Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Mt 12:33
Pelo fato de eu ser espírita, ouço das pessoas os mais diversos comentários sobre as igrejas evangélicas. Alguns fazem piadas sobre o enriquecimento dos pastores, sem ponderar que meia dúzia de safados não representam milhões de pessoas que se declaram evangélicas no país.
Mas o que eu mais escuto é um certo deboche da sua fé, da sua crença cega no poder de Deus, no “entregar pra Jesus”. Eu penso bem diferente dos evangélicos em geral. Acho que Jesus não nos salva, só nos mostra o caminho. O resto fica por nossa conta. Não vou falar de diferenças de crença, que não vêm ao caso. Também nem vale a pena falar em diferenças. Melhor falar em semelhanças.
Sou testemunha de que muitas pessoas transformam as suas vidas quando se convertem, quando entram para a igreja. Pessoas que vencem vícios em drogas, álcool, sexo. Pessoas que deixam uma vida desregrada e ilegal e se transformam. Pela fé. Pelo poder do Cristo.
O Cristo está dentro de cada um de nós. O nosso Cristo interno, nossa partícula divina. Jesus desenvolveu plenamente o seu Cristo, nos deixou a receita, nos mostrou o caminho.
Quando uma pessoa, depois de fortes emoções ocasionadas pelos mais diversos erros, se rende à ideia do Cristo, mesmo que imperfeita, a transformação ocorre. E ocorre junto uma radical mudança nos costumes, nos ambientes frequentados, no modo de se portar em sociedade.
Sei, por mim mesmo, que pessoas sujeitas ao intelecto não conseguem submeter-se a essa fé. Exigem explicações, formulam hipóteses, constroem raciocínios rebuscados. Não é questão de ser melhor ou pior, são modos diferentes de ser e de pensar.
Mas não posso admitir o menosprezo com que algumas pessoas se dirigem às crenças evangélicas. Elas cumprem um papel relevante e representam um importante passo na evolução do espírito. Quando uma pessoa acha que o conselho de “entregar pra Jesus” é simplório, entendo que ela precisa de mais explicações. Precisa se debruçar sobre os livros e estudar, compreender o que se passa com ela. Mas não há nada de errado com o conselho, pelo contrário.
Quando uma situação foge ao nosso controle devemos, sim, entregá-lo a Deus ou a Jesus. Ter fé é ser fiel a Deus, e a fidelidade pressupõe confiança total…
Não há nada de simplório em entregar os problemas pra Jesus. Jesus não vai agir sobre os nossos problemas, não vai solucioná-los por nós. Mas ao nos reportarmos a Jesus nos conectamos com o seu imenso poder, com o seu imenso amor, e encontramos dentro de nós mesmos, por sintonia, forças até então despercebidas. Se não achamos a solução, achamos um pouco mais de paciência; se não chegamos à decisão difícil, aquietamos nossa mente por algum tempo.
Há espaço pra todos. Enquanto houver pessoas pensando de maneiras diferentes, existirão diferentes abordagens sobre os mesmos temas. Embora alguns desmintam isso, Deus é um só. Mais importante que a explicação do fenômeno é o seu resultado. Mais importante que saber explicar como uma semente pequenina germina e cresce e se desenvolve até virar uma árvore que dá frutos, é reconhecer que o fruto é bom, e concluir que se o fruto é bom, a árvore é boa, pois é pelos frutos que se conhece a árvore.