos. Jesus nos apontou a importância do controle sobre os pensamentos ao nos falar sobre o adultério em pensamento. A lei antiga, de Moisés, proibia o adultério (da mulher, é claro; a mulher era propriedade do homem). Jesus inova o mandamento ao dizer que todo aquele que desejasse a mulher do próximo já estava cometendo adultério.
Espiritismo e a importância do pensamento
Ele estava se referindo aos nossos pensamentos íntimos, que revelam o que nós somos de verdade. Podemos passar uma imagem de bonzinhos mas mantermos os pensamentos poluídos. É o caso do adultério em pensamento. Ele não é colocado em prática por falta de oportunidade ou por covardia. Mas, em intenção, em pensamento, ele existe.
Devemos procurar, todos os dias de nossas vidas, controlar os nossos pensamentos, não há dúvida. Mas devemos reconhecer as diferenças entre as etapas da realização. Uma coisa é desejar a mulher (pensamento); outra, mais grave, é declarar isso a ela e fazer-lhe propostas (palavra); outra, conclusiva e irreversível, é envolver-se sexualmente com ela (ação). O adultério é apenas um exemplo, para ficarmos no ensino de Jesus. Isso se aplica a qualquer ato. Pode-se pensar em agredir alguém; pode-se agredir verbalmente alguém; e pode-se agredir fisicamente alguém. São estágios crescentes da realização.
Se não conseguimos impedir o acesso do Mal ao nosso coração, devemos tentar não pensar nele. O pensamento é creador, e atrai outros pensamentos de igual teor. O pensamento imaginativo sobre a raiva, por exemplo, atrai pensamentos idênticos de outros espíritos, encarnados e desencarnados, que potencializam a raiva inicial, formando imagens, estórias e emoções cada vez mais reais e vivas.
Se, apesar de estarmos conscientes de que devemos exercer o controle sobre os nossos pensamentos, nos perdermos, algumas vezes, deixando a imaginação correr livre, sem nos darmos conta de que estamos atraindo pensamentos afins, ou, mesmo percebendo que estamos com pensamentos indesejáveis, não conseguirmos controlá-los imediatamente, tentemos, com todas as forças, não manifestá-los com palavras. A palavra é a etapa seguinte ao pensamento, e sua força de expressão é capaz de exercer o poder de uma ordem em relação a espíritos ignorantes que se identifiquem com o seu teor.
O Mal não merece ser mencionado em nosso dia-a-dia. As palavras negativas não merecem ser ditas. Os pensamentos distorcidos e errôneos não devem ser transformados em palavras. A mania de reclamação, o péssimo hábito de falar mal dos outros, os comentários negativos a respeito de tudo, a ironia, o sarcasmo, o deboche, são atitudes manifestadas em palavras que não merecem ser articuladas.
Não se deve confundir a externalização dos sentimentos, que se faz eventualmente para alguém de muita confiança e amizade, ou para algum profissional da análise humana, com o desabafo chinelo, a reclamação azeda, a fofoca, a hipocrisia terrível de falar dos outros pelas costas.
Tentemos, sempre, purificar os nossos sentimentos e controlar os pensamentos. A oração, a meditação, a leitura edificante, o estudo metódico das coisas do espírito, são algumas maneiras de controlar o padrão de pensamentos. Quando isso não for suficiente, guardemos nossas mazelas conosco, não sejamos instrumentos do Mal, espalhando aos outros o que não presta. É compreensível que não controlemos sempre o que se passa em nossas cabeças, mas manter a boca fechada não é assim tão difícil…